Jornalista que tentou registrar B.O. encontrou delegacias fechadas. Foto: Ana Luiza Machado/Cortesia
A via-crúcis da jornalista Ana Luiza Machado começou nas primeiras horas da manhã. Depois de descobrir que teve o cartão de crédito clonado e alguém fez uma compra no valor de R$ 5 mil, ela pediu o bloqueio à empresa e decidiu procurar uma delegacia para registrar um boletim de ocorrência. Foi à Delegacia de Plantão de Santo Amaro, na área central do Recife. A porta de entrada estava trancada. Logo foi avisada por um morador do bairro que "nos fins de semana, não funciona". Surpresa, seguiu até a Delegacia da Joana Bezerra. Em vão. Foi quando alguém deu uma dica: "vá à Central de Plantões da Capital, no bairro de Campo Grande". Chegou lá, a delegacia estava de portas abertas. Ana Luiza sentiu-se aliviada porque poderia, finalmente, registrar o boletim de ocorrência. Mas o suspiro de alívio durou muito pouco. Segundo ela, o único agente de polícia que poderia fazer o registro estava em horário de almoço. Eram 12h10. A jornalista deveria esperar cerca de duas horas para a volta do policial. Revoltada, desistiu e voltou para casa sem resolver o problema dela.
Ana Luiza usou as redes sociais para fazer um desabafo (
leia, abaixo, texto na íntegra). Não só em texto, mas também em imagens. Uma situação difícil e preocupante. Se até para fazer uma queixa, no fim de semana, o cidadão passa uma manhã inteira em busca de uma delegacia aberta (e, quando acha, só há moscas), como acreditar que estamos realmente seguros na capital pernambucana? Como já afirmei aqui, neste blog, não estamos diante de uma situação desconfortável, não - como definiu o governador Paulo Câmara. Estamos numa situação caótica. O problema das delegacias é só mais um exemplo disso. O relato da jornalista se baseia em uma experiência própria no fim de semana, mas, diariamente, à noite, após as 18h, várias unidades policiais estão de portas fechadas por falta de efetivo. Não é à toa que os números da violência só crescem. Resta ao cidadão tentar se proteger como pode para não entrar para as estatísticas.
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Leia, na íntegra, o relato da jornalista Ana Luiza Machado:
"Se a crítica não servir para provocar alguma reflexão, alerta ou, pensando no melhor dos mundos, numa tomada de providências; pra mim, ela perde um pouco o sentido. Neste final de semana, precisei fazer um boletim de ocorrência, cuja modalidade não cabia pela internet, e procurei uma delegacia de plantão mais próxima. Fui na delegacia de plantão de Santo Amaro e, chegando lá, encontro tudo muito bem fechado com cadeados generosos. Penso que deve ter outra entra
da... e um senhor grita: "tá fechado, moça, funciona no final de semana não!"
Como assim? A delegacia é de plantão, mas só de segunda a sexta, afinal bandido não age no final de semana então pra que abrir delegacia, né? E em Santo Amaro, logo, totalmente desnecessário... Agradeço e vou embora.
Busco pela internet alguma de plantão, de verdade, e sigo pra que fica na Siqueira Campos (não fiz foto). Fechada! A notícia dessa vez veio do flanelinha com o mesmo tom de descrédito pra segurança no nosso estado: "Não abre dia de hoje não". E eu digo: mas na fachada não está escrito plantão? E ele responde: "tá mas é mentira, sábado e domingo estamos entregues a bandidagem..." Encontro na rua um comissário e ao questionar ele dá a notícia: "só temos uma delegacia de plantão que funciona no final de semana no Recife: é lá na antiga cohab perto da Agamenon"
Fico passada com a notícia. Quer dizer que para TODO o Recife temos uma e apenas uma delegacia de plantão no final de semana, é isso??? Gostaria muito de saber se isso procede. Pq é um absurdo. Fui lá (fotos de baixo) eram 12h10 e o que encontrei foi uma mulher q estava com sua filhinha down querendo prestar queixa de alguma coisa e NINGUÉM pra atender. Sabe por que? Porque a ÚNICA pessoa que fazia o BO tinha ido almoçar e só voltava às 14h. Não é incrível??? Resultado, voltei lá às 14h, a essa altura já tinha umas 20 pessoas... depois de algumas horas e alguma cenas fortes desisti de prestar queixa, abri mão do meu direito, pq até nisso o sistema é ingrato. Tá tudo errado, minha gente. Não tá fácil não. Acho que 'vou-me embora pra passárgada...'"