Policiais militares são indiciados por assassinato de empresário em Boa Viagem

Publicado em 28/08/2017 às 7:30 | Atualizado em 28/08/2017 às 18:25
Edifício 14 Bis, em Boa Viagem, foi cenário da morte do empresário Sérgio Falcão. Foto: Guga Matos/ Arquivo JC
FOTO: Edifício 14 Bis, em Boa Viagem, foi cenário da morte do empresário Sérgio Falcão. Foto: Guga Matos/ Arquivo JC
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Edifício 14 Bis, em Boa Viagem, foi cenário da morte do empresário Sérgio Falcão. Foto: Guga Matos/ Arquivo JC Dois policiais militares reformados foram indiciados pelo homicídio qualificado do empresário da construção civil Sérgio Falcão. O caso completa cinco anos nesta segunda-feira (28) ainda cercado de dúvidas. A Polícia Civil concluiu - pela quarta vez - que a morte do milionário foi um assassinato. A investigação ainda contesta o laudo da perícia do Instituto de Criminalística, que apontou que Falcão cometeu suicídio no apartamento dele, no edifício 14 Bis, na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. O relatório, enviado para análise do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) na última sexta-feira, ainda afirma que dois homens são suspeitos de ser mandantes do crime: um parente de Sérgio Falcão e um empresário alagoano. Eles, porém, não foram indiciados por falta de provas materiais. O inquérito conta com nove volumes - um total de 1.575 páginas. Nele, a delegada Vilaneida Aguiar detalha o passo a passo dos cinco anos ininterruptos de investigação policial, com depoimentos de dezenas de pessoas ouvidas. Para a investigadora, não há dúvidas de que o empresário pernambucano foi assassinado pelo PM reformado Jailson Melo - que prestava serviço de segurança à vítima na época. Na versão da polícia, o policial foi ao apartamento de Falcão na tarde do dia 28 de agosto de 2012. Depois de encontrá-lo, os dois seguiram para o quarto da vítima. O PM então teria sacado a arma (uma pistola 380) que estava na cintura e atirou na boca de Sérgio. Depois, fugiu. Foram oito minutos entre a chegada e a saída do policial. Uma mala, que teria mais de R$ 100 mil, foi encontrada vazia. Outro detalhe, revelado pela polícia, é que Falcão tinha um revólver em casa e poderia ter usado se quisesse realmente se matar. A versão da perícia, porém, segue a linha da defesa do suspeito. A perícia apontou que não havia pólvora na roupa de Jailson Melo. Um detalhe, porém, é que as roupas só foram entregues pelo suspeito para perícia uma semana depois. Os peritos também afirmam que não havia sinais de luta corporal, mas a delegada pontuou que o piso da saleta havia sinais de que móveis foram arrastados e de solado de sapato. O policial afirma que a arma que estava na cintura dele foi puxada pelo empresário, que atirou na própria boca. Assustado, o PM teria recolhido a arma e fugido do local para não ser preso. Vale lembrar que o laudo do Instituto de Criminalística chegou a ser contestado internamente. Um dos três peritos que participou da produção dos laudos técnicos preferiu não assinar o documento final por não concordar com a conclusão. O dono da arma, o militar reformado Jadilson Melo - irmão do suspeito - também foi indiciado por homicídio. Para a delegada, Jailton agiu em "conluio" com o atirador. Eles teriam sido pagos para praticar o crime. Sérgio Falcão foi encontrado morto com um tiro na boca. Foto: Divulgação No relatório encaminhado ao MPPE, com 85 páginas, a delegada ainda afirma que a morte do empresário teve motivação financeira. A empresa Falcão Construtora estaria afundada por dívidas e trazendo prejuízos a muita gente, inclusive ao empresário alagoano que a Polícia Civil suspeita ter sido um dos mandantes do homicídio. Os detalhes do crime teriam sido planejados no Recife dias antes em reunião com a presença de todos os suspeitos. O grande impasse para o avanço das investigações ainda está na falta de provas materiais. Por acreditar que se trata de um assassinato, Vilaneida se reuniu com as chefias das polícias Civil e Científica e solicitou, há alguns meses, a revisão da perícia. Dois peritos criminais foram designados para a produção do novo laudo - mas o resultado ainda não foi entregue à polícia. Com o inquérito concluído, caberá agora ao promotor de Justiça André Rabelo, que acompanha o caso, cobrar esse resultado para então ele definir se denuncia os policiais militares por homicídio - além dos possíveis mandantes - ou se pede mais uma vez a continuação das investigações. Por fim, Rabelo pode ainda decidir concordar com a tese de suicídio - o que é improvável - e pedir o arquivamento do caso. A defesa dos policiais militares indiciados contestou o novo resultado do inquérito. Para o advogado André Fonseca, não há dúvidas de que a morte de Falcão foi um suicídio. Clique aqui e confira material especial sobre o caso LEIA TAMBÉM Caso Mirella: nova audiência terá depoimento do acusado de matar a fisioterapeuta Caso Beatriz completa mais um mês sem resposta da polícia Caso Serrambi completa 14 anos e pode ter novo júri      

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