Pai de estudante acusado de matar Betinho fala sobre laudo que inocentou o filho. Foto: TV Jornal/Reprodução
Pai de um dos acusados de assassinar o coordenador pedagógico José Bernardino da Silva Filho, o Betinho, 49 anos, o pastor Edson Dantas decidiu quebrar o silêncio. É a primeira vez que ele fala sobre o caso, após
novo laudo do Instituto de Criminalística de Pernambuco confirmar que a digital encontrada em uma das cômodas do apartamento da vítima não pertencia ao filho dele, Ademário Gomes Dantas, 22. O resultado do novo exame, que pode inocentar o estudante, foi divulgado com exclusividade pelo
Ronda JC.
As digitais encontradas na casa de Betinho, um dia após o crime, em maio de 2015, foram a principal prova apresentada pela Polícia Civil para afirmar que Ademário e outro suspeito - na época um adolescente de 17 anos - eram os responsáveis pelo crime. O primeiro laudo, produzido por peritos papiloscópicos, identificou que as digitais pertenciam aos dois acusados. A defesa dos mesmos contestou e, em audiências de instrução, solicitou uma perícia federal. Em ambos os resultados,
os peritos federais contestaram o laudo estadual e afirmaram que aquelas digitais encontradas não eram dos acusados. Posteriormente, os peritos do primeiro laudo encaminharam ofício à Justiça assumindo o erro em relação à digital de Ademário.
Em entrevista ao
Ronda JC e à TV Jornal, o pastor Edson Dantas afirmou que sempre acreditou na inocência do filho. Ele disse que, durante todo esse tempo, a família ficou muito abalada e que o próprio filho foi quem deu força aos pais nos momentos mais difíceis. Os dois processos relacionados ao crime continuam na fase judicial. Os estudantes estão em liberdade. Confira, a seguir, o que disse o pai de Ademário Dantas:
O LAUDO
"Nós esperamos que a Justiça absolva o meu filho, porque a única prova produzida pelo Instituto de Identificação Tavares Buril, depois avaliada pela Polícia Federal e pelo Instituto de Criminalística, mostrou que a digital encontrada na cômoda não pertencia ao meu filho. O IITB mandou ofício para o Ministério Público retificando o erro. Considerando o laudo da Polícia Federal, os peritos (do primeiro laudo) constataram que tinha sido, por falta de equipamento suficiente do Estado, um falso positivo. E aí reconheceram o erro. Agora, aceitar que foi um simples erro é muito difícil. Isso precisa ser investigado pela Corregedoria da SDS.
TESTEMUNHAS
Durante as audiências de instrução e julgamento, todas as testemunhas, moradores e funcionários do edifício onde Betinho morava, foram questionados pelo Ministério Público se conheciam o meu filho. Todos disseram que nunca viram ele. As câmeras do edifício também não mostram imagens do meu filho no local. Não há nenhuma prova. Foram dois anos e seis meses nesse pesadelo. Estamos indignados."
INOCÊNCIA
"Sempre ensinei aos meus filhos que nós devemos nos dirigir pela ética das consequências. Você tem que arcas com as consequências dos seus atos. Se meu filho tivesse alguma participação, eu seria o primeiro a exigir que ele sofresse os rigores da lei. Foi um choque para mim quando vi as notícias na imprensa. Para mim, para minha mulher. Muitas vezes foi meu filho que nos deu apoio. Ele dizia: 'Não se preocupem. Eu nunca estive naquele lugar. Eu não participei de crime algum'. Foi um sofrimento muito grande."
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