Para a polícia, não há dúvidas de que Sérgio Falcão foi assassinado. Foto: TV Jornal/Reprodução
A Polícia Federal de Pernambuco deve participar das investigações sobre a suspeita de evasão de divisas e lavagem de dinheiro envolvendo o caso do empresário da construção civil Sérgio Falcão, de 52 anos. O pedido foi feito pelo Ministério Público, que denunciou à Justiça, nesta sexta-feira (15),
dois policiais militares pelo homicídio que aconteceu no apartamento onde a vítima morava, no edifício 14 Bis, na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, em 28 de agosto de 2012.
"A Justiça dará andamento ao processo, mas as investigações do Ministério Público sobre o caso vão continuar com a Polícia Civil, que investiga se houve mandantes para o crime. Já o Ministério Público Federal vai apurar os crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. E poderá determinar diligências à Polícia Federal e Receita Federal", afirmou o promotor André Rabelo, responsável pela denúncia. "Mais pessoas podem vir a ser denunciadas, ao final da nova fase de investigações", completou. Por enquanto, não serão solicitadas as prisões dos acusados.
A denúncia do MPPE acontece uma semana após peritos da Polícia Científica de Pernambuco concluírem que o empresário Sérgio Falcão foi vítima de homicídio. A revisão na perícia foi solicitada pela delegada Vilaneida Aguiar, que comandou as investigações do caso ao longo dos últimos cinco anos.
O primeiro laudo apontou que, ainda em 2012, apontou o empresário cometeu suicídio, mas a polícia nunca acreditou nessa tese A família também sempre denunciou que a morte de Falcão foi um homicídio.
Leia entrevista exclusiva com a viúva do empresário.
O PM reformado Jailson Melo, que prestava serviço de segurança à vítima, foi um dos denunciados pelo Ministério Público. Na versão da polícia, o policial foi ao apartamento de Falcão e, depois de encontrá-lo, os dois seguiram para o quarto. O PM, então, teria sacado a arma (uma pistola 380) que estava na cintura e atirou na boca de Sérgio. Uma mala, que teria mais de R$ 100 mil, foi encontrada vazia. Outro detalhe, revelado pela polícia, é que Falcão tinha um revólver em casa e poderia ter usado se quisesse realmente se matar.
Jailson foi denunciado por homicídio qualificado e também pelo crime de fraude processual, por retirar uma arma calibre 380 da cena do crime e sustentar, durante a investigação, a tese de que a vítima havia se suicidado.
O dono da arma, o militar reformado Jadilson Melo - irmão do acusado - também foi denunciado por homicídio. Para a delegada Vilaneide Aguiar, Jailton agiu em "conluio" com o atirador. Eles teriam sido pagos para praticar o crime. Apesar da conclusão das investigações, os policiais militares seguem em liberdade.
NOVA INVESTIGAÇÃO
Um ofício foi encaminhado à Procuradoria da República para que seja investigada a suspeita de lavagem de dinheiro para o Exterior. Segundo o Ministério Público Estadual, a quantia de repasse de dinheiro é muito grande e pode ter relação com o crime. Caberá, portanto, à Polícia Federal investigar esse desdobramento do caso.
MOTIVAÇÃO DO CRIME
No relatório encaminhado ao MPPE, com 85 páginas, a delegada afirma que a morte do empresário teve motivação financeira. A delegada ainda cita que dois homens são suspeitos de ser mandantes: um parente de Sérgio Falcão e um empresário alagoano. Eles, porém, não foram indiciados por falta de provas materiais. Essa deve ser a linha que conduzirá a nova fase de investigação do caso.
Jailson Melo (de camisa branca) afirmou à polícia que empresário cometeu suicídio. Foto: Arquivo JC
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