Edifício 14 Bis, em Boa Viagem, foi cenário da morte do empresário Sérgio Falcão. Foto: Guga Matos/ Arquivo JC
A Justiça acatou, nessa quinta-feira (21), a
denúncia do Ministério Público de Pernambuco contra dois policiais militares acusados pelo homicídio qualificado do empresário da construção civil Sérgio Falcão, de 52 anos. O crime em agosto de 2012, no apartamento onde a vítima morava, no edifício 14 Bis, na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Os PMs respondem a processo em liberdade. Os advogados têm dez dias para apresentar a defesa dos acusados.
A decisão de aceitar a denúncia foi tomada pelo juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques, da Segunda Vara do Tribunal do Júri da Capital. O magistrado também marcou para o dia 27 de abril de 2018 a primeira audiência de instrução e julgamento do caso, quando serão ouvidas as testemunhas de acusação e defesa e também os réus. O Ministério Público solicitou ainda a ouvida de três peritos criminais que investigaram a morte de Falcão.
Em paralelo ao processo que está na Justiça, uma nova fase de investigações começou nesta semana - a pedido do promotor André Rabelo. Para ele, a morte do empresário pode ter um mandante e, por isso, foi solicitado que a delegada Vilaneida Aguiar continue as investigações à caça de outros possíveis envolvidos no crime de grande repercussão.
O promotor também solicitou ao
Ministério Público Federal que investigue a suspeita de evasão de divisas e lavagem de dinheiro envolvendo o caso. Segundo o Ministério Público Estadual, a quantia de repasse de dinheiro é muito grande e pode ter relação com o crime. "Como esse dinheiro foi para o Exterior, o caso caberá ao MPF, que dará encaminhamento ao caso podendo pedir apoio da Polícia Federal ou Receita Federal", explicou Rabelo.
DENÚNCIA
Para a polícia, não há dúvidas de que Sérgio Falcão foi assassinado. Foto: TV Jornal/Reprodução
Após mais de cinco anos, os policiais militares foram denunciados pelo MPPE. A conclusão foi encaminhada à Justiça no último dia 14, uma semana após peritos da Polícia Científica de Pernambuco concluírem que o empresário Sérgio Falcão foi vítima de homicídio. A revisão na perícia foi solicitada pela delegada Vilaneida Aguiar, que comandou as investigações do caso ao longo dos últimos cinco anos.
O primeiro laudo apontou que, ainda em 2012, apontou o empresário cometeu suicídio, mas a polícia nunca acreditou nessa tese.
Agora, a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) investiga a conduta desses peritos e se houve possível falha intencional nos laudos.
A família também sempre denunciou que a morte de Falcão foi um homicídio.
Leia entrevista exclusiva com a viúva do empresário.
O PM reformado Jailson Melo, que prestava serviço de segurança à vítima, foi um dos denunciados pelo Ministério Público. Na versão da polícia, o policial foi ao apartamento de Falcão e, depois de encontrá-lo, os dois seguiram para o quarto. O PM, então, teria sacado a arma (uma pistola 380) que estava na cintura e atirou na boca de Sérgio. Uma mala, que teria mais de R$ 100 mil, foi encontrada vazia. Outro detalhe, revelado pela polícia, é que Falcão tinha um revólver em casa e poderia ter usado se quisesse realmente se matar.
Jailson foi denunciado por homicídio qualificado e também pelo crime de fraude processual, por retirar uma arma calibre 380 da cena do crime e sustentar, durante a investigação, a tese de que a vítima havia se suicidado.
O dono da arma, o militar reformado Jadilson Melo - irmão do acusado - também foi denunciado por homicídio. Para a delegada Vilaneida Aguiar, Jailton agiu em "conluio" com o atirador. Eles teriam sido pagos para praticar o crime. Apesar da conclusão das investigações, os policiais militares seguem em liberdade.
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