Vítimas de crimes violentos são, na maioria, homens, pardos e com idades acima de 18 anos. Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Estudo da Secretaria de Defesa Social (SDS) comprova a desigualdade, principalmente racial, entre as mortes violentas registradas em Pernambuco. Em 2017, de cada 100 homicídios, 95 vítimas foram de cor parda ou negra. O perfil é bastante semelhante: são homens, com idades acima de 18 anos e que vivem na periferia. Entre as motivações, prevalece o envolvimento com a criminalidade ou conflitos na comunidade.
No ano passado, foram registrados 5.427 homicídios no Estado. Desse total, 5.017 vítimas tinham a pele parda - o que representa 92%. Somente 4% foram homens e mulheres de cor branca. Um dado curioso: 33 corpos encontrados pela polícia não tiveram a cor da pele informada. As estatísticas foram obtidas pelo
Ronda JC por meio da lei de acesso à informação.
Leia análise de especialistas sobre o assunto.
QUASE 10% DAS VÍTIMAS TEM MENOS DE 18 ANOS
O levantamento da SDS aponta ainda que quase 10% das vítimas de mortes violentas tem idade inferior a 18 anos. No total, 509 homicídios de crianças e adolescentes, de ambos os sexos, foram contabilizados em 2017 no Estado. A maioria são moradores de comunidades pobres, com idades entre 14 e 17 anos, que são cooptados para a criminalidade, principalmente para o tráfico de drogas.
Mas também foram registrados casos de vítimas de bala perdida. Entre eles, o de
Sthefanny Vitória da Silva, de apenas 2 anos. A menina foi atingida durante uma troca de tiros entre criminosos e policiais militares. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu. O caso aconteceu na UR-10, no Ibura, em Jaboatão dos Guararapes, em agosto do ano passado.
MAIS DE 300 MULHERES MORTAS
Do total de homicídios registrados, 6% foram do sexo feminino. Segundo a SDS, 316 mulheres foram mortas de forma violenta. Entre as principais motivações desse tipo de crime, estão o envolvimento na criminalidade (tráfico de drogas) e os feminicídios.
Os assassinatos da
fisioterapeuta Tássia Mirella Sena, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, e o da
estudante de pedagogia Remís Costa, na Caxangá, Zona Oeste, foram dois crimes que chocaram a sociedade em 2017 e chamaram a atenção para a necessidade de mais empenho da polícia e da Justiça e também de investimentos em políticas públicas para combater os feminicídios. Ambos os acusados seguem presos, mas ainda não foram julgados.
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