Professor do colégio Agnes foi encontrado morto dentro do apartamento onde morava, no Centro do Recife
Prestes a completar três anos, o assassinato do professor José Bernardino da Silva Filho, o Betinho, de 49 anos, continua cercado de dúvidas. Há dois meses, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) apresentou à Justiça o
pedido para que um dos acusados do crime, o estudante Ademário Dantas, seja absolvido sumariamente por falta de provas. Também solicitou que a Polícia Civil criasse uma força-tarefa e retomasse as investigações do caso. No entanto, até agora o pedido não foi acatado. E os culpados pelo crime bárbaro seguem sem punição.
Ainda em 2015, meses após o homicídio registrado no apartamento de Betinho, no Centro do Recife, a polícia indiciou dois suspeitos, ambos estudantes do colégio onde a vítima trabalhava. Isso porque uma perícia do Instituto de Identificação Tavares Buril identificou digitais dos rapazes no imóvel. Os resultados dos laudos foram contestados na Justiça pela defesa dos estudantes.
A Polícia Federal e o Instituto de Criminalística Estadual fizeram novos exames nas digitais. Descobriu-se que a digital atribuída ao Ademário, na verdade era do próprio Betinho. Por isso, o MPPE pediu a absolvição dele. A PF também afirmou que a outra digital não era do segundo suspeito.
Diante das dúvidas, a promotora de Justiça Dalva Cabral solicitou que a Polícia Civil reabrisse a investigação do caso. Nos autos do processo, ela destaca que um amigo do professor Betinho, ouvido pela polícia na época, é uma peça-chave para esclarecer o crime, porque ele conhecia a rotina da vítima e pode, inclusive, esclarecer as pessoas que tinham contato e repassavam drogas para a vítima. Constam nos autos do processo que ele sequer foi investigado, apesar de a polícia ter conhecimento de que o rapaz frequentava a residência de Betinho para fazer sexo e consumir drogas.
Desde a última segunda-feira (2), o
Ronda JC tenta insistentemente contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil de Pernambuco para esclarecer o porquê de as investigações não terem sido retomadas, mas nenhuma resposta foi dada sobre o assunto. A assessoria, inclusive, sequer soube informar se a Polícia Civil foi oficializada formalmente sobre o pedido do MPPE.
A Justiça ainda vai decidir sobre o pedido do Ministério Público para que o estudante Ademário seja absolvido. Já o processo relacionado ao outro suspeito segue sob sigilo na Vara da Infância e Juventude, pois na época do fato ele era menor de 18 anos.
O CRIME
O professor Betinho, que morava sozinho, foi encontrado morto e amarrado nos pés e no pescoço, com fios de eletrodomésticos. A perícia apontou que ele morreu devido a golpes de ferro de passar na cabeça. O crime aconteceu em 16 de maio de 2015. Supostas digitais do então adolescente foram encontradas em um ferro de passar, mas isso também está sendo contestado pela defesa. O inquérito policial foi conduzido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
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