Combate aos homicídios é principal desafio da Polícia Civil. Foto: JC Imagem/Arquivo
Se já não basta o luto, famílias de vítimas da violência em Pernambuco também convivem com o sentimento amargo da impunidade. E não é porque os autores dos crimes ainda não foram julgados. Pior: há casos em que a polícia encerra as investigações, mas não consegue ao menos apontar o nome do responsável por tirar a vida de uma pessoa e destruir a paz de seus familiares. Levantamento obtido com exclusividade pelo
Ronda JC, por meio da Lei de Acesso à Informação, revela que a Polícia Civil concluiu as investigações de 169 assassinatos registrados em 2018 no Estado, mas não apontou os autores desses crimes.
A maioria dos homicídios sem solução está no Interior de Pernambuco. São 154, no total. Municípios como Toritama (11), Taquaritinga do Norte (9), Gameleira (7) e Palmares (6) foram os que registraram maior número de casos de impunidade. Na Região Metropolitana do Recife há 15 assassinatos que vão permanecer sem solução - dois deles ocorreram na capital pernambucana, onde há maior investimento no combate à violência.
Policiais ouvidos em reserva pelo blog relatam que muitos inquéritos são prejudicados, principalmente no interior, porque falta de profissionais de plantão e também de recursos técnicos para a realização de perícia nos locais de crimes. Além disso, há locais de difícil acesso, sem câmeras, e que também não contam com testemunhas para ajudar nas pistas que levem aos autores dos homicídios.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que "para um inquérito policial ser concluído são necessários diversos fatores: ouvidas, perícias, cruzamento de informações, exames e autorizações judiciais, entre outras diligências que são realizadas para todos os casos. A polícia só conclui um inquérito de homicídio e envia à Justiça sem apontar a autoria quando estão esgotadas todas as possibilidades para a elucidação do crime. Mas, se surgir uma nova evidência, o caso pode ser reaberto". A nota disse ainda que os inquéritos remetidos sem autoria representam 7% do total das investigações de homicídios concluídas pela polícia.
INQUÉRITOS A PASSOS LENTOS
Reportagem publicada pelo
Ronda JC em março deste ano mostrou que
a Polícia Civil havia concluído 53% dos inquéritos abertos para investigar os homicídios registrados no ano passado. Dois meses depois, a taxa permanece quase inalterada. No total, 4.170 pessoas foram assassinadas. Mas só 2.378 investigações foram encerradas. As outras seguem pendentes de respostas.
Apesar disso, a Polícia Civil destacou, em nota, que "a taxa de resolução de homicídios no Estado é 6,7 vezes acima da média nacional. A taxa média das polícias civis do Brasil é de 8% na elucidação de crimes contra a vida. Enquanto isso, em Pernambuco o índice fechou, em 2018, no percentual de 53,9%".
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