'Torcidas organizadas não vão acabar por meio de canetada', diz professor da UFPE

Publicado em 12/02/2020 às 11:32 | Atualizado em 12/02/2020 às 11:33
Confusões provocadas pelas torcidas levam medo à população. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
FOTO: Confusões provocadas pelas torcidas levam medo à população. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Confusões provocadas pelas torcidas levam medo à população. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem A notícia de que o Ministério Público de Pernambuco e a Secretaria de Defesa Social (SDS) decidiram extinguir as torcidas organizadas, publicada em primeira mão pelo Ronda JC, está repercutindo no meio esportivo, nas redes sociais e também no meio acadêmico. O professor e pesquisador do Departamento de Sociologia e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas de Segurança da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), José Luiz Ratton, criticou a medida. Segundo ele, a decisão é uma forma de "criminalizar a juventude pobre e negra" na Região Metropolitana do Recife. A seguir, a análise feita pelo professor: "A piada do ano: o MP de Pernambuco resolveu extinguir as torcidas organizadas por decreto, com apoio da SDS. Mais uma vez, as instituições estatais buscam criminalizar a juventude pobre e negra na RMR. As torcidas organizadas não irão acabar por meio de canetadas. Os efeitos perversos desta proibição podem ser muito mais sérios do que imaginam os chefes do Executivo, do Judiciário e do MP. Torcida organizada é uma forma de organização da juventude dos bairros pobres e segregados das grandes cidades brasileiras e a continuidade das galeras e grupos de jovens dos bairros destas cidades, que existem há pelo menos 50 anos. A responsabilização por atos criminosos não deve ser jogada sobre estas coletividades, mas cobrada dos indivíduos que praticam crimes graves nestes contextos. A incompetência e o preconceito antipobreza é racista da polícia ostensiva, dos clubes, da Federação, do sistema de justiça criminal, do estado e da prefeitura são as causas primordiais dos eventos violentos nos dias de jogos no Brasil e no mundo. P.S. A piada adicional: 'as famílias precisam voltar aos estádios.' O estado não tem que dizer ao jovem, ou a quem quer que seja, com quem ele deve querer ir ao campo de futebol. O estado tem que garantir segurança para todas e todos de forma justa, inteligente e respeitando direitos. O resto é conversa fiada moralista." LEIA TAMBÉM: Estamos em 2020, mas muitas delegacias de PE ainda não funcionam à noite  

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