Justiça

Caso Miguel: Padre de Tamandaré será convocado para audiência como testemunha de defesa de Sarí Corte Real

No total, 16 testemunhas de acusação e defesa serão ouvidas pela Justiça em dezembro deste ano

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 05/11/2020 às 20:49 | Atualizado em 06/11/2020 às 10:39
DAY SANTOS/JC IIMAGEM
MOBILIZAÇÃO A mãe do menino, Mirtes Renata, e representantes de entidades pedirão justiça em frente à 1ª Vara - FOTO: DAY SANTOS/JC IIMAGEM

As 16 testemunhas de acusação e de defesa que serão ouvidas no próximo dia 03 de dezembro, na audiência de instrução e julgamento de Sarí Corte Real, acusada pelo abandono de incapaz com resultado morte de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, já foram definidas. Mãe e avó do menino, além de funcionários do Edifício Píer Maurício de Nassau, no bairro de São José, área central do Recife, onde o menino caiu do nono andar, estão entre as pessoas que serão ouvidas. Mas, na lista, um nome chamou a atenção: Arlindo Matos, pároco da Igreja de Tamandaré, município do Litoral Sul de Pernambuco, onde o marido de Sarí, Sérgio Hacker (PSB), é o prefeito.

>> Caso Miguel: Sérgio Hacker pede desculpas e diz que foi 'equívoco' convocar padre Arlindo como testemunha

Por telefone, o religioso disse estar surpreso com a informação. “Não fui intimado. Vou até procurar saber com o advogado o motivo de terem me chamado para ser ouvido, pois não tenho conhecimento sobre o caso”, disse o padre. Questionado pelo JC, ele confirmou que conhece Sérgio Hacker e a esposa, mas que não são amigos. “A cidade é pequena, todos se conhecem.”

Advogado de Sarí Corte Real, Pedro Avelino confirmou que o religioso é uma das oito testemunhas de defesa convocadas para a audiência. “Mas, por estratégia da defesa, não vamos comentar o porquê dele ter sido chamado para ser ouvido”, afirmou. O JC apurou que a defesa pretende demonstrar em juízo que Sarí e o marido tinham uma boa relação com Mirtes Santana, mãe de Miguel e empregada doméstica da família, presenciada até mesmo pelo religioso.

A audiência será na 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, no bairro da Boa Vista. Oito testemunhas de acusação também foram convocadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), entre elas o perito responsável pelo laudo que apontou que Miguel foi deixado sozinho no elevador e seguiu até o nono andar, onde subiu numa janela e acabou caindo, afastando a tese de que outra pessoa poderia estar na cena.

Somente após as 16 testemunhas serem ouvidas, Sarí Corte Real prestará depoimento. A ré terá o direito de ficar em silêncio. Por conta do número de pessoas a serem ouvidas, é possível que ocorra mais de uma audiência. Finalizada esta etapa, acusação e defesa vão apresentar as alegações finais. O prazo é de até dez dias a partir da notificação. Por fim, o juiz da 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital dará a sentença. Se Sarí for condenada, a pena pode chegar a 12 anos de prisão. 

RELEMBRE O CASO

Miguel Otávio morreu na tarde de 02 de junho deste ano. Na ocasião, Sarí era a responsável pela vigilância do menino, enquanto a mãe dele passeava com o cachorro da patroa.

A perícia realizada pelo Instituto de Criminalística no edifício constatou que Sarí apertou o botão da cobertura, antes de deixar a criança sozinha no elevador. Ao sair do equipamento, o menino passa por uma porta corta-fogo, que dá acesso a um corredor. No local, ele escala uma janela de 1,20 m de altura e chega a uma área onde ficam os condensadores de ar. É desse local que Miguel cai, de uma altura de 35 metros. 

Sarí Corte Real, ex-patroa da mãe de Miguel, é esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio hacker (PSB). Na época do caso, Mirtes e a avó de Miguel trabalhavam na casa do prefeito, mas recebiam como funcionárias da prefeitura. A informação foi revelada pelo Jornal do Commercio.

Após a denúncia, MPPE instaurou uma investigação, descobriu que outra empregada doméstica da família também era funcionária fantasma da prefeitura, e a Justiça determinou o bloqueio parcial dos bens de Hacker. O MPPE descobriu ainda que a mãe e a avó de Miguel ganhavam até gratificação por produtividade, mesmo sem trabalharem na prefeitura, como revelou um documento obtido pela coluna Ronda JC.

A assessoria do MPPE disse que o caso segue sob investigação e que os promotores responsáveis por enquanto não vão comentar o processo.

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NE10 - FOTO:NE10

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