Investigação

SDS afasta por 120 dias PM que trocou tiros e deixou três mortos num bar em Boa Viagem

Policial também será obrigado a devolver a identificação funcional e as armas que possui até o fim das investigações

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 28/11/2020 às 12:17
DAY SANTOS/JC IMAGEM
Confusão aconteceu neste bar, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife - FOTO: DAY SANTOS/JC IMAGEM

Após quase três meses, a Secretaria de Defesa Social (SDS) decidiu afastar das atividades o policial militar envolvido na confusão e troca de tiros que deixou três mortos e vários feridos em um bar no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. O major José Dinamérico Barbosa da Silva Filho ficará afastado por 120 dias, além de ser obrigado a devolver a identificação funcional e as armas que possui. A decisão, assinada pelo secretário Antônio de Pádua, foi publicada no Diário Oficial da sexta-feira (27).

"Após o prazo do afastamento, incluindo sua prorrogação, caso ocorra, sem que haja a conclusão do processo administrativo, fica a cargo da DGP/PMPE (Diretoria de Gestão de Pessoas da Corporação) adotar as providências para que o militar retorne às atividades meramente administrativas, restituindo-lhe os instrumentos retidos e concedendo nova carteira de identidade funcional, na qual constará restrição ao porte de arma, até decisão do mérito disciplinar", determinou o secretário. 

O major da PM trocou tiros com o policial penal Ricardo de Queiroz Costa na noite do dia 05 de setembro deste ano. Segundo testemunhas, houve uma discussão entre os dois por causa de ciúmes. O policial penal  teria achado que o major estava olhando para a mulher dele. Na troca de tiros entre eles, duas pessoas morreram no local e outra, dias depois, no hospital. Outras duas pessoas ficaram feridas. As vítimas não tinham qualquer relação com a confusão. Os acusados também se feriram.

No último dia 12, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público de Pernambuco. Os acusados viraram réus por seis crimes. De acordo com o promotor de Justiça André Rabelo, responsável pela denúncia, eles respondem por três homicídios qualificados e por três homicídios tentados. O promotor avalia que os réus, se condenados, podem pegar pelo menos 50 anos de prisão, cada um. 

Ambos permanecem em liberdade, apesar do pedido de prisão enviado à Justiça pelo MPPE. o recurso será analisado pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), mas ainda sem data. 

O recurso foi impetrado depois que os acusados tiveram o relaxamento da prisão concedido pelo juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti, da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no dia 23 de setembro.

PROCESSO ADMINISTRATIVO

A Corregedoria Geral da SDS segue investigando, no âmbito administrativo, a conduta do policial militar e do policial penal. José Dinamérico será submetido a conselho de justificação, o que pode levar a expulsão do militar da corporação, perda da farda e dos quadros do funcionalismo público. Já Ricardo de Queiroz responde a um processo administrativo disciplinar. Ao final, também pode ser demitido. 

OS MORTOS

* Cláudio Bezerra Bandeira de Melo Sobrinho, 57 anos, dono de uma oficina mecânica. Era casado e não tinha filhos. Segundo testemunhas, era cliente do bar e estava numa das mesas vizinhas ao do policial penal. Levou um tiro nas costas e foi encaminhado para o Hospital da Restauração, mas não resistiu

* Ekel de Castro Pires, 62 anos, corretor de imóveis. Era casado e tinha quatro filhos. Morava perto do bar e costumava frequentá-lo. Estava na mesma mesa que Cláudio. Morreu no local

* George Mauro de Carvalho Vasconcelos, 70 anos, passou por neurocirurgia após ter levado um tiro no rosto, perto do olho. O paciente foi transferido para UTI, onde faleceu

 

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