Justiça

Policiais que trocaram tiros e deixaram mortos em Boa Viagem viram réus por 6 crimes

Ministério Público de Pernambuco também solicitou à Justiça que o major da Polícia Militar e o policial penal sejam presos preventivamente

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 17/11/2020 às 15:49 | Atualizado em 17/11/2020 às 15:54
DAY SANTOS/JC IMAGEM
A confusão resultou em 3 mortes e cinco feridos, incluindo os envolvidos na briga - FOTO: DAY SANTOS/JC IMAGEM

O major da Polícia Militar e o policial penal envolvidos na troca de tiros que deixou três mortos em um bar no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, viraram réus por seis crimes. De acordo com o promotor de Justiça André Rabelo, responsável pela denúncia, os policiais respondem por três homicídios qualificados e por três homicídios tentados. A Primeira Vara do Júri da Capital, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) aceitou a denúncia na última quinta-feira (12).

Segundo testemunhas, a troca de tiros no bar, no dia 05 de setembro deste ano, começou após a discussão entre os acusados por causa de ciúmes. O policial penal Ricardo de Queiroz Costa teria achado que o major José Dinamérico Barbosa da Silva Filho estava olhando para a mulher dele. Na troca de tiros entre eles, duas pessoas morreram no local e outra, dias depois, no hospital. Outras duas pessoas ficaram feridas. As vítimas não tinham qualquer relação com a confusão. Os acusados também se feriram.

Eles já foram intimados sobre os seis crimes que irão responder. Agora, eles têm dez dias para apresentar resposta à acusação. Após isso, a Justiça vai definir a data da audiência de instrução e julgamento do caso, quando testemunhas de acusação e defesa serão ouvidas. "Se condenados, podem pegar pelo menos uns 50 anos de prisão", avaliou o promotor, em entrevista à coluna Ronda JC.

O major e o policial penal permanecem em liberdade, apesar do pedido de prisão enviado à Justiça pelo Ministério Público. “Entramos com recurso restrito e a 3ª Câmara Criminal do TJPE vai analisar se determina a prisão deles”, explicou Rabelo.

O recurso foi impetrado depois que os acusados tiveram o relaxamento da prisão concedido pelo juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti, da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, no dia 23 de setembro. De acordo com a decisão, as prisões preventivas seriam ilegais por "inobservância ao disposto nos Artigos 10 e 46 do Código de Processo Penal (CPP)".

PROCESSO ADMINISTRATIVO

Em paralelo, a Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) encerrou a primeira fase das investigações do tiroteio ocorrido no bar. José Dinamérico será submetido a conselho de justificação, o que pode levar a expulsão do militar da corporação, perda da farda e dos quadros do funcionalismo público. Já contra o policial penal, Ricardo de Queiroz, foi pedido pela Corregedoria a instauração de um processo administrativo disciplinar.

OS MORTOS

* Cláudio Bezerra Bandeira de Melo Sobrinho, 57 anos, dono de uma oficina mecânica. Era casado e não tinha filhos. Segundo testemunhas, era cliente do bar e estava numa das mesas vizinhas ao do policial penal. Levou um tiro nas costas e foi encaminhado para o Hospital da Restauração, mas não resistiu

* Ekel de Castro Pires, 62 anos, corretor de imóveis. Era casado e tinha quatro filhos. Morava perto do bar e costumava frequentá-lo. Estava na mesma mesa que Cláudio. Morreu no local

* George Mauro de Carvalho Vasconcelos, 70 anos, passou por neurocirurgia após ter levado um tiro no rosto, perto do olho. O paciente foi transferido para UTI, onde faleceu

 

 

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