Investigação

Fernando de Noronha é rota para tráfico de drogas na Europa, diz Polícia Federal

Segundo as investigações, embarcações do tipo veleiro passam pela ilha em direção à Europa

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Raphael Guerra

Publicado em 17/02/2021 às 6:00 | Atualizado em 17/02/2021 às 13:07
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A operação que interceptou um veleiro do tipo catamarã com 2,21 toneladas de cocaína, a 270 quilômetros do Recife, jogou luz para o combate ao tráfico internacional de drogas. A Marinha afirma que os entorpecentes seriam levados para a Europa. A Polícia Federal (PF) em Pernambuco vem investigando as rotas do tráfico para outros continentes. Há, inclusive, um forte indício de que embarcações que transportam drogas - como a cocaína - passam pelo Arquipélago de Fernando de Noronha em direção à Europa.

A informação foi confirmada à coluna Ronda JC pela superintendente regional da Polícia Federal em Pernambuco, Carla Patrícia Cintra. "O problema em Noronha não é o tráfico local, como muitos pensam. Nossa preocupação é que, geograficamente, a ilha está num local que facilita, inclusive por causa das correntes marítimas, a saída dos barcos que chegam direto na Europa. Principalmente de veleiros", disse.

"A gente supõe que as embarcações cheguem em Noronha já com a droga e partam para a Europa. Ou que recebam a droga no meio do mar ou que um avião jogue no mar essa droga", completou Carla Patrícia Cintra.

Segundo ela, já existe um posto da PF em Noronha, mas sem a estrutura adequada. "A condição de atuação do posto não é a ideal. Agora a gente está construindo um novo posto, com alojamento, com uma estrutura que vai permitir uma atuação mais perto da gente", afirmou. A meta é que a nova sede fique pronta até dezembro deste ano.

OPERAÇÃO

No veleiro Guruçá Cat, interceptado na noite do último domingo, havia cinco homens, todos brasileiros, que acabaram presos em flagrante por tráfico internacional de drogas. As 2,21 toneladas de cocaína foram encontradas escondidas em cerca de 70 sacos. O ponto de partida da embarcação, no País, ainda é desconhecido.

Divulgação/PF
Chegada ao Recife de veleiro com 2.216,5Kg de cocaína - Divulgação/PF

O veleiro, que vinha sendo monitorado desde o último sábado, foi interceptado pelo Navio Patrulheiro Oceânico Araguari, que saiu da base naval de Natal, no Rio Grande do Norte, com militares e policiais federais.

Ontem, a embarcação, escoltada, chegou ao Recife. Os suspeitos foram levados para a Superintendência da PF em Pernambuco, no Cais do Apolo, na área central do Recife, onde prestaram depoimento. Eles teriam dito que foram contratados para transportar os entorpecentes. O grupo vai passar por audiência de custódia na Justiça Federal, que vai decidir se decreta as prisões preventivas deles.

Já a droga passará por perícia e, posteriormente, será incinerada. A PF em Pernambuco ainda não se pronunciou sobre essa investigação.

Além da Marinha, a operação contou com a parceria do Centro de Análise e Operações Marítimas de Lisboa, em Portugal, o Drug Enforcement Administration, dos Estados Unidos, e o National Crime Agency, do Reino Unido.

COMBATE

Em 2020, a PF conseguiu recorde de apreensão de cocaína no Estado. Ao todo, 1.152 kg da droga. Em uma das ações, em Serra Talhada, no Sertão, foram apreendidos 502 kg de cocaína, que seriam destinados à produção de milhões de pedras de crack, segundo as investigações. Outra apreensão de destaque, de 650 kg, foi feita no aeródromo de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. A droga seria destinada à venda para usuários de classe média alta de Pernambuco e estados vizinhos.

Carla Patrícia disse que, neste ano, haverá o fortalecimento do combate às drogas em todo o Estado. "Uma das nossas diretrizes é o combate ao entorpecente. Por aqui (em Pernambuco), passa muita cocaína, que chega possivelmente por fronteiras terrestres. Aqui, geograficamente é um ponto interessante de remessa dessa droga. É uma questão urgente combater o tráfico e as organizações criminosas", declarou.

ARTES JC
TRAFICO - ARTES JC

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