Sem emprego e pagando aluguel: o drama de aprovados em concursos das polícias em Pernambuco
Governo do Estado adiou, de novo, a convocação dos aprovados para os cursos de formação
Os aprovados em concursos das polícias Civil, Militar, Científica e do Corpo de Bombeiros de Pernambuco estão, mais uma vez, frustrados. Desde janeiro, quando o governo do Estado anunciou que os cursos de formação teriam início em abril, parte dos aprovados se organizou, alugou casas no Recife e teve até aqueles que decidiram deixar os empregos em busca do sonho de ser policial. O mês de abril chegou, mas houve o adiamento, sob a justificativa do agravamento da pandemia da covid-19 no Estado. Na manhã desta quarta-feira (12), os aprovados acordaram com uma boa notícia: a convocação foi anunciada pela assessoria do Palácio do Campo das Princesas, que prometeu uma transmissão oficial pela internet às 11h. Mas, no horário marcado, os concursados foram surpreendidos com a repentina desistência do governo do Estado. E nenhuma explicação foi dada.
Pablo Victor, morador do Recife, é um dos insatisfeitos com as indefinições do governo do Estado. Na lista de espera para a próxima turma do curso de formação de soldado da Polícia Militar, ele pediu demissão do emprego, em janeiro, quando o governo do Estado prometeu o início da formação para abril. "Era auxiliar de logística. Pedi desligamento e, graças a Deus, a empresa me demitiu para eu ficar recebendo o seguro desemprego. Infelizmente, o seguro já vai para o último mês agora em junho e nada do curso. Tenho família. Uma filha de dois anos pra cuidar", lamentou.
Jonathan Silva também aguarda a convocação para o curso da PM. Morador de Gravatá, no Agreste do Estado, ele se juntou com outros quatro amigos para dividir o aluguel de uma casa no Recife. "Desde fevereiro pagamos. São R$ 600 por mês. E hoje, mais uma vez, ficamos decepcionados", disse.
Hallinsson Félix, 26 anos, morador de Caruaru, também no Agreste, vive drama semelhante. "Alugamos casa, alguns saíram dos respectivos empregos, moldamos nossas vidas para esse concurso. E sabe o que aconteceu? Nada foi cumprido. Desde fevereiro pagamos R$ 800 de aluguel (dividido para três pessoas) e não tivemos posicionamento nenhum por parte do governo do Estado. É uma falta de respeito conosco", afirmou.
O sergipano José Bonfim, outro na fila de espera pelo curso de formação da PM, também está pagando aluguel de R$ 500 por mês desde o início do ano. E segue à espera de uma resposta do governo de Pernambuco. "Vim para cá (Recife) acreditando nas primeiras promessas e já estou aqui há cinco meses. Estou gastando mais de R$ 800 por mês", contou.
ENTENDA O CASO
Poucas horas após anunciar para a imprensa, nesta quarta-feira, a convocação de 1.085 aprovados em concursos da segurança pública, o governo de Pernambuco voltou atrás da decisão.
"Não haverá anúncio da convocação dos aprovados nos concursos para segurança pública de Pernambuco. As tratativas sobre o cronograma da convocação ainda estão em andamento e serão divulgadas em breve", informou o breve comunicado da assessoria do Palácio do Campo das Princesas.
Segundo a previsão inicial, 750 aprovados no concurso da Polícia Militar começariam o curso de formação de soldados, em abril deste ano - deve durar seis meses. Também neste mês, 60 seriam convocados para curso de oficial. Já em janeiro de 2022, está prevista a convocação de mais 700 pessoas para a segunda turma de soldados.
No Corpo de Bombeiros, 100 começariam o curso de formação em abril. A duração será de sete meses. Vinte também seriam convocados para curso de oficial, com duração de 12 meses. Já em janeiro de 2022, mais 100 serão convocados para curso de formação.
Na Polícia Civil, 50 aprovados seriam convocados para formação em delegado a partir de abril. Duração do curso é de quatro meses. Em abril de 2022, mais 50 convocações.
Por fim, na Polícia Científica, seriam 50 aprovados que farão curso para médico legista. Duração de quatro meses, contados a partir de abril. E 45 pessoas farão curso para auxiliar de perito.