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Com alta na violência, Prefeitura do Recife esqueceu área da segurança. Em 2022 será diferente?

Quase 17% dos homicídios em Pernambuco, registrados entre janeiro e novembro de 2021, ocorreram na capital

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Raphael Guerra

Publicado em 03/01/2022 às 6:30
Análise
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Está mais que provado o importante papel que os municípios têm no combate à violência. Apesar de as ações de repressão e investigações ficarem a cargo das polícias Civil e Militar - sob responsabilidade dos governos estaduais - as prefeituras podem (e devem) criar programas que contribuam para diminuir os índices de criminalidade. Em 2013, no começo da gestão Geraldo Julio, a Prefeitura do Recife criou a Secretaria de Segurança Urbana e a versão municipal do Pacto pela Vida. Ações - como a criação de Centros Comunitários de Paz (Compaz) - foram desenvolvidas e, por alguns anos, houve bons resultados. Mas a pasta "travou" e a gestão não conseguiu cumprir, em oito anos, todas as promessas. E a gestão João Campos ainda não deu a atenção merecida ao assunto. Com o primeiro ano finalizado, a atual Secretaria de Segurança Cidadã não apresentou uma importante ação para diminuir a violência - que cresceu na capital ao longo de 2021. 

As estatísticas da Secretaria de Defesa Social do Estado são revelam o tamanho do problema: mesmo com a pandemia da covid-19, e menos circulação de pessoas nos primeiros meses do ano, os números da criminalidade cresceram. Foram 520 assassinatos no Recife entre janeiro e novembro de 2021 contra 513 no mesmo período de 2020. A diferença não parece tão grande, mas há de ressaltar que o município previa, no Pacto pela Vida, redução anual de 12%. Além disso, os 520 homicídios na capital representam 16,9% do total no Estado. Os números de dezembro ainda serão divulgados. 

Crescimento também nos Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPs). Nos 11 primeiros meses de 2021, foram 17.036 ocorrências contra 16.463 no mesmo período de 2020.

Thiago Lucas/ Artes SJCC
Violência no Recife - Thiago Lucas/ Artes SJCC

Muitos desses casos de CVPs, inclusive, poderiam ter sido evitados se a gestão municipal tivesse uma Guarda Municipal mais forte - mas, hoje, a corporação tem um número reduzido de profissionais e muitos pontos do Recife - inclusive turísticos - seguem sem esse importante apoio do efetivo. Basta visitar as praças e parques da capital. Com exceção dos mais populares, como 13 de Maio (Santo Amaro), Jaqueira e Dona Lindu (Boa Viagem), os equipamentos dos bairros mais periféricos praticamente não contam com a Guarda Municipal fazendo a segurança. 

Com menos de 2 mil homens e mulheres, há uma clara necessidade de concurso para contratação de mais profissionais, mas ainda não há previsão para isso. Outro assunto que vem se arrastando na atual gestão é se a Guarda Municipal será armada. Algumas cidades do Grande Recife já adotaram a medida - que nunca foi defendida pelo secretário de Segurança Cidadã, Murilo Cavalcanti. 

Uma das promessas de campanha da atual gestão era a ampliação das câmeras de videomonitoramento pelo município. Mas ainda não houve o reforço necessário. 

O fato é que a sensação que dá é que a pasta foi esquecida, de vez, na gestão João Campos. O pensamento precisa mudar porque é uma área importante e que, neste momento, precisa de investimentos para reduzir os crimes. 

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