JUSTIÇA

Caso Beatriz: Investigação sobre morte da menina, em Petrolina, finalmente é concluída

Polícia Civil indiciou o suspeito confesso do crime por homicídio qualificado

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Raphael Guerra

Publicado em 06/07/2022 às 17:15 | Atualizado em 06/07/2022 às 21:07
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Após quase seis anos e sete meses, a Polícia Civil de Pernambuco finalmente concluiu as investigações relacionadas ao assassinato brutal da menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, em Petrolina, no Sertão. O suspeito, identificado como Marcelo da Silva, de 40 anos, foi indiciado pelo crime de homicídio qualificado. Ele confessou o crime. 

A conclusão do inquérito foi remetida ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) na última segunda-feira (04). Agora, caberá aos promotores de Justiça responsáveis pela análise do caso a decisão de concordar com a conclusão da polícia e denunciar o suspeito por homicídio qualificado ou pedir mais diligências. O MPPE pode ainda decidir por mudar a tipificação penal, antes de enviar o processo à Justiça.

"Vale ressaltar que o procedimento segue sob segredo de Justiça e, por isso, não podem ainda ser fornecidos maiores dados sobre as investigações", informou, em nota, a Polícia Civil de Pernambuco.

Um detalhe é que, em janeiro, mesmo com o caso sob segredo de justiça, a Secretaria de Defesa Social (SDS) divulgou a descoberta do suspeito, inclusive com dados sobre ele, numa coletiva de imprensa. Agora, seis meses depois, usa-se o argumento do sigilo para não detalhar a conclusão da investigação. 

O fato é que, segundo a polícia, o suspeito de entrar no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora e assassinar a facadas Beatriz foi reconhecido por meio do cruzamento de DNA, a partir das amostras coletadas na faca usada no crime, que ocorreu em dezembro de 2015.

A descoberta do suspeito ocorreu duas semanas após os pais de Beatriz caminharem por 23 dias, de Petrolina até o Recife, para cobrar justiça. A caminhada, que encontrou apoiadores em todas as cidades, teve repercussão nacional e expôs a demora da polícia para solucionar o crime. 

Após o resultado ser positivo, os delegados foram ao presídio onde o suspeito cumpre pena por outros crimes e, em depoimento gravado, ele confessou ser o autor da morte de Beatriz.

Na gravação, o suspeito afirmou ter esfaqueado a criança após ela se desesperar ao vê-lo com uma faca dentro do colégio. Na ocasião, Beatriz havia se afastado dos pais para beber água.

"Ela olhou para a minha perna, eu estava sentado. Ela olhou e disse: 'você está armado aí, é uma faca'. Ela ficou com medo, se intimidou. Eu disse desse jeito: 'cala a boca, fique caladinha, não saia enquanto vou embora, fique bem quietinha'. Ela começou a gritar. Eu, descontrolado, eu não sei nem onde é que estavam acontecendo as perfurações, o quarto era todo escuro", disse o suspeito.

Para embasar ainda mais o inquérito, o Ministério Público solicitou, ainda em janeiro, mais diligências antes de decidir pela denúncia à Justiça.

Uma reprodução simulada também foi realizada. Mas o suspeito - por orientação do advogado dele - não participou da simulação. O suspeito segue preso.

Sobre a conclusão do inquérito, o MPPE informou, em nota oficial, que "irá analisar com a maior brevidade possível, devido à quantidade de material produzido na investigação, observando a necessidade de apreciar com cautela e responsabilidade todo o inquérito, para as providências legais". 

O QUE DIZ A MÃE DE BEATRIZ

Lucinha Mota, mãe de Beatriz, publicou vídeo nas redes sociais comentando a conclusão do inquérito. Ele disse ter tido acesso a todos os volumes. "Agora a gente vai aguardar o posicionamento do Ministério Público. espero sinceramente que não demore, porque estamos há mais de seis anos aguardando que a justiça seja feita. A gente espera agora celeridade", afirmou. 

RELEMBRE O CASO BEATRIZ

No dia 10 de dezembro de 2015, Beatriz Mota foi assassinada a facadas em uma sala desativada do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde estudava. Naquela noite acontecia a formatura da irmã mais velha dela.

Beatriz havia se afastado para beber água e não voltou mais. O corpo dela foi encontrado 30 minutos depois que os pais notaram a demora dela voltar para perto deles. 

Em 2017, a polícia divulgou a imagem de um suspeito que possivelmente entrou no colégio durante a festa. Uma câmera flagrou o rapaz do lado de fora, mas nenhuma imagem do lado de dentro teria registrado. 

Testemunhas contaram à polícia, na época, que o suspeito teria sido visto tentando se aproximar de outras crianças antes de chegar até Beatriz. Mas ninguém desconfiou.

 

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