VIOLÊNCIA CONTRA MULHER

Polícia aumenta apreensão de armas de fogo para diminuir feminicídios em Pernambuco

No total, 38% dos casos de feminicídio foram praticados com uso de arma de fogo no Estado em 2021

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Raphael Guerra

Publicado em 08/07/2022 às 7:00
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A morte de uma menina de 9 anos por um tiro acidental disparado pela irmã dela, em Igarassu, no Grande Recife, reforçou o perigo das armas de fogo dentro de casa. Mas o risco não é só para as crianças. Para as mulheres que sofrem algum tipo de violência doméstica também, alerta a polícia. 

Em 2021, em Pernambuco, 33 dos 86 casos de feminicídio foram praticados com uso de arma de fogo. Esse número representa 38% das ocorrências.

A Lei Maria da Penha prevê a possibilidade de apreensão da arma de fogo registrada ou que se encontre na posse do agressor.

"A presença da arma de fogo, nos casos de situação de violência doméstica, incrementa o perigo da progressão criminosa do autor. E isso poderá servir de parâmetro para a concessão de medidas protetivas de urgência. O juiz terá prazo de 48 horas para decidir e expedir as medidas que entender cabíveis", explica a delegada Mariana Villas Boas, assessora do Departamento de Polícia da Mulher.

"O Departamento de Polícia da Mulher tem empreendido ações para aumentar a apreensão de armas de fogo, por entender que essa medida é salutar na contenção da escalada da violência e na prevenção de feminicídios", pontua a delegada. 

Segundo ela, houve aumento de 450% no número de apreensões de armas de fogo pelas delegacias especializadas no atendimento à mulher em 2021 em comparação a 2020.

A Secretaria de Defesa Social (SDS) somou, entre janeiro e maio deste ano, 34 casos de feminicídio. Foram 12 mortes a menos do que no mesmo período de 2021. 

Além disso, 16.614 vítimas de violência doméstica procuraram as delegacias do Estado para denunciar seus agressores neste ano.

ARTES/JC
Números da violência - ARTES/JC

VIOLÊNCIA COM ARMA REGISTRADA

Em 18 de fevereiro de 2022, um empresário foi preso em flagrante depois de discutir e atirar duas vezes nas pernas da namorada, de 21 anos, perto de um bar no bairro de Casa Forte, na Zona Norte do Recife. Ela sobreviveu.

Na ocasião, a polícia relatou que o acusado, Carlos André Souza, 41, tinha direito à posse de arma de fogo, mas que não poderia estar portando a pistola calibre 9 milímetros - como ocorreu no momento do crime. Por lei, a arma deveria estar guardada, em segurança, na casa do casal.

O empresário acabou autuado por porte ilegal de arma de fogo e lesão corporal grave - o que foi muito questionado. Com o fim das investigações, a polícia decidiu indiciá-lo por tentativa de feminicídio. O Ministério Público, no entanto, mudou a tipificação para lesão corporal grave, além do crime de porte ilegal de arma. O acusado segue preso, ainda sem data de julgamento.

 

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