SEGURANÇA

Armas de fogo: Psicólogo diz que pais devem falar com crianças sobre os perigos desde cedo

Na última semana, uma menina de 9 anos morreu após ser atingida por um tiro disparado pela irmã, durante uma brincadeira, no Grande Recife

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Raphael Guerra

Publicado em 09/07/2022 às 9:00
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O caso da menina de 9 anos que morreu após ser atingida por um tiro disparado pela irmã de 8, durante uma brincadeira, no município de Igarassu, no Grande Recife, na última semana, expôs o perigo de tragédias semelhantes dentro de casa. Especialistas reforçam os cuidados que precisam ser tomados pelas pessoas que têm direito à posse ou porte de armas - número que cresce a cada ano graças às mudanças de regras para aquisição autorizadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

O psicólogo clínico Tiago Barreto, especialista em psicomotricidade relacional, destaca a importância de os pais conversarem, desde cedo, com os filhos sobre o perigo das armas. "Muitos pais têm uma percepção errada sobre a capacidade de julgamento e habilidade de entendimento das crianças. E acabam explicando de forma fantasiosa, alimentando o comportamento curioso. Primeiro ponto: não mentir. Falar de forma objetiva, sem fantasiar. Enfatizar o perigo das armas e mostrar que elas não são brinquedo. Além disso, não deixar de fácil acesso", pontua.

Tiago explica que, antes dos 8 anos, as crianças não conseguem distinguir a arma real de uma de brinquedo. Por isso, o cuidado maior. Depois dessa idade, elas começam a entender as consequências. "E após os 11 anos, ela já vai desenvolver a capacidade de julgamento e risco, bem como as regras de segurança. O mais importante é deixar claro para as crianças que elas não devem tocar em armas e que se encontrarem uma devem avisar ao adulto mais próximo."

No episódio em Igarassu, a arma era uma espingarda calibre 32, que pertencia ao tio da vítima. A criança foi atingida nas costas e morreu a caminho do hospital. A polícia investiga o caso.

OUTRAS RECOMENDAÇÕES SOBRE ARMAS DE FOGO

"Para as pessoas que não trabalham no campo da segurança e que não dependem da arma para trabalhar, a recomendação é que não busquem levar este artefato para dentro de casa, pois, mesmo com os cuidados de guarda, há aumento de risco para violência doméstica, acidentes - especialmente com crianças do sexo masculino, mais curiosas por armas - e suicídios", afirma o advogado Bruno Langeani, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz.

"Para os que já têm esta arma, a recomendação é que redobrem os cuidados de guarda, deixando a arma longe do alcance de pessoas não habilitadas, e em recipiente trancado, para evitar tanto o mau uso, quanto o furto ou roubo", completa Langeani.

MAIS ARMAS DE CIRCULAÇÃO

O número de armas de fogo em circulação cresceu nos últimos anos, o que preocupa especialistas em segurança e saúde. Em 2020, a Polícia Federal em Pernambuco concedeu 126 portes de armas. No ano passado, houve mais 285 deferimentos. Em relação à posse de armas (quando elas devem guardadas em casa, por exemplo), houve 7.847 registros nos últimos dois anos no Estado.

No Brasil, em 2018, havia 117.467 pessoas registradas como CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador). Em junho deste ano, já eram 673.818, segundo dados do Exército Brasileiro reunidos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

 

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