Polícia Rodoviária Federal muda orientações de abordagens às pessoas com crise mental
Documento foi editado após ação que resultou na morte de um homem dentro do porta-malas de uma viatura em Sergipe
Com informações da Agência Estado
Quase dois meses após uma ação desastrosa, que resultou na morte de um homem em Sergipe, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) editou as orientações internas que devem ser seguidas durante as abordagens às pessoas em crise de saúde mental.
O documento, criado após Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, ser morto dentro do porta-malas de uma viatura, recomenda que a aproximação seja "serena" e que a contenção física de alguém em surto seja encarada como exceção, um "último recurso".
"Os policiais rodoviários federais devem estar cientes de que a aplicação ou uso de restrições físicas pode agravar qualquer agressão que esteja sendo exibida pelo indivíduo em crise", diz a orientação, assinada em 14 de junho pelo diretor de operações da PRF, Djairlon Henrique Moura, e somente divulgada nesta terça-feira (19 de julho).
No dia 25 de maio de 2022, policiais rodoviários federais imobilizaram Genivaldo, em Umbaúba, no sul do Sergipe, e o colocaram dentro de uma viatura e lançaram gás lacrimogêneo dentro do carro.
O laudo da morte apontou asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. A vítima tinha diagnóstico de esquizofrenia e não estava armada. Deixou mulher e um filho de 7 anos.
QUAIS SÃO AS ORIENTAÇÕES DA PRF?
As orientações da PRF destacam que o diagnóstico de doenças psíquicas é complexo mesmo para profissionais da saúde. Contudo, salienta que os policiais rodoviários federais devem ser "capazes de reconhecer pessoas com perturbação mental, especialmente àquelas potencialmente violentas e/ou perigosas".
O documento foi apresentado em resposta ao pedido de informações feito pelo deputado Alexandre Padilha (PT-SP).
A diretoria da PRF também orienta que os policiais acionem o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) ou o Corpo de Bombeiros para auxiliar na abordagem de pessoas em crise de saúde mental.
O documento também pede para que os policiais criem "empatia", evitem "agitar o indivíduo" e "sejam sinceros" nos diálogos com os abordados.
Além disso, será necessário avaliar a "trajetória pessoal" de cada um para detectar se a pessoa em crise representa perigo potencial.