JULGAMENTO FLORDELIS: Testemunha relata grupo de "escravos" na casa da pastora Flordelis antes da morte de Anderson do Carmo
Flordelis foi denunciada pelo Ministério Público do Estado como a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo
Com informações do G1 e do Estadão Conteúdo
A ex-deputada federal e pastora Flordelis, 61, começou a ser julgada no Tribunal do Júri de Niterói, Rio de Janeiro, nessa segunda-feira (7). A evangélica foi denunciada pelo Ministério Público do Estado como a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo.
Em depoimento, a terceira testemunha ouvida nessa segunda-feira relatou que a casa da família era dividida entre os filhos "privilegiados" e os "escravos". A testemunha é Regiane Ramos Cupti, ex-patroa de Lucas César dos Santos, um dos 50 filhos do casal.
Segundo Regiane, Lucas andava sempre sujo e com fome e teria compartilhado com ela algumas vezes o que acontecia na casa.
“Lucas andava sujo, maltrapilho e com fome. Quando chegou na minha casa, nunca tinha usado um desodorante. Do nada, ela começou a tratar como filho porque queria arrumar alguém para matar o pastor, e depois para assumir o crime pedindo para escrever cartas assumindo a autoria da morte”, relatou.
A testemunha disse ainda que os filhos privilegiados tinham roupas, comida e não trabalhavam na casa dos pastores. Já os “escravos”, precisavam trabalhar, tinham acesso a alimento de qualidade inferior e eram maltratados por Flordelis.
A mulher afirmou que um taco de beisebol seria usado para ameaçar os filhos que não obedecessem às ordens.
Provas do crime foram queimadas, diz delegada a júri
Responsável pelas investigações do assassinato do pastor Anderson do Carmo, a delegada Bárbara Lomba afirmou em depoimento nesta segunda que provas do crime teriam sido queimadas no quintal da casa onde a família morava, em Pendotiba, Niterói.
Segundo Lomba, primeira testemunha ouvida no julgamento, os policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói, onde era lotada à época do crime, encontraram apenas cinzas no terreno da casa da família durante as buscas por pistas do assassinato.
Um dos advogados de defesa de Flordelis, Rodrigo Faucz, tentou contestar um aspecto da investigação da Polícia Civil, envolvendo as tentativas fracassadas de envenenar Anderson do Carmo. O defensor mostrou que, segundo o inquérito, a pastora fez pesquisas sobre venenos, na internet, em 2019, depois que, em 2018, o pastor fora internado em decorrência de tentativas de envenenamento.
Faucz disse que não faria sentido pesquisar sobre meios de envenenamento depois de supostamente já ter envenenado o alvo.
"Vai ver ela (Flordelis) queria envenenar mais alguém", ironizou Bárbara Lomba. Segundo ela, o fato de ter havido pesquisa posterior não invalida a acusação de envenenamento.