Das 319 vagas de unidades de terapia intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS) destinadas a casos suspeitos e confirmados de covid-19 em Pernambuco e reguladas pelo Estado, 99% estão ocupadas. O dado é da Central Estadual de Regulação Hospitalar do Estado e foi divulgado nesta segunda-feira (20), durante coletiva de imprensa online, pelo secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo. "Este número impõe uma situação crítica, pois já coloca pessoas na fila de espera (com suspeita ou confirmação de covid-19) por uma vaga em UTI." O número inclui tanto os leitos para covid-19 do Estado como também os abertos pela Prefeitura do Recife.
"Aquele passo à frente da epidemia não existe mais. Nós já estamos alinhados: epidemia e leitos. Isso é preocupante à medida em que não estamos praticando o isolamento social ideal. Então, apelamos mais uma vez à população pernambucana para reforçarmos os cuidados com higiene, etiqueta respiratória e também evitar sair de casa - e só o fazer quando for extremamente necessário", destacou André Longo.
O secretário fez um apelo para a população do Estado continuar a respeitar o isolamento social, cuja taxa está em torno de 50%, quando o ideal é de, pelo menos, 70%. Dos 2.690 casos confirmados do novo coronavírus em Pernambuco, 432 pacientes estão internados. "Desse total, 76 estão em UTI e 356 permanecem em leito de enfermaria", disse Longo. Os leitos de UTI e enfermaria também são ocupados por pacientes que estão com suspeita da doença. Por isso, a taxa de ocupação das UTIs está em 99%.
Ainda nesta segunda-feira (20), também foram confirmadas laboratorialmente 18 novas mortes. Com isso, o Estado totaliza 234 mortes pela covid-19. Além disso, o boletim aponta um total de 100 pacientes já recuperados da doença.
Desde a última semana, o Estado tem sentido a pressão que a covid-19 joga na assistência hospitalar. Em vários momentos, André Longo faz referência à possibilidade de a rede entrar em colapso, devido ao avançar da epidemia. Esse risco tem levado a gestão estadual a monitorar a ociosidade de leitos na rede privada e a contratar vagas de UTI em hospitais particulares para oferecer assistência a pacientes infectados.
“Temos obtido sucesso na contratualização de leitos (de hospitais) que nunca prestaram serviço diretamente ao SUS, o que é muito salutar”, disse o secretário, em entrevista coletiva na última sexta-feira (17). A contratualização é processo pelo qual as partes (gestor municipal/estadual do SUS e representante legal do hospital) estabelecem metas quantitativas e qualitativas de atenção à saúde e de gestão hospitalar, formalizadas por meio de convênio, contrato ou termo de ajuste. “Já estamos contratualizado com o Real Hospital Português e o São Marcos (Rede D'Or São Luiz). Em cada um, dez leitos. O Santa Joana também está com leitos para o SUS, além de outros como o Hospital Albert Sabin, que também tem mais dez vagas.”
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) também, de acordo com André Longo, está em processo de contratualização de novos leitos nas unidades do Centro de Educação Saúde Comunitário (Cesac), uma organização social mantenedora do Hospital Nossa Senhora do Ó (no Janga, município de Paulista, no Grande Recife) e Hospital e Maternidade Nossa Senhora do Ó (no Prado, Zona Oeste da capital pernambucana).
Todas essas vagas contratualizadas fazem parte do conjunto de aproximadamente 300 leitos destinados a pacientes com diagnóstico de covid-19 ou com suspeita da doença regulados pelo Estado. "O sistema público fará pagamento adequado, aos hospitais privados, de todos os leitos que forem utilizados (pelo SUS)", frisou Longo, que destacou a relação de cordialidade que tem com sindicatos dos hospitais, clínicas e laboratórios privados. “São parceiros no enfrentamento ao novo coronavírus", reforçou.
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