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"A guerra está a pleno vapor e só tende a piorar", diz médico infectologista sobre expansão da covid-19 em Pernambuco

Médico infectologista, Demetrius Montenegro ainda alerta que número de leitos tem limite e, por isso, a população não deve desrespeitar o isolamento social

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 29/04/2020 às 18:36 | Atualizado em 29/04/2020 às 20:24
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Demetrius Montenegro é chefe do setor de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

Com a aceleração da curva epidêmica da covid-19, Pernambuco sente a pressão que a doença causa no assistência hospitalar, e as autoridades de saúde alertam que os números em expansão nos mostram que estamos no período que antecedem os piores dias de epidemia. "A guerra está em pleno vapor e vai aumentar ainda mais. É uma guerra silenciosa; ninguém escuta bombas estourando. A cada cinco minutos, em casa, escuto uma sirene de ambulância. Parece um som de bombardeio. Estamos vivendo uma verdadeira guerra, e muitos não estão acreditando", relatou o médico Demetrius Montenegro, chefe do setor de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), no bairro de Santo Amaro, área central do Recife. A unidade é referência no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. 

O depoimento do infectologista foi feito durante coletiva de imprensa online, realizada nesta quarta-feira (29), para apresentar as atualizações do cenário epidemiológico da doença no Estado. Atualmente o Estado totaliza 6.194 casos confirmados de covid-19. Desse número, 4.045 casos são graves e outros 2.149 são casos leves. Além disso, Pernambuco também acumula 538 mortes causadas pelo novo coronavírus. 

Diante dos números e para dar assistência adequada aos doentes, Pernambuco corre para abrir novos leitos exclusivos voltados a casos confirmados e suspeitos da doença. A missão do Estado é evitar ser engolido pelo apogeu do novo coronavírus, previsto para a primeira quinzena de maio. "Não há número infinito de leitos", destacou Demetrius, que também reforçou a necessidade de as pessoas não relaxarem diante das medidas de isolamento social. 

Leitos de UTI

A expansão da covid-19 leva a uma disputa entre o trabalho de abertura de vagas de unidade de terapia intensiva (UTI) e a avassaladora ação do vírus. De tão veloz, ele não dá folga a um só leito desocupado. A subida da taxa de ocupação não dá trégua nem mesmo quando se abrem mais vagas. Só na terça-feira (28), quando o Estado anunciou a abertura de seis leitos de UTI no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e outros dez no Real Hospital Português (RHP), operados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a taxa de ocupação subiu um ponto percentual (ficou em 97%), em comparação com o dia anterior, com 16 vagas a menos.

O secretário Estadual de Saúde, André Longo, não fala ainda em esgotamento total, pois reconhece que a rede ainda tem capacidade para colocar mais leitos de UTI em funcionamento. Só o Hospital Nossa Senhora das Graças (antigo Alfa), em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, ainda tem como receber mais vagas. A unidade, que estava fechada desde 2018 e foi requisitada pelo governo de Pernambuco, tem 38 vagas de UTI abertas para casos suspeitos e confirmados de covid-19, entre as cem que foram anunciadas. “O momento hoje é decisivo para o nosso sistema de saúde. Estamos nos estruturando dentro do nosso limite para ampliar a capacidade do sistema. Estamos na luta para colocar todos os dias respiradores e equipes em operação para mais pessoas terem acesso a enfermaria e UTI”, destaca Longo.

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