COVID-19

Coronavírus: Em Pernambuco, novos leitos são abertos e rapidamente ocupados

Só na terça-feira (29), quando o Estado anunciou 16 novas vagas de UTI, operadas pelo SUS em dois hospitais, a taxa de ocupação subiu um ponto percentual (ficou em 97%), em comparação com o dia anterior, quando esses leitos não existiam

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 29/04/2020 às 8:58 | Atualizado em 29/04/2020 às 9:21
LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM
Novos leitos provisórios para tratamento do Coronavírus (Covid19) montados na Maternidade Barros Lima. A unidade foi apresentada pelo Secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia. - FOTO: LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM

Após superar ontem a marca de 500 mortes pela covid-19 e mais de 5,7 mil pessoas infectadas ao longo dos últimos 40 dias, Pernambuco corre para abrir novos leitos exclusivos para casos confirmados e suspeitos da doença. A missão do Estado é evitar ser engolido pelo apogeu do novo coronavírus, previsto para a primeira quinzena de maio.

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A corrida retrata uma disputa entre o trabalho de abertura de vagas de unidade de terapia intensiva (UTI) e a avassaladora ação do vírus. De tão veloz, ele não dá folga a um só leito desocupado. A subida da taxa de ocupação não dá trégua nem mesmo quando se abrem mais vagas. Só ontem, quando o Estado anunciou a abertura de seis leitos de UTI no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e outros dez no Real Hospital Português (RHP), operados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a taxa de ocupação subiu um ponto percentual (ficou em 97%), em comparação com o dia anterior, com 16 vagas a menos.

O secretário Estadual de Saúde, André Longo, não fala ainda em esgotamento total, pois reconhece que a rede ainda tem capacidade para colocar mais leitos de UTI em funcionamento. Só o Hospital Nossa Senhora das Graças (antigo Alfa), em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, ainda tem como receber mais vagas. A unidade, que estava fechada desde 2018 e foi requisitada pelo governo de Pernambuco, tem 38 vagas de UTI abertas para casos suspeitos e confirmados de covid-19, entre as cem que foram anunciadas. “O momento hoje é decisivo para o nosso sistema de saúde. Estamos nos estruturando dentro do nosso limite para ampliar a capacidade do sistema. Estamos na luta para colocar todos os dias respiradores e equipes em operação para mais pessoas terem acesso a enfermaria e UTI”, destaca Longo.

A Prefeitura do Recife e o Estado disponibilizam, em parceria, 1.132 novos leitos para o tratamento dos pacientes com sintomas da infecção pelo novo coronavírus. Desses, 677 são vagas de enfermaria e outras 455 de UTI. Elas também foram criadas em mais 12 municípios da Região Metropolitana do Recife e do interior. No Grande Recife, esses leitos estão nas cidades de Moreno, Cabo de Santo Agostinho, Paulista e Olinda. Além disso, há vagas em Palmares (Zona da Mata Sul); Caruaru e Garanhuns (Agreste); Arcoverde, Serra Talhada, Afogados da Ingazeira, Salgueiro e Petrolina (Sertão). Ainda no mês de maio, segundo o governo do Estado, os municípios de Caruaru, Serra Talhada e Petrolina receberão reforços, com a entrega de novos leitos e a inauguração de três hospitais de campanha.

A responsabilidade de abertura de leitos de enfermaria e UTI para pacientes com infecção respiratória sugestiva de infecção pelo novo coronavírus também é de responsabilidade dos municípios, especialmente dos que compõem o Grande Recife e assistem agora à escalada de casos. Muitas dessas prefeituras anunciaram projetos de implementação de vagas, mas ainda não tiraram do papel. É o caso de Jaboatão dos Guararapes, que tem 374 casos graves de covid-19, e de Paulista, com 250 registros de pacientes na mesma condição. Os 131 leitos do Centro de Triagem e Tratamento para o Coronavírus, em Jaboatão, estarão em funcionamento em maio, mas ainda não há data definida para abertura dessas vagas. A unidade, segundo a prefeitura, terá respiradores e concentradores de oxigênio, mas não será um espaço para operar com leitos de UTI. Já em Paulista, está marcada para 5 de maio a abertura de 60 leitos de enfermaria no Clube Municipal do Nobre. Não há previsão de inauguração de vagas de UTI.

Também no Grande Recife, outro município que opera no limite é Camaragibe, que colocou 14 leitos de terapia intensiva em funcionamento no Hospital Municipal Dr. Aristeu Chaves. Atualmente todos permanecem ocupados por pacientes em condição grave. Até o fim de semana, segundo a prefeitura, está prevista a operação de aproximadamente mais 20 vagas na unidade de saúde.

Já em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, a prefeitura abriu 73 leitos de enfermaria para pacientes com suspeita de covid-19 e com diagnóstico confirmado. As vagas estão no Hospital Municipal Manoel Afonso, que também tem sala vermelha para estabilização, e apenas quatro pacientes estão internados na unidade.

Em Petrolina, no Sertão, os leitos abertos pela prefeitura estão vazios. Já estão disponibilizadas oito vagas de UTI no Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco e, no momento, não há pacientes em atendimento. O investimento foi de aproximadamente R$ 1,2 milhão na aquisição de insumos hospitalares e na locação de uma central de oxigênio, exclusiva para pacientes com covid-19. Os recursos fazem parte do custeio do hospital, repassado pelo governo federal. A viabilização dos leitos de terapia intensiva foi possibilitada através da contratação de profissionais pela Prefeitura de Petrolina (quatro médicos, seis enfermeiros, seis fisioterapeutas e 20 técnicos em enfermagem).

Pernambuco totaliza 508 mortes e 5.724 casos confirmados de covid-19 (3.858 casos graves e 1.866 casos leves). Até agora, os pacientes infectados e que apresentam sintomas severos estão distribuídos por 112 municípios, além do Arquipélago de Fernando de Noronha.

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