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O que se sabe sobre as vacinas mais avançadas contra o novo coronavírus

Mundialmente a corrida está acelerada para produção de uma vacina capaz frear a escalada de infecções pelo novo coronavírus

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 12/07/2020 às 19:32 | Atualizado em 06/08/2020 às 11:32
DOUGLAS MAGNO/AFP
O objetivo da missão é encontrar a possível origem animal do SARS-CoV-2 e os seus canais de transmissão para humanos - FOTO: DOUGLAS MAGNO/AFP

Cada anúncio sobre resultados positivos de vacina contra a covid-19 nos traz um fiozinho de esperança. Afinal, sabemos que a imunização é uma das medidas mais importantes de prevenção contra doenças. Quanto mais pessoas ficam protegidas, menor é o risco de adoecimento. É por isso que mundialmente a corrida está acelerada para produção de uma vacina capaz frear a escalada de infecções pelo novo coronavírus.

Mas será que, tão logo, teremos disponível algum imunizante contra a doença? “Acreditamos que, no primeiro trimestre de 2021, já tenhamos uma vacina disponível”, responde o médico Eduardo Jorge da Fonseca Lima, integrante do Comitê de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco (Sopepe).

Em artigo publicado na quarta-feira (8), na revista científica Residência Pediátrica, da SBP, ele debate perspectivas e desafios das vacinas para a covid-19. O trabalho também é assinado pelo pediatra infectologista Renato Kfouri e pela médica Amalia Almeida, residente de pediatria do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). Juntos, eles destacam que uma vacina eficaz será crucial para controlar a pandemia e que a garantia de imunidade nos permitirá menor preocupação com o distanciamento social e todas as suas consequências socioeconômicas e emocionais.

Se o imunizante ficar pronto até o início do ano que vem, dada a velocidade das pesquisas, teremos algo inédito na história da medicina: o mais rápido desenvolvimento de vacinas. Isso será um marco, pois geralmente elas demoram cerca de 10 anos para ser liberadas.

Mas, diante dessa rápida produção, levantam-se dois pontos importantes: segurança e eficácia. É por isso que os estudos precisam ser feitos com planejamento e cautela. “Existem atualmente, no mundo, mais de 140 vacinas em desenvolvimento para o SARS-Cov-2 (novo coronavírus). Dessas, 22 já estão em fase de estudos clínicos (etapa feita com voluntários saudáveis). O Brasil, por estar com grande número de casos e possuir expertise em pesquisa clínica de vacinas, participa dos dois estudos mais avançados”, destacou Eduardo Jorge.

Ele se refere à pesquisa da Universidade de Oxford, em parceria com o laboratório AstraZeneca, da qual participarão 2 mil voluntários no Rio de Janeiro e em São Paulo, e ao estudo da vacina CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês SinoVac, em parceria no Brasil com o Instituto Butantan, com a participação de 9 mil voluntários, profissionais da área de saúde, do Rio de janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Brasília, Paraná e Rio Grande do Sul. “Esta é uma vacina que utiliza a plataforma de vacinas inativadas associada a adjuvantes (neste caso, o hidróxido de alumínio)”, acrescenta o médico, confiante na possibilidade de a CoronaVac estar disponível no primeiro trimestre do ano que vem. “Estudos de fase 2 demonstraram que ela induz anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2 em mais de 90% dos avaliados. Assim, há grande expectativa de sua eficácia, que só será demonstrada com estes estudos de fase 3 (os clínicos, em humanos).”

Por mais avançados que esses estudos estejam, são inúmeros os desafios que precisam ser vencidos para a chegada da vacina. Por enquanto, sejamos “realistas esperançosos” (como nos ensinou Ariano Suassuna) e sigamos no combate à covid-19 sem deixar de lado o isolamento social, as medidas de higiene e o uso correto das máscaras. Uma grande preocupação é que, após o licenciamento destas vacinas, seja
garantida a acessibilidade aos países com maior incidência de covid-19 e que seja utilizada prioritariamente nos indivíduos com maior risco para as formas mais graves da doença", conclui Eduardo Jorge.

Confira os casos da covid-19 em Pernambuco por município:

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