Feriado de Nossa Senhora do Carmo, no Recife, exige cuidados sanitários contra a covid-19 à população

Com atividades sociais e econômicas recentemente flexibilizadas pelo Governo de Pernambuco após desafogamento no sistema de saúde, o Recife comemora na próxima sexta-feira, 16 de julho, o dia da padroeira da cidade, Nossa Senhora do Carmo. Emendado ao final de semana, é esperado que o feriado municipal atraia milhares de pessoas a outras cidades pernambucanas e a celebrar a santa, em um cenário que exige respeito às normas sanitárias vigentes para que taxas da covid-19 no Estado não sejam novamente agravadas.

A Prefeitura do Recife recomendou nesta terça-feira (13) que a população “se conscientize do cuidado em não promover aglomerações” no feriado, apesar do avanço da vacinação contra a covid-19 na cidade e da redução na ocupação de leitos nas unidades de saúde.

Segundo a gestão, a Secretaria Executiva de Controle Urbano (Secon) irá destacar profissionais para o ordenamento do comércio informal no entorno do Pátio do Carmo. “O efetivo também vai orientar sobre possíveis aglomerações”, e “equipes farão orientação e fiscalização do comércio na orla de Boa Viagem e do Pina”, esclarece.

O trabalho de fiscalização do cumprimento do decreto estadual de restrições às atividades ,econômicas e sociais será feito em parceria entre a Prefeitura do Recife - através da Secretaria Executiva de Controle Urbano (Secon), Guarda Municipal e CTTU - e o governo do Estado, com a Polícia Militar. “O retorno gradual e seguro das atividades depende do respeito às normas de distanciamento social, uso de máscaras de proteção e higienização”, afirma a prefeitura da capital pernambucana.

O painel Covid-19 Analytics, usado pela própria Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), mostra que Pernambuco está, há 33 dias, com o “Rt” - velocidade do contágio do coronavírus - abaixo de 1, tendência que demonstra uma desaceleração e que se repete na maior parte do Brasil. Nessa segunda-feira (12), a taxa era de 0,87.

Já a média móvel de casos de covid-19 no Estado apresentou uma tendência de alta de 36% nesta terça (13) com relação a de 14 dias atrás, apontando em 1.576 casos. Com relação às mortes, Pernambuco atingiu a média móvel de 30 óbitos, apresentando uma tendência de queda de -23%. Também não há mais fila de espera em leitos de enfermaria ou de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na rede estadual, a ocupação média está em 57%, enquanto na rede privada está em 53%.

A infectologista Vera Magalhães alerta para a necessidade de prevenção no feriado pela possibilidade da chegada da variante Delta - que surgiu inicialmente na Índia e já circula por 104 países, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) - ao Estado. "O problema é que temos uma vigilância genômica deturpada. Então, o fato de não termos identificado, não quer dizer que ela já não esteja presente. Como essa variante transmite 40% mais do que a alfa, que já é 40% mais transmissível que a original, é extremamente transmissível, e a tendência é de que infecte mais pessoas", explica.

Outro fator importante para não abandonar os cuidados é o fato de a imunização estar acontecendo a passos lentos no Brasil. "O diagrama de risco não mostra melhora nem em Pernambuco, nem no Brasil, nem no mundo. Isso preocupa porque não vacinamos nossa população. Deveríamos ter vacinado 70% das pessoas para que indivíduos infectados não contaminem os demais, e não conseguimos fazer isso. Os países que melhor vacinaram estão em 60%, no máximo, como Israel e a Mongólia. O Brasil, está com 14% da população vacinada, o que é muito baixo, ainda estamos vulneráveis", explica o pesquisador Jones Albuquerque, do IRRD-PE.

Por isso, para o epidemiologista Rafael Moreira, "é importante manter as mesmas medidas individuais de controle da pandemia nesse feriado, como o uso de máscara, higienização das mãos e evitar aglomeração, haja vista que ainda falta boa parte da população ser vacinada, muitos grupos prioritários ainda estão fora do programa nacional de imunização e muitas faixas etárias ainda estão descobertas".