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Você mistura energético com bebida alcoólica? Cuidado! Entenda por que essa combinação é um perigo para o coração

Ouvimos dois especialistas que explicam o efeito da mistura de energéticos com bebida alcoólica

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Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 25/10/2021 às 18:29 | Atualizado em 25/10/2021 às 18:46
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Com a queda nos indicadores da covid-19, a vida social tem sido retomada: os encontros em bares e as festas voltam à medida em que se afrouxam as medidas restritivas. Com isso, voltou a se tornar frequente o consumo de bebidas energéticas, usadas como estimulantes para dar uma energia extra ao corpo e à mente. Esse cenário faz surgir um alerta, que vem à tona após um homem, de 39 anos, ter sido encontrado morto, no domingo (24), num motel localizado em Piedade, bairro de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Relato da esposa da vítima (que tinha hipertensão) destaca que o casal havia ingerido bebida alcoólica e energéticos antes de dar entrada no estabelecimento. Na sequência, ele passou mal.

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A ocorrência chama a atenção para uma combinação que, segundo os especialistas, trazem riscos à saúde. O uso excessivo e inadequado de energéticos, misturado com álcool, principalmente por pessoas que têm doenças crônicas, é um perigo. Apesar de não haver estudos cientificamente comprovados que relacionem a ingestão da bebida a determinadas doenças, o consumo associado a outras substâncias pode causar sérios danos à saúde. 

Neste vídeo, o médico Guilherme Kortas, pesquisador do CISA, explica sobre os riscos de combinar álcool com energético: 

A principal preocupação dos especialistas é a mistura da bebida com álcool, drogas e até medicamentos. "Isoladamente, a ingestão moderada de energéticos não faz mal. Não são duas latas que farão mal. O problema é que as pessoas têm bebido uma quantidade maior do que o adequado e consumido mais do que a média recomendada. Isso aumenta o risco quando associado ao álcool, especialmente quando a pessoa tem alguma doença cardíaca", explica o cardiologista Carlos Frederico Lopes, do Hospital Santa Joana Recife e do Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (Procape). 

O médico reforça que o álcool causa sintomas em duas principais fases: a estimulação e a sonolência. O energético aumenta os efeitos que o álcool já induziria no nosso organismo na fase da estimulação e corta a fase do sono. E mais: algumas dessas bebidas têm, segundo Carlos Frederico, substâncias que podem interagir com medicamentos e causar efeitos colaterais ainda maiores, principalmente se a pessoa já tiver predisposição a algum problema de saúde.

Mistura de álcool com bebidas energéticas? Mitos e verdades neste vídeo: 

Os sintomas do uso excessivo de energéticos associado à ingestão de bebida alcoólica vão desde complicações no sistema gastrointestinal, como diarreia e vômitos, até problemas no sistema cardíaco e nervoso. "Pessoas que usam essas bebidas de forma inadequada geralmente relatam, ao chegar a emergência hospitalar, a presença de sudorese e palpitações do coração, que geram desconforto e mal-estar. Esses são sinais de alerta, que exigem a procura de um serviço de urgência médica", frisa Carlos Frederico. 

Os efeitos do energético no sono 

Por ter cafeína como um de seus componentes principais, junto à taurina e ao inositol, o energético também pode afetar o sono. A dose média de cafeína recomendada é de 100 ml a 200 ml por dia. Assim, esse uso agudo de energéticos, que costumam ter de duas a quatro vezes mais cafeína do que o normal, pode favorecer o aparecimento de algum distúrbio no sono.

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A insônia e outros transtornos, por sinal, são outros efeitos do consumo exagerado de energético e mencionados pelo profissional de educação física e fisiologista clínico Cláudio Barnabé. "Beber energéticos em excesso pode causar insônia, ansiedade, nervosismo, dor de cabeça, arritmia e até convulsões graves - neste último caso, em pessoas predispostas a essa condição", esclarece o especialista.

Ainda de acordo com Cláudio, as bebidas energéticas são carregadas de estimulantes, como cafeína, taurina e outros estimulantes que podem favorecer o aumento da pressão arterial e o desenvolvimento de doença cardíaca. "É importante entender que o que vai causar isso é o excesso: misturar bebida energética ao álcool faz com que a pessoa sinta menos o dissabor do álcool e, dessa maneira, estimule o sistema nervoso central a ter mais efeitos excitatórios, capaz de levar até a desfechos graves de saúde", complementa Cláudio Barnabé.  

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