Quem tomou a vacina da gripe no fim de 2021 precisa se imunizar novamente? Confira
As vacinas contra gripe, usadas no Brasil, são inativadas (de vírus mortos) e, por isso, sem capacidade de causar doença
A gripe é causada por diferentes tipos de vírus influenza, sendo o A e o B os mais comuns. A influenza A é classificada em diversos subtipos: A (H1N1) e A (H3N2), responsáveis pela maioria dos casos. Já o influenza B possui duas linhagens: Victoria e Yamagata.
As vacinas contra gripe, usadas no Brasil, são inativadas (de vírus mortos) e, por isso, sem capacidade de causar doença.
Até 2014, estava disponível no País, apenas a vacina trivalente, com uma cepa A/H1N1, uma cepa A/H3N2 e uma cepa B (linhagem Yamagata ou Victoria). As vacinas quadrivalentes, licenciadas desde 2015, incluem uma segunda cepa B, contendo as duas linhagens: Victoria e Yamagata. Assim como a trivalente, elas são inativadas.
Tomar a vacina anualmente contra a gripe é fundamental por dois motivos. O primeiro é que a proteção conferida pela vacina cai progressivamente seis meses depois da aplicação. O segundo é a variação dos subtipos de influenza circulantes a cada ano. E isso explica por que, mesmo aquelas pessoas que tomaram a vacina no fim de 2021, devem receber a aplicação este ano. Como os subtipos de influenza mudam com frequência, mesmo que o efeito da vacina durasse mais tempo, ela poderia não proteger contra os vírus do ano seguinte.
A vacina que foi aplicada em 2021, por exemplo, não tinha a cepa A/Darwin/9/2021 (H3N2) na composição. A H3N2 Darwin foi a responsável por epidemias, em todo o Brasil, em 2021. Mas a vacina que foi oferecida, no último ano, ainda não protegia contra essa cepa. Já o imunizante deste ano, tanto o trivalente quanto o quadrivalente, tem Darwin na composição.
"A vacinação anual é a forma mais eficaz de proteção contra a gripe e possíveis complicações provocadas pela doença", afirma a infectologista Ana Rosa dos Santos, gerente do serviço de imunização do Grupo Sabin. Segundo a especialista, é necessário buscar imunização todos os anos porque o vírus que causa a gripe passa por mutação genética, e essas mudanças no micro-organismo que contamina o indivíduo não são reconhecidos, prejudicando significativamente a capacidade de proteção.
A infectologista lembra ainda que a gripe, como qualquer infecção viral, pode evoluir e prejudicar o funcionamento de diferentes órgãos, como pulmões, cérebro e até coração. "Apesar de a gripe ser comumente considerada uma doença passageira, ela pode causar complicações em alguns casos, como infecções bacterianas, que são as mais frequentes. Pessoas com o sistema imunológico comprometido, seja pelo uso de medicamentos, pela condição de saúde ou pela própria idade, estão mais sujeitas a contraírem infecções graves em decorrência da gripe, como a pneumonia, também evitada por vacinas", diz Ana Rosa.
Em geral, de acordo com a médica, o vírus influenza é a porta de entrada para a infecção bacteriana. "Quem se vacina protege a si mesmo e às pessoas com quem convive, principalmente os mais idosos e os imunossuprimidos."
Qual vacina é utilizada na campanha do Ministério da Saúde: a trivalente ou a quadrivalente?
A vacina utilizada, na Campanha de Vacinação contra a Gripe do Ministério da Saúde, é a trivalente, contendo uma cepa A/H1N1, uma cepa A/H3N2 e uma cepa B linhagem Victoria. A vacina quadrivalente está disponível apenas nos serviços privados de vacinação.
Qual a diferença entre a vacina trivalente e a vacina quadrivalente contra gripe?
A vacina quadrivalente tem as duas linhagens do vírus influenza B (Victoria e Yamagata), ao passo que a trivalente só tem uma. A trivalente tem boa eficácia e contempla as cepas de influenza mais prevalentes no Brasil. Quem toma a vacina tetravalente tem uma proteção a mais. Contudo, o mais importante pe que todas as pessoas dos grupos prioritários recebam a dose gripe, independentemente do tipo (tri ou tetravalente).
Em Pernambuco, a meta é imunizar pelo menos 90% para gripe (população-alvo de 3.366.854 pessoas). O Dia D de mobilização social está marcado para o dia 30 de abril. "Não podemos esquecer que vivenciamos, entre a segunda quinzena de dezembro do ano passado e a primeira quinzena de janeiro deste ano, uma forte epidemia de influenza em Pernambuco. O impacto da influenza A H3N2, provocada pela variante Darwin, foi, inclusive, pior que a variante ômicron do coronavírus em nosso Estado", afirma o secretário Estadual de Saúde, André Longo.
Para a campanha, há grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde (MS).
A mobilização ocorre em duas etapas, com datas de início e término para aplicação das vacinas.
Campanha contra gripe: tire suas dúvidas
- Nesta primeira etapa da campanha contra gripe, entre 4 de abril e 2 de maio, serão contemplados idosos com 60 anos ou mais e trabalhadores da saúde.
- Já na segunda fase, de 2 de maio a 3 de junho, poderão receber a vacina crianças de 6 meses a 4 anos, gestantes, puérperas, professores do ensino básico e superior, pessoas com comorbidades e pessoas com deficiência permanente.
- Também serão contemplados, na segunda fase contra influenza, caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso, trabalhadores portuários, profissionais das forças de segurança e salvamento e das forças armadas, funcionários do sistema prisional, população privada de liberdade e adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas. No total, são mais de 480 mil pessoas incluídas na capital pernambucana.
É importante destacar que a vacina não protege contra a infecção pelo coronavírus, mas sim contra as três cepas da influenza: H1N1, H3N2, incluindo a cepa Darwin, e tipo B. A formulação é constantemente atualizada para que a dose seja efetiva na proteção contra as novas cepas do vírus.
"O período de sazonalidade das doenças respiratórias é observado entre março e junho, mas no fim do ano passado vivemos um momento atípico, com a epidemia de influenza, e não alcançamos, no período da campanha, a cobertura vacinal desejada. Por isso, é muito importante que as pessoas dos grupos prioritários procurem as salas de vacina da capital para se proteger contra a doença e evitar complicações", destaca a secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque.
Resumão: quem se vacina contra gripe em cada etapa?
1ª etapa: 4 de abril a 2 de maio
- Trabalhadores da saúde
- Idosos com mais de 60 anos
2ª etapa: 3 de maio a 3 de junho
- Crianças de 6 meses até 4 anos
- Gestantes e puérperas
- Povos indígenas
- Professores das escolas públicas e privadas
- Pessoas com comorbidades e pessoas com deficiência permanente
- Caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso
- Trabalhadores portuários
- Profissionais das forças de segurança e salvamento e das forças armadas
- Funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade
- Adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas
E como fica a campanha de vacinação contra a covid-19?
Como as campanhas de vacinação também coincidem com a realização da vacinação contra a covid-19, a única exigência, no caso das crianças, é que seja respeitado um intervalo de 15 dias, antes ou depois, para a aplicação das vacinas no público infantil.
No caso das pessoas idosas, no momento da imunização, a recomendação é que seja verificado se há dose em atraso da covid-19. Se houver, os profissionais podem realizar a administração da vacina da covid-19 no mesmo dia da aplicação da vacina contra influenza.
"A vacinação contra o vírus da influenza é fundamental para reduzir o número de internações e complicações pela gripe, especialmente nos grupos mais vulneráveis, que são as pessoas idosas, as crianças e as gestantes. Infelizmente, no ano passado, a cobertura vacinal contra a influenza em Pernambuco ficou abaixo de 80%, propiciando um grande contingente de suscetíveis", salienta André Longo.