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Positividade para covid-19 aumenta em Pernambuco; taxa não se converte em gravidade, internações e mortes

Para pneumologista, casos se mantêm leves devido à vacinação

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Cinthya Leite

Publicado em 10/06/2022 às 20:24 | Atualizado em 14/06/2022 às 13:48
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Dados da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) apontam um aumento da taxa de positividade dos exames de covid-19 realizados nos postos estaduais de testagem. O percentual de confirmações em teste rápido de antígeno dobrou do começo de maio até a última semana epidemiológica, que compreende o período de 29 de maio a 4 de junho.

Esse aumento é de casos leves e ainda abaixo do patamar registrado no início do ano, quando houve a detecção da circulação da variante ômicron no Estado. De 1º a 7 de maio, a positividade foi de 6,6% nos centros de testagem. A taxa mais recente, de 29 de maio a 4 de junho, chegou a 13,3%. Durante a alta da ômicron, na segunda semana de janeiro, esse índice foi de 23,5% nesses postos.

As confirmações para covid-19, entre os casos de síndrome respiratória aguda grave (srag), também tiveram aumento no mesmo período, mas num grau bem menor. Saiu de 1,7% no começo do mês passado, chegou a 6,2% no período de 22 a 28 de maio e caiu para 5,3% na última semana. No auge da ômicron, essa positividade, que considera as amostras encaminhadas ao Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen/PE), foi de 19,7% na segunda semana do ano.

"Realmente temos visto mais casos leves. Há poucos graves e internados. O atendimento na emergência hospitalar aumentou, mas isso não se converteu em internamento, o que é muito bom. Nos consultórios particulares, vários pacientes procuram a gente, mas são casos leves", informa o pneumologista Isaac Secundo, do Real Hospital Português (RHP). Para ele, o fato de o aumento de casos não estar se refletindo nas internações e óbitos é decorrente da imunização contra o coronavírus. "Isso muito provavelmente se deve à vacina, que está transformando o que era uma coisa muito grave em algo mais leve."

Diferentemente do pacientes atendidos nas primeira e segunda onda de covid-19 (2020 e 2021), quem agora é infectado pelo coronavírus apresenta sintomas no trato respiratório superior (nariz, faringe, laringe ou traqueia). Os sintomas, segundo Isaac, incluem coriza, tosse seca, congestão nasal e tosse seca. "É algo como se fosse uma rinite. Isso complica bastante o diagnóstico daquele paciente com rinite que, de vez em quando, tem uma exacerbação. Então, ele está tossindo mais e nariz entupido. Para ele, aquilo é normal, mas pode ser uma infecção."

Esse ponto mencionado pelo médico também nos faz considerar é que, em meio a um aumento de pessoas com sintomas respiratórios e à estagnação da vacinação contra covid (especialmente em relação à terceira dose), há quem erroneamente opte por não fazer o teste, mesmo com quadro gripal leve. Infelizmente a falsa sensação de que a pandemia acabou tem contribuído para comportamentos desse tipo.

"Mas não vemos tanta exuberância daqueles casos de pulmão ruim. É difícil pegar uma tomografia (de paciente com covid) e ver um comprometimento pulmonar severo. Lógico que há aqueles pacientes que precisam de antibiótico e internamento, mas isso não é o mais comum mais", esclarece Isaac. O pneumologista acrescenta que os casos de agravamento são de pessoas ainda não imunizadas e daquelas que estão com esquema vacinal incompleto. "É aquele que tomou duas doses e, quando deveria tomar a terceira, perdeu a data, viajou... Hoje é muito difícil ver uma pessoa tomar as doses recomendadas e agravar."

Testagem

Com o objetivo de monitorar o atual cenário epidemiológico da covid-19, o Governo do Estado diz que tem enviado periodicamente, aos municípios pernambucanos, testes rápidos de antígeno para que as gestões locais fortaleçam as estratégias. Nos primeiros dias deste mês, a SES informa que já entregou 3,1 mil testes para cidades espalhadas por todas as regiões de Pernambuco.

"Neste momento em que percebemos um aumento da positividade da covid-19, é importante que os municípios intensifiquem a testagem, abrindo novos centros e solicitando mais testes ao Estado. É importante lembrar que as doenças respiratórias estão na sazonalidade. Então, precisamos identificar os vírus e isolar os casos positivos de covid", explica a secretária executiva de Vigilância em Saúde da SES, Patrícia Ismael.

No mês de maio, a pasta estadual enviou 2,7 mil testes aos municípios que solicitaram os insumos. A SES informa que conta com mais de 1,2 milhão de testes em estoque. "A orientação da é que a população procure os postos abertos pelos municípios, que ficam mais próximos das residências das pessoas."

Na visão de Patrícia Ismael, é necessário qualificar a vigilância epidemiológica do coronavírus na ponta da atenção à saúde. "Por isso, a Secretaria Estadual de Saúde tem abastecido frequentemente os municípios com testes rápidos de antígeno. As gestões também precisam cumprir seu papel e implementar serviços de testagem para seus munícipes, evitando que a população precise se deslocar para os grandes centros em busca de exames", complementa a gestora.

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