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TRANSPLANTES: com uma das maiores taxas de recusa familiar por doação, Pernambuco acumula 2.587 pacientes em fila por um órgão

A maior fila é por rim, com 1.453 pacientes

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 15/08/2022 às 15:49 | Atualizado em 15/08/2022 às 16:04
SÉRGIO BERNARDO/ACERVO JC IMAGEM
Negativa familiar ainda dificulta doação de órgãos em Pernambuco - FOTO: SÉRGIO BERNARDO/ACERVO JC IMAGEM
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No primeiro semestre deste ano, Pernambuco realizou 654 transplantes de órgãos e tecidos. O número é 6,2% maior que o mesmo período do ano passado, quando foram efetuados 616 transplantes.

Apesar do aumento, a negativa familiar desponta como um dos principais entraves para a efetivação dos procedimentos no Estado. O percentual chegou a 41% dos motivos da não realização dos transplantes no mesmo período (janeiro a junho deste ano). O dado é da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE). Isso significa que 66 famílias não autorizaram as doações.

Assista à live sobre o assunto: 

"Neste semestre, registramos uma das maiores taxas de negativa familiar dos últimos anos. Este é um número significativo, levando em conta que apenas um doador de órgãos pode salvar muitas vidas e beneficiar vários receptores", diz a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), Noemy Gomes. 

Ela acrescenta que é fundamental que as famílias discutam o tema em casa, que tenham acesso às informações e respeitem a decisão de quem opta, ainda em vida, ser doador depois de sua morte. "Temos como missão reforçar a necessidade de ampliar as doações no Estado, ajudando mais e mais famílias."

Transplante: mais de 2,5 mil pacientes em fila de espera por um órgão

Atualmente, 2.587 pacientes aguardam por um órgão ou tecido em Pernambuco. A maior fila é por rim (1.453), seguida de córnea (916), fígado (153), medula óssea (26), rim/pâncreas (24) e coração (15). No ano de 2021, no mesmo período, a fila de espera era de 2.269 pessoas.

O diagnóstico e a confirmação da morte encefálica são norteados por critérios rígidos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Quando um paciente é identificado com morte encefálica em uma unidade hospitalar, condição que possibilita a doação do coração, rins, pâncreas, fígado e córneas, as Organizações de Procura de Órgãos (OPO) e as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs) entram em ação para conversar com os familiares e dar informações sobre o processo de doação.

"As causas da não realização do transplante podem ocorrer por diversos fatores, inclusive médicos, como nos casos em que não se preenchem os critérios necessários para a doação. Por exemplo, quando os pacientes apresentavam algum tipo de doença sorológica, infecções virais sistêmicas, entre outros. No entanto, para além desses fatores, que já excluem parte das possíveis doações, temos ainda a negativa das famílias", explica Noemy.

Medula óssea 

Entre janeiro e junho de 2022, Pernambuco realizou 144 transplantes de medula óssea, 29,7% a mais que o mesmo período do ano passado (111) e 306 transplantes de córnea, - 1% a menos que no período anterior (309).

A Central de Transplantes de Pernambuco ainda lembra que, em vida, é possível ser doador de medula óssea. Basta ir ao Hemope e se cadastrar no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Para doar, é preciso ter entre 18 e 35 anos e levar RG e CPF.

Além de uma palestra informativa sobre a doação de medula óssea, é feita a coleta de uma amostra de sangue do possível doador para os testes de compatibilidade. Uma vez no banco de dados, o possível doador pode ajudar alguém em qualquer lugar do Brasil e também do mundo.

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