DOENÇA MENINGOCÓCIA

MENINGITE: Pernambuco confirma oito casos da doença, responsável por surto em São Paulo

Entre as principais causas do aumento de casos de meningite, está a baixa cobertura vacinal

Cinthya Leite
Cadastrado por
Cinthya Leite
Publicado em 05/10/2022 às 17:36 | Atualizado em 07/10/2022 às 10:30
GEOVANA ALBUQUERQUE/AGÊNCIA SAÚDE DF
BAIXA ADESÃO Apenas 52,1% dos menores de 1 ano de idade, no Estado, foram imunizados este ano contra o meningococo tipo C, a bactéria que é prevalente no Brasil - FOTO: GEOVANA ALBUQUERQUE/AGÊNCIA SAÚDE DF
Leitura:

Caracterizada pela inflamação das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, a meningite pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, fungos, vírus e protozoários.

A doença merece atenção especial neste momento em que um surto de meningite assusta a cidade de São Paulo. De janeiro a setembro, a capital paulista teve 56 casos confirmados e 9 mortes.

Em Pernambuco, neste ano, já foram notificados 14 casos de doença meningocócica. Desse total, 8 foram confirmados, três descartados e outros três permanecem em investigação. Em relação aos óbitos por meningite em Pernambuco, não houve registro de morte até o momento este ano. 

No Estado, a baixa cobertura vacinal traz preocupações, especialmente neste cenário de aumento de casos em São Paulo e demais cidades do Brasil.

Em Pernambuco, apenas 52,1% dos menores de 1 ano foram vacinados este ano contra o meningococo tipo C, a bactéria prevalente no País.  

A meta de vacinação, preconizada pelo Ministério da Saúde (MS) e pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), é de 95%. Ou seja, Pernambuco está bem abaixo do ideal para prevenção da doença

Atualmente, existem vacinas para a prevenção dos cinco sorogrupos de meningite mais comuns no Brasil: A, B, C, W e Y

MENINGITE: o que leva uma pessoa a ter meningite?

A principal forma de prevenção da doença é através da vacinação, disponível tanto na rede pública quanto na rede privada de saúde.

Mesmo com vacinas disponíveis, a infectologista Lessandra Michelin, gerente médica de vacinas da GSK, alerta sobre o aumento de casos de meningite e de outras doenças infecciosas, nos últimos anos no País, como reflexo das baixas coberturas vacinais

MENINGITE: VACINA É APLICADA EM QUE IDADE? 

Nos postos de saúde, são aplicadas gratuitamente vacinas contra o meningococo C em bebês, com doses aos 3 e 5 meses de idade, e um reforço aos 12 meses, que pode ser aplicado em crianças menores de 5 anos de idade. 

No Sistema Único de Saúde (SUS), também está disponível a vacina ACWY, oferecida em dose única para adolescentes entre 11 e 12 anos de idade. 

Até junho de 2023, adolescentes de 13 e 14 anos de idade também poderão se vacinar gratuitamente. A ampliação tem como objetivo reduzir o número de pessoas com a bactéria em nasofaringe. 

VACINA MENINGITE B

Já o sorogrupo B é prevenido por vacinação disponível somente na rede particular para a faixa etária de 2 meses a 50 anos.

Em bebês, a recomendação preferencial é de doses aos 3 e 5 meses, e mais uma dose de reforço entre 12 e 15 meses.

Crianças acima dos 24 meses seguirão o esquema de 2 doses com intervalo de 1 mês.

VACINA MENINGITE ACWY

As clínicas privadas ainda oferecem a vacina ACWY. Também com início aos 3 meses de vida e podendo ser aplicada no mesmo momento da B, as clínicas privadas oferecem a vacina ACWY, com uma dose complementar entre 5 e 6 anos, e outra aos 11 anos. 

MENINGITE BACTERIANA: como se pega?

Em geral, a meningite bacteriana é considerada a mais grave. Entre elas, destaca-se a meningite meningocócica, causada pela bactéria Neisseria meningitidis (ou meningococo). 

Transmitida por secreções respiratórias ou gotículas através de tosse, espirro ou beijo de uma pessoa contaminada, a meningite meningocócica tem evolução rápida e uma alta letalidade.

A doença pode levar ao óbito em 20% a 30% dos casos.

MENINGITE MENINGOCÓCICA: sequelas

Além disso, a meningite meningocócica pode gerar sequelas graves, como perda de visão e audição, danos neurológicos e amputação de membros.  

Mesmo sendo mais comum em bebês no primeiro ano de vida, crianças pequenas e adolescentes, a meningite meningocócica pode acometer todas as faixas etárias.

MENINGITE: SINTOMAS

Saber identificar os primeiros sintomas e começar o tratamento adequado o mais rápido possível são passos determinantes para a sobrevivência ou redução de sequelas no paciente, segundo explica a infectologista Lessandra Michelin

"O grande desafio da doença é o diagnóstico precoce. Por isso, é muito importante que as pessoas conheçam e estejam atentas aos primeiros sinais, que muitas vezes se confundem com os de outras doenças infecciosas, como febre, irritabilidade, dor de cabeça, náusea e vômito", diz a médica. 

A infectologista acrescenta que, na sequência, a pessoa infectada pode apresentar pequenas manchas arroxeadas na pele, rigidez na nuca e sensibilidade à luz.

A especialista ainda destaca outros sinais importantes em crianças menores. "Choro inconsolável, fontanela abaulada (também conhecida como moleira alta), resistência em se alimentar, sonolência ou irritabilidade intensa também podem ser percebidos."

Se o problema não for rapidamente tratado, segundo Lessandra, o quadro pode evoluir para confusão mental, convulsão, choque, infecção generalizada, falência múltipla de órgãos e risco de óbito.  

Apesar de todos esses riscos, a meningite meningocócica tem cura e prevenção. Se for diagnosticada rapidamente e o tratamento adequado for iniciado, o paciente pode se recuperar completamente.


Comentários

Últimas notícias