DESASSITÊNCIA

HOSPITAL DE CÂNCER DE PERNAMBUCO vive CAOS com salas interditadas, dívida milionária com médicos e atendimento prejudicado, denuncia SIMEPE

Denúncia foi feita pelo Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe)

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 13/01/2023 às 12:20 | Atualizado em 13/01/2023 às 13:46
FILIPE JORDÃO/ACERVO JC IMAGEM
Segundo o Simepe, ao longo dos últimos anos, o HCP subtraiu 16% do salário dos médicos, sem sequer uma justificativa legal - FOTO: FILIPE JORDÃO/ACERVO JC IMAGEM

Nesta sexta-feira (13), o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) denuncia o caos vivido no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), em Santo Amaro, área central do Recife. 

Segundo publicou o Simepe em redes sociais, o hospital subtraiu 16% do salário dos médicos, sem sequer uma justificativa legal, ao longo dos últimos anos. 

"O Simepe recebeu o relato dos profissionais do Hospital de Câncer de Pernambuco com indignação e vem a público cobrar justificativas."

Na publicação, o sindicato destacou: "Dívida do HCP com profissionais médicos é de cerca de 12 milhões (de reais) em valores não corrigidos"

Em entrevista à jornalista Cinthya Leite, titular desta coluna Saúde e Bem-Estar, do JC, o presidente do Simepe, Walber Steffano, informou que o HCP está passando por um momento crítico em que deixa de oferecer assistência adequada à população, além de não pagar um percentual de incentivo aos médicos, o que é garantido por lei. 

"Existe uma lei para dar incentivo a médicos que realizam as cirurgias de alta complexidade. Para algumas cirurgias, os médicos devem receber um incentivo de 20%. Por exemplo, se o valor da cirurgia é de R$ 100, eles recebem R$ 120", disse Walber. 

Ele destacou que esse tipo de cirurgia representa um total de 75% das cirurgias oncológicas. "No HCP, esses honorários (20%) não estão sendo pagos aos médicos. Fizemos um levantamento com todos os médicos cirurgiões e, há mais de sete anos, eles estão perdendo 20% do salário", denuncia. 

O presidente do Simepe acrescenta que entrou com uma ação judicial depois de tentativas infrutíferas de negociação com o HCP. 

"O Hospital de Câncer de Pernambuco nos informou que termina o mês com uma dívida de R$ 1.800.000. Isso só pode acarretar em desassistência à população. Faltam medicações, há exames suspensos, o ar-condicionado não funciona no ambiente de quimioterapia e quatro salas do bloco cirúrgico estão interditadas."

Ainda de acordo com Simepe, os médicos das unidades de terapia intensiva (UTI) do HCP alegam que, se a situação assim continuar, não têm mais condições de trabalhar no hospital a partir do próximo mês. "Eles dão suporte a paciente de 30 leitos de UTI adulto."

O Simepe diz que se reuniu, na quinta-feira (12), o com a secretária de Saúde de Pernambuco, Zilda Cavalcanti, para debater e buscar soluções para melhorar a assistência à saúde no Hospital de Câncer de Pernambuco. 

A reportagem do JC entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) para saber o que ficou decidido durante a reunião e aguarda um retorno. 

"O HCP é o maior hospital da rede SUS (Sistema Único de Saúde) voltado para atendimento oncológico de alta complexidade, e todos os esforços têm que ser feitos para garantir sua funcionalidade e continuidade de seus serviços para o benefício da sociedade pernambucana", diz nota assinada, em conjunto, pelo Simepe e Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (Cremepe).

O Simepe também acrescenta que os médicos do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) são peças fundamentais na luta contra o câncer. "São eles que, mesmo com estrutura muitas vezes precária, não baixam a guarda e agem como verdadeiros heróis para salvar os pacientes. Um exemplo disso é que, recentemente, faltou energia e o gerador não funcionou, causando a suspensão de algumas cirurgias. É uma luta constante para conseguir fazer o trabalho da melhor maneira e não prejudicar quem tanto precisa de cuidados médicos."

A reportagem do JC entrou em contato com a assessoria de comunicação do Hospital de Câncer de Pernambuco para receber esclarecimentos sobre a denúncia das entidades médicas. 

Veja abaixo a íntegra da nota do HCP: 

"Em resposta ao Jornal do Commercio, o Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) esclarece que:

A instituição conta com geradores de emergência nas áreas consideradas críticas, como urgência, UTIs e Centro Cirúrgico, acionados automaticamente em caso de falta de suprimento de energia. Todos os equipamentos têm autonomia de combustível para funcionamento sem a necessidade de interrupção por abastecimento, o que não prejudica a conclusão dos procedimentos cirúrgicos em andamento. Em caso de atraso ou prazo prolongado para o reestabelecimento de energia por parte da concessionária, é decisão dos cirurgiões iniciar, ou não, novas cirurgias, tendo em vista a alta complexidade.

Sobre as remunerações do corpo médico, o HCP cumpre legalmente todas as obrigações trabalhistas e quanto ao pleito dos profissionais de aumento da remuneração variável, reforça que vinha tentando incansavelmente manter um diálogo com os profissionais e o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (SIMEPE) para solucionar as demandas apresentadas, mas foi surpreendido pela decisão unilateral do Sindicato em judicializar a questão. Por esse motivo, a instituição aguarda os encontros legais para posicionar-se sobre os fatos.

O Hospital de Câncer de Pernambuco reconhece a importância de todos os profissionais que atuam na instituição e empenha-se na busca constante para continuar oferecendo as melhores condições de trabalho e tratamento oncológico aos que tanto precisam dos nossos serviços."

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