Doença ginecológica e inflamatória frequente, que atinge mulheres no período reprodutivo e até na fase pós-menopausa, a endometriose pode impactar a qualidade de vida, a rotina pessoal e profissional.
O problema, que pode ser grave, ocorre quando o tecido que reveste o útero (conhecido como endométrio) se expande fora dele, chegando a lugares onde não deveria crescer, como os ovários e a cavidade abdominal.
Neste mês, marcado pela mobilização nacional Março Amarelo, especialistas fazem um trabalho de conscientização sobre a endometriose.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a doença afeta uma a cada dez mulheres entre 25 e 35 anos.
A ginecologista Márcia Mendonça Carneiro, secretária da Comissão Nacional Especializada em Endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), destaca que a doença também pode atingir a bexiga e até os pulmões.
QUAIS OS PRIMEIROS SINAIS DE ENDOMETRIOSE?
Segundo a ginecologista Márcia Mendonça Carneiro, em até 20% das mulheres, a endometriose pode ser silenciosa.
Os principais sintomas iniciais da doença são dores pélvicas relacionadas ao ciclo menstrual, dores durante o ato sexual, ao evacuar ou urinar.
COMO É A DOR DE QUEM TEM ENDOMETRIOSE?
Ainda sobre os sintomas, a dor da endometriose pode apresentar piora durante o período menstrual e é uma alerta para a possibilidade de endometriose.
"Ao longo da vida, a endometriose pode comprometer o enfrentamento a esses desafios diários, resultando em limitações para alcançar objetivos de vida, como concluir os estudos, avançar na vida profissional", salienta Márcia.
"Além disso, a doença pode interferir no desenvolvimento de relacionamentos estáveis e gratificantes ou afetar as chances de gravidez e formação de um família, o que, em suma, acaba alterando profundamente a trajetória de vida de uma pessoa."
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COMO SABER SE TENHO ENDOMETRIOSE?
Entre os principais obstáculos da endometriose, está a busca pelo diagnóstico, que geralmente leva anos.
"A endometriose é uma doença crônica inflamatória que traz muitas dúvidas para as pacientes. Portanto, a busca de informações é constante, e a falta de assistência, principalmente da rede pública, é muito grande", diz o ginecologista e cirurgião Neidson Menezes, que é diretor médico do Centro de Endometriose e Histeroscopia de Pernambuco (CEHP).
"É importante fazer um diagnóstico o mais breve possível para que se viabilize o tratamento. O objetivo é detectar prováveis pacientes com endometriose e, dessa maneira, viabilizar um diagnóstico junto ao serviço público de saúde", informa Neidson Menezes.
ENDOMETRIOSE TEM CURA?
Quanto ao tratamento da endometriose, os principais objetivos são o alívio da dor, a obtenção de gravidez para as mulheres que desejam engravidar e a prevenção do retorno da doença.
O tratamento pode incluir o uso de medicamentos, a realização de cirurgias ou a combinação de ambos.
"É importante ressaltar que a doença não tem cura e que a recidiva (retorno) ocorre quando interrompido o tratamento", explica Márcia Mendonça Carneiro.
QUEM TEM ENDOMETRIOSE PODE ENGRAVIDAR?
A ginecologista ainda ressalta que a cirurgia, caso indicada, deve ser minimamente invasiva, ou seja, deve preservar útero e ovários, principalmente para as mulheres que desejam engravidar, já que a maioria está em idade reprodutiva. O objetivo da cirurgia é remover todos os focos visíveis ou palpáveis de endometriose em uma única cirurgia.
"A cirurgia melhora a dor, a qualidade de vida e a fertilidade da mulher", diz Márcia.
Ainda é importante ressaltar que, para as mulheres que não planejam gravidez no futuro próximo ou tem cistos ovarianos (endometrioma), a preservação da fertilidade através do congelamento de óvulos deve ser considerada.
Ainda sobre o tratamento, as opções incluem a suspensão da menstruação através do uso de medicação hormonal, como a pílula combinada ou de progesterona, implante hormonal ou DIU (dispositivo intrauterino) medicado e a remoção cirúrgica de lesões.
“Apesar de seguro, o tratamento hormonal não funciona adequadamente ou não é tolerado por até 30% das mulheres, além de oferecer efeitos colaterais comuns, como sangramento irregular, dores de cabeça e alterações de libido”, pontua Márcia.
ENDOMETRIOSE PREVENÇÃO
Sobre a prevenção da endometriose, a ginecologista Márcia Mendonça Carneiro comenta que não há meios eficazes de evitá-la.
Alguns estudos sugerem que a prática de exercícios físicos e uma dieta equilibrada com alimentos ricos em ômega-3, com efeito anti-inflamatório e vitamina D, além do consumo de frutas e verduras preferencialmente orgânicas, parecem exercer efeito protetor, com redução no risco de desenvolvimento da endometriose.
"Quanto aos fatores de risco para a doença, estão o histórico familiar, a ocorrência de ciclos menstruais
com fluxo aumentado e a exposição a substâncias como os disruptores endócrinos presentes no meio
ambiente, como plásticos e maquiagem."
O QUE PODE PIORAR A ENDOMETRIOSE?
Além disso, segundo a ginecologista, a ingestão de alimentos em grandes quantidades podem piorar os sintomas, assim como alimentos ricos em gordura trans, industrializados e carne vermelha.
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