INFECÇÃO SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL

O QUE É HTLV? Tudo sobre o vírus 'PRIMO DO HIV' que causa doença neurológica degenerativa grave

No Brasil, há cerca de 2,5 milhões de pessoas infectadas pelo HTLV

Imagem do autor
Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 23/03/2023 às 12:12 | Atualizado em 23/03/2023 às 12:13
Notícia
X

Neste Dia Nacional de Enfrentamento ao HTLV (23/03), vamos abordar pontos importantes sobre um vírus que ataca células de defesa (linfócitos T) do nosso organismo

O HTLV, ainda desconhecido por muitos profissionais e gestores de saúde, não tem uma testagem que costuma ser feita como rotina nacional de controle da transmissão ou no atendimento de casos suspeitos. 

Quem é diagnosticado com o vírus HTLV se vê diante da possibilidade de evoluir para formas graves dessa infecção.

No Brasil, há cerca de 2,5 milhões de pessoas infectadas pelo HTLV, o que coloca o País em primeiro lugar do ranking mundial, com o maior número de casos.

O volume de pessoas infectadas pelo HTLV no Brasil, apesar de alto, pode estar subnotificado.

Afinal, a descoberta do HTLV ocorre, na maioria das vezes, no ato de doar sangue.

QUAIS OS SINTOMAS DO VÍRUS HTLV?

Pacientes com HTLV têm a chance de serem assintomáticos (não apresentar sintomas) ou manifestar sintomas articulares, dermatológicos, intestinais, oculares, pulmonares e do trato urinário (bexiga neurogênica - geralmente causa um quadro de incontinência urinária, em que o paciente não consegue mais controlar a urina). 

O QUE O VÍRUS HTLV PODE CAUSAR?

De 5% a 10% podem desenvolver mielopatia associada ao HTLV.

É uma doença neurológica degenerativa da medula espinhal, que pode levar os indivíduos a ficarem em cadeira de rodas ou à leucemia de células T, um câncer agressivo que pode ser fatal.

HTLV: VEJA VÍDEO ABAIXO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

O QUE É DOENÇA DE HTLV? 

Descoberto em 1980, antes da emergência do HIV/Aids, o HTLV é conhecido como “primo” do HIV.

O HTLV pode ser transmitido da mãe para o filho, principalmente através do aleitamento, pela relação sexual desprotegida (sem uso de camisinha) ou por meio do compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas.

"O HTLV ainda não recebe a atenção que precisaria ter do sistema de saúde público e particular, o que se reflete, por exemplo, na sua não inclusão nas campanhas nacionais voltadas para as infecções sexualmente transmissíveis (IST) e de triagem pré-natal", explica a pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Clarice Morais, que estuda o HTLV.  

Como a transmissão vertical (mãe/filho), especialmente pela amamentação, é considerada a principal forma de contágio, um Grupo de Cooperação Técnica Interestadual do NE foi formado no final de 2022, visando estabelecer uma linha de cuidado com as gestantes para prevenção do HTLV.

A parceria inclui as Secretarias Estaduais de Saúde da Bahia, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande Norte, ao lado de pesquisadoras das unidades da Fiocruz Pernambuco, incluindo Clarice Morais, e da Fiocruz Bahia.  

A implantação da linha de cuidado da transmissão vertical do HTLV será embasada pela experiência exitosa adotada na Bahia e se pretende expandir para os demais Estados brasileiros.

O grupo prepara também capacitações e cursos no formato de ensino a distância para profissionais e gestores de saúde conhecerem sobre o HTLV e suas doenças associadas, diagnóstico, prevenção, acolhimento, aconselhamento e atendimento de saúde em multiespecialidades

O QUE É HTLV TEM CURA?

"As ações de prevenção são urgentes e representam, no momento, o melhor remédio, uma vez que ainda não existe vacina nem medicamento específico para tratar o HTLV", ressalta a pesquisadora Clarice.

Ao ser diagnosticada com o vírus HTLV, a pessoa passa a conviver com ele e pode apresentar complicações. O HTLV não tem cura. Esse quadro exige atuação multidisciplinar e administração de medicamentos para alívio dos sintomas.

É recomendada a avaliação pelo fisioterapeuta, na busca de reabilitar comprometimentos funcionais, e o apoio do psicólogo, inclusive para os assintomáticos.

Com a diminuição da qualidade de vida, a prevalência de depressão entre as pessoas que vivem com o HTLV é estimada em 35%. 

Para contribuir na difusão do conhecimento sobre o vírus, assim como esclarecer e educar sobre o assunto, a equipe de pesquisadores da Fiocruz Pernambuco criou o perfil @HTLVBrasil no Instagram.

Na página, o conhecimento sobre o vírus e doenças associadas é abordado de forma segura e descomplicada, a fim de abranger não só profissionais de saúde, mas a sociedade civil e as pessoas infectadas pelo HTLV.

"O alcance da divulgação pelo canal tem chegado a outros Estados brasileiros e frequentemente esclarecemos dúvidas das PVHTLV (pessoas vivendo com o HTLV) e suas famílias, que nos procuram em busca de apoio psicológico, aconselhamento e direcionamento para atendimento especializado", diz Clarice. 

Ao lado da iniciativa da Fiocruz Pernambuco, outros canais do Instagram vêm se destacando na divulgação sobre o vírus HLTV e seu enfrentamento, como o @HTLVChannel e o @HTLVida, canal da OSC sediada na Bahia, a Associação de Apoio aos Portadores do Vírus. 

Tags

Autor