DIA MUNDIAL SEM TABACO

CIGARRO ELETRÔNICO VAPE: os perigos do VAPE que precisamos conhecer; veja o que diz oncologista

Tanto os cigarros eletrônicos como os convencionais de tabaco apresentam riscos para a saúde

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 30/05/2023 às 17:30 | Atualizado em 30/05/2023 às 18:08
FREEPIK/BANCO DE IMAGENS
Uso de vapes pode aumentar o risco de doenças cardíacas e distúrbios pulmonares - FOTO: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

O Dia Mundial sem Tabaco (31 de maio) desponta com um alerta sobre dispositivos como o cigarro eletrônico (dispositivo também chamado de vape e de e-cigarretes), que são tão prejudiciais quanto o cigarro tradicional. 

Uma lista imensa de doenças está relacionada ao hábito de fumar, seja cigarro eletrônico ou o convencional de tabaco, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Fazem parte desse grupo vários tipos tumores malignos, como câncer de pulmão, fígado, estômago, pâncreas, rins, ureter, colon e reto, bexiga, ovários, colo do útero, cavidade nasal e seios paranasais, cavidade oral, faringe, laringe, esôfago e leucemia mieloide aguda.  

Entre os mais jovens, o cigarro eletrônico (vape) tem sido motivo de preocupação.

O vape passa a ideia de que não faz mal. No entanto, é um perigo.

Existem diversos tipos de cigarros eletrônicos em uso, também conhecidos como Sistemas Eletrônicos de Administração de Nicotina (ENDS, em inglês) ou Sistemas Eletrônicos sem Nicotina (ENNDS, em inglês). Em ambos os casos, o usuário inala aerossóis gerados pelo aquecimento de um líquido que pode conter ou não nicotina, além de aditivos, sabores e produtos químicos tóxicos à saúde.

O QUE FAZ MAIS MAL: VAPE OU CIGARRO? 

Ambos são cigarros. Ambos fazem muito mal. Em outras palavras: tanto os cigarros eletrônicos como os cigarros convencionais de tabaco apresentam riscos para a saúde.

A abordagem mais segura é não usá-los

De duas a 12 semanas sem cigarro, há a melhora da função pulmonar e da circulação. Ao longo de 9 meses sem cigarro, a tosse e falta de ar diminuem. Em 10 anos, a mortalidade por câncer de pulmão chega a ser a metade da de um fumante", diz a oncologista Mariana Laloni

Jovens têm preferido os cigarros eletrônicos (vapes) por acreditarem erroneamente que são menos danosos à saúde. Diferentemente da versão convencional do cigarro, o eletrônico tem sabores e aromas que mascaram o teor nocivo do produto, o que torna os riscos invisíveis

De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Inca, o cigarro eletrônico (vape) aumenta mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro.

Além disso, o levantamento reforça ainda que o vape eleva as chances de iniciar o uso do cigarro tradicional para aqueles que nunca fumaram.

"Há cerca de 30 anos, o cigarro convencional era visto como sinônimo de status. Isso não tem sido diferente com o cigarro eletrônico, principalmente entre os mais jovens. Apesar de na última década o Brasil ter diminuído 40% o número de fumantes, não devemos fechar os olhos para o problema que é o cigarro eletrônico. É um cigarro com um outro formato e que faz parte da narrativa atual", comenta a oncologista Mariana Laloni, do Grupo Oncoclínicas.

Aproximadamente 10% da população brasileira acima de 18 anos fumam. Ou seja, o vício afeta mais de 20 milhões de pessoas no País.

"Quando falamos do cigarro eletrônico, o Ibope Inteligência aponta que o problema dobrou em apenas um ano, passando de 0,3% para 0,6% da população no Brasil", explica a oncologista Mariana Laloni. Dentro desse cenário, especialistas estimam que cerca de 600 mil pessoas fazem uso de vape.

Apesar de proibidos desde 2009 pela Resolução de Diretoria Colegiada nº 46 da Anvisa, os cigarros eletrônicos atraem cada vez mais usuários.

POR QUE NÃO FUMAR VAPE?

"Os vapes ou e-cigarretes passaram a ser mais socialmente aceitos em diversos ambientes, além de serem mais atrativos por causa da tecnologia. Mas esses cigarros eletrônicos fazem tão mal quanto o cigarro tradicional", reforça. 

A médica ainda alerta que os cigarros eletrônicos possuem várias substâncias tóxicas que, quando combinadas, acabam mascarando os efeitos prejudiciais à saúde. "Contudo, é importante lembrar que essas substâncias existem e podem causar enfisema pulmonar, doenças respiratórias e até mesmo câncer", alerta Mariana. 

O aditivo de aromatizantes, como mentol, chocolate e chiclete, entre outros, é usado para atrair um maior público.

DIVULGAÇÃO/ONCOCLÍNICAS

"Os vapes ou e-cigarretes passaram a ser mais socialmente aceitos em diversos ambientes, além de serem mais atrativos por causa da tecnologia. Mas esses cigarros eletrônicos fazem tão mal quanto o cigarro tradicional", alerta a oncologista Mariana Laloni - DIVULGAÇÃO/ONCOCLÍNICAS

CIGARRO ELETRÔNICO VAPE: QUAL O RISCO DE FUMAR CIGARRO ELETRÔNICO? 

Quanto à fumaça liberada pelos vapes, é possível encontrar elementos que vão além da nicotina, como chumbo, propilenoglicol, glicerol, acetona, sódio, alumínio, ferro, entre outros.

Além de as substâncias presentes no cigarro eletrônico serem mais viciantes, algumas pesquisas sobre o tema apontam que esse dispositivo, assim como o convencional, pode afetar não só o sistema respiratório, como também desregular alguns genes do organismo.

Um estudo realizado pelo professor Ahmad Besaratinia, da Universidade do Sul da Califórnia (EUA), mostrou que esse impacto ocorreu nos genes mitocondriais e chegou a interromper vias moleculares que fazem parte da imunidade e resposta inflamatória.

Ou seja, os elementos que compõem os dispositivos podem futuramente desencadear doenças autoimunes e atrapalhar na recuperação de outros distúrbios do corpo.

CIGARRO ELETRÔNICO VAPE: CIGARROS ELETRÔNICOS PODEM AJUDAR QUEM QUER PARAR DE FUMAR? 

"Na tentativa de deixar o tabagismo, é preocupante que muitos usuários ainda usem os cigarros eletrônicos. Essa apelação pode torná-los usuários duplos e fazer com que o vício ocorra em ambas as frentes. Por isso, é preciso saber pedir e aceitar ajuda", diz Mariana Laloni.

DIA MUNDIAL SEM TABACO: É POSSÍVEL PARAR DE FUMAR?

"O fumante precisa transformar seus hábitos e estilo de vida. De duas a 12 semanas sem cigarro, há a melhora da função pulmonar e da circulação. Ao longo de 9 meses sem cigarro, a tosse e falta de ar diminuem. Em 10 anos, a mortalidade por câncer de pulmão chega a ser a metade da de um fumante. É possível superar o vício e apostar em uma nova vida sem o cigarro, seja ele eletrônico ou tradicional", sublinha a oncologista. 

A médica acrescenta que parar de fumar é a forma mais eficaz de prevenir o câncer de pulmão e diversos outros tumores, além de doenças cardíacas, doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumonia, AVC (acidente vascular cerebral) e complicações severas decorrentes de infecções respiratórias.

"Deixar o hábito de lado é dar uma segunda chance aos pulmões. Lá na frente, as pessoas que abandonaram esse vício irão se deparar com diversos benefícios ao organismo, como um menor risco de desenvolver vários tipos de câncer e ainda a recuperação de sequelas adquiridas pelo tabagismo. Devemos alertar a população, principalmente os mais jovens, sobre os riscos que o cigarro tradicional e eletrônico podem causar", conclui. 

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