CRISE NA SAÚDE

Com risco de fechamento do Hospital Brites de Albuquerque, pacientes e funcionários acumulam angústia e aflição

Procurada pelo JC, a Secretaria Estadual de Saúde não respondeu se haverá manutenção do contrato de gestão para as portas do Brites de Albuquerque permanecerem abertas para quem mais precisa

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 07/06/2023 às 17:41 | Atualizado em 07/06/2023 às 17:52
TV JORNAL
Mais de 640 profissionais atuam no hospital - FOTO: TV JORNAL

Reativado em abril de 2020, pelo governo de Pernambuco, para o enfrentamento da pandemia de covid-19, o Hospital Brites de Albuquerque, em Olinda, no Grande Recife, corre o risco de fechar as portas no próximo mês. 

Naquela época, ele foi requisitado administrativamente pelo Estado para a Prefeitura de Olinda, a fim de funcionar como unidade de referência. Pelo contrato de gestão com a Organização Social de Saúde (OSS) Hospital do Tricentenário, o prazo de funcionamento vai até o fim da situação emergencial provocada pela pandemia no Estado.

Prorrogado pela última vez no fim de março, o estado de emergência vai até o dia 30 deste mês de junho. E o governo de Raquel Lyra ainda não sinalizou se o prazo será alongado. Se não for, o contrato será encerrado e, consequentemente, as atividades do Brites de Albuquerque serão encerradas.

A unidade tem 60 leitos de terapia intensiva (UTIs) para adultos e mais 30 vagas pediátricas. Além disso, são 40 leitos clínicos para adultos e 20 de enfermaria para crianças. Cerca de 640 funcionários trabalham no Brites de Albuquerque. 

Em protesto realizado na segunda-feira (5), funcionários do hospital denunciaram que receberam aviso prévio. 

Eles relatam que, diante do risco de desativação da unidade, centenas de pacientes atendidos hoje na Brites de Albuquerque seriam transferidos para outros hospitais. 

A questão é: num cenário de crise na Saúde, sem previsão para ser controlado, para onde esses pacientes serão encaminhados? Não é de hoje que os hospitais públicos de Pernambuco estão degradados e superlotados, com piso arrancado e tetos infiltrados.

Mesmo diante dos mutirões de cirurgias e vagas de terapia intensiva abertas na atual gestão do governo estadual, filas de espera permanecem intermináveis. Por todo o Estado, os leitos estão lotados, e há pacientes que aguardam vagas.

Atualmente, na rede pública de Pernambuco, os leitos de terapia intensiva (UTI) voltados para crianças e adultos com síndrome respiratória aguda grave (srag) trabalham na capacidade total nesta quarta-feira (7), no Estado. Ou seja, todos estão ocupados. O mesmo acontece para as vagas de UTI voltadas para adultos com quadros de saúde por causas não respiratórias. 

Além disso, duas crianças e 87 adultos com srag estão à espera de leito de UTI.

Em relação a vagas gerais para adultos (quadros não respiratórios), 74 pacientes estão na fila

Procurada, nesta quarta-feira (7), pela reportagem do JC, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) não respondeu se, após 30 de junho, haverá manutenção do contrato de gestão com a OSS do Tricentenário para as portas do Brites de Albuquerque permanecerem abertas para quem mais precisa. 

Em nota, o Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) repudia a atuação da Secretaria de Saúde Pernambuco e do governo do Estado quanto à gestão do Hospital Brites de Albuquerque.

"A falta de agilidade na renovação do contrato com a Organização Social de Saúde, que faz o gerenciamento do hospital, tem causado angústia e aflição entre os pacientes e os 642 profissionais que atuam no local, em sua maioria integrantes do corpo de enfermagem, que já foram informados sobre a suspensão dos contratos de trabalho e encontram-se em aviso prévio", destaca o Coren-PE.

Atualmente, o Hospital Brites de Albuquerque tem papel essencial na assistência a pessoas que são cuidadas pela rede pública de Saúde do Estado.

A unidade tem laboratórios de análises clínicas, radiologia e eletrocardiograma, além de oferecer serviços como nutrição e psicologia.

"O Coren-PE entende que o encerramento das atividades da unidade acarretaria em um prejuízo incalculável para a população e profissionais que lá atuam", ressalta. 

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