A situação de emergência de saúde decretada pelo governo de Pernambuco, na última terça (20), alerta para o aumento dos casos de síndrome respiratória aguda grave (srag) em crianças até 5 anos no Estado.
Há sinal de crescimento de srag nas crianças, com destaque para o vírus sincicial respiratório (VSR) nessa faixa etária.
Esse é um cenário que ocorre em praticamente todo o Brasil e tem relação (na maior parte dos casos) com o vírus sincicial respiratório (VSR), que pode causar doenças graves como bronquiolite (inflamação das pequenas vias aéreas no pulmão) e pneumonia (infecção dos pulmões).
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), de janeiro a junho deste ano (até a semana epidemiológica 24, que terminou no último dia 17), foram contabilizados 1.785 casos de srag em crianças de até 5 anos.
Desse total de casos de srag, 39 evoluíram para o óbito.
No mesmo período, em 2022, houve 1.941 registros de srag em crianças de até 5 anos, com 62 óbitos.
A SES-PE informa que a rede de leitos de terapia intensiva (UTI) de Pernambuco conta com 219 unidades pediátricas e 111 neonatais.
Todas as vagas estão sendo utilizadas na capacidade máxima.
Diante desse problema, o decreto destaca que há necessidade de "medidas urgentes voltadas à prevenção, controle e ampliação da rede de atenção à saúde infantil".
Em nota enviada à coluna Saúde e Bem-Estar, do JC, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou, na quarta-feira (21), que a fila de espera por um leito de UTI em Pernambuco chegava a 87 pacientes pediátricos - entre recém-nascidos, bebês e crianças.
Em detalhamento, 54 crianças que aguardavam por uma UTI srag (voltada a quadros de síndrome respiratória aguda grave) e 5 que esperavam por UTI de pediatria clínica.
Em relação aos recém-nascidos (aqueles com até 28 dias de vida), 8 estavam na fila por UTI neonatal srag e 20 aguardavam um leito de terapia intensiva neonatal clínico.
O texto do decreto assinado pela governadora cita ainda a Portaria SES/PE nº 171, de 12 de maio de 2023, e a Nota Técnica da Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde e Atenção Primária nº 04/2023, que demonstram "a imperiosidade de abertura de leitos, em especial de unidades de terapia intensiva (UTIs) neonatal e pediátricas".
A emergência em saúde pública é válida por 90 dias e pode ser prorrogada. O decreto, publicado em edição extra do Diário Oficial, na terça-feira (20), entrou em vigor imediatamente.
A reportagem do JC entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) para saber as medidas que estão sendo adotadas e previstas, com a publicação do decreto. A pasta respondeu que "a abertura de novas UTIs neonatais é complexa, pois os profissionais necessitam de treinamento específico. Entretanto, a gestão esclarece que segue trabalhando para abrir novos leitos".
A pasta ainda ressaltou que, de abril a junho, foram entregues 90 novos leitos de UTI: 70 pediátricos, 10 pediátricos cardiológicos e 10 neonatais.