GORDURA NO FÍGADO

Gordura no fígado pode levar à cirrose e ao câncer; Médicos tiram dúvidas sobre esteatose hepática e dão orientações para prevenção

Segundo hepatologistas, até 30% da população mundial tem gordura no fígado, que é uma doença silenciosa; Dieta mediterrânea é aliada da saúde do órgão

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Gabriel dos Santos

Publicado em 06/11/2023 às 9:45 | Atualizado em 09/11/2023 às 10:32
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Uma doença silenciosa, que se não for descoberta e tratada corretamente pode causar sérias repercussões na vida do paciente.

A esteatose hepática, popularmente conhecida como “gordura no fígado”, se caracteriza pelo acúmulo em excesso de gordura nesse órgão do sistema digestório e, quando se agrava, pode levar à cirrose e ao câncer.

“Essa [gordura] pode permanecer estável por muitos anos e até regredir, se suas causas forem controladas. Se não o forem, a doença pode evoluir para a esteatoepatite. Nessa fase, a esteatose se associa à inflamação e morte celular, fibrose (cicatrização) e tem maior potencial de progressão para cirrose e para o carcinoma hepatocelular (CHC) ou câncer de fígado”, explicou a médica Helma Pinchemel Cotrim, em artigo publicado no site da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH).

Hepatologista do Real Hospital Português, no Recife, o médico Fábio Marinho alerta para as principais causas da esteatose hepática.

”A maior parte da gordura no fígado é relacionada ao metabolismo alterado, que pode estar ligado, por exemplo, ao excesso de peso, ao diabetes, ao aumento do colesterol ou triglicérides ou à hipertensão arterial e ao sedentarismo”, diz o especialista.

“Outra causa bastante frequente é o consumo de álcool e de uma alimentação rica em alimentos ultraprocessados ou ricos em carboidratos”, explica Marinho, acrescentando que, em casos raros, a esteatose também pode advir de “doenças genéticas, hepatite C crônica ou intoxicações por drogas ou agrotóxicos”.

De acordo com os médicos, cerca entre 20 e 30% da população mundial tem esteatose hepática. “E cerca de 20% dessas pessoas podem evoluir para cirrose hepática. É uma doença que não pode ser negligenciada”, afirma Fábio Marinho, alertando ainda que a gordura no fígado deve ser investigada e prevenida desde a infância.

Doutor, a gordura no fígado apresenta sintomas?

“A doença na grande maioria das vezes é silenciosa. Daí a necessidade de se realizar checkups no mínimo anuais onde se realize um exame de imagem do fígado, como uma ultrassonografia, e exames de sangue – chamados transaminases – para avaliar se há inflamação do fígado. Quando há sintomas como dor na parte superior direita do abdome, ou aumento do volume abdominal ou amarelo nos olhos, isto quer dizer que há doença mais avançada no fígado”, responde o médico do Hospital Português Fábio Marinho.

Além dos já citados cirrose e câncer, a esteatose hepática aumenta o risco de infarto do miocárdio e de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

“A esteatose hepática já é a primeira indicação para transplante de fígado no Brasil, junto com o consumo de álcool”, comenta Marinho.

COMO É O TRATAMENTO PARA GORDURA NO FÍGADO?

“O tratamento passa necessariamente pela correção metabólica associada à esteatose, como o tratamento da obesidade, da elevação de colesterol e do diabetes. Há medicações que fazem com que haja uma regressão da doença no fígado que poderão ser prescritas pelo seu médico. Quanto mais avançada a doença gordurosa do fígado, mais fibrose o fígado vai apresentar e mais agressivo tem que ser o tratamento, podendo, inclusive, ser indicado o transplante de fígado”, explica Fábio Marinho.

A esteatose hepática tem cura, doutores?

Segundo os médicos, a esteatose hepática tem cura, mas o sucesso do tratamento depende de dois fatores: diagnóstico precoce e adesão do paciente às orientações do especialista.

“Desde que controlado os fatores que causaram a doença, a esteatose pode permanecer estável em torno de 70 a 80% dos pacientes. Em 20 a 30% dos casos a esteatose pode evoluir para esteatoepatite, que pode ser controlada com o tratamento adequado”, explicou a médica Helma Pinchemel Cotrim em seu artigo no site da SBH.

Prevenção

Para Fábio Marinho, a melhor forma de se prevenir contra a esteatose é adotando uma vida saudável, “com uma boa alimentação rica em frutas, verduras, vegetais e peixes e pobre em gorduras e carboidratos. A conhecida dieta do mediterrâneo é a melhor dieta para se ter um fígado saudável”.

“Exercícios físicos combinados aeróbicos e de resistência são mandatórios. Além disso, tenha em mente que o álcool deve ser consumido com muita cautela. O excesso de ingestão alimentar sem exercício físico leva a um aumento do peso e um risco aumentado da gordura hepática”, frisa Marinho.

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