SAÚDE

Diabético pode comer chocolate na Páscoa? Saiba qual o melhor chocolate para diabéticos

Veja quais as orientações nutricionais para diabéticos sobre o consumo de chocolate

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Cadastrado por

Flávio Oliveira

Publicado em 28/03/2024 às 10:00
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O consumo de chocolate frequentemente suscita preocupações para aqueles que precisam monitorar sua glicemia. Será realmente necessário que pessoas com diabetes evitem o chocolate? O chocolate tradicional não é recomendado? O que é exatamente um chocolate diet? Ele é de fato uma alternativa mais saudável à versão comum ao leite? É crucial compreender todos esses aspectos antes de ceder à tentação.

Em primeiro lugar, é importante destacar que nenhum alimento é totalmente vilão, inclusive o chocolate. Na verdade, quando consumido com moderação, o chocolate pode até trazer benefícios para a saúde. Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia em 2019 associou o consumo de chocolate amargo a uma menor incidência de diabetes e hipertensão. No entanto, é necessário prestar atenção à composição e à quantidade consumida por porção.

Qual a origem do chocolate?

O chocolate é um desejo antigo. Há quase 4 mil anos, maias e astecas utilizavam o cacau como moeda de troca e em rituais religiosos. Estudos indicam que a domesticação inicial do cacau ocorreu muito antes, nas mãos do povo Mayo-Chinchipe, na bacia do Rio Amazonas. Independentemente disso, o cacau atravessou civilizações, tornou-se uma commodity e ainda é apreciado em todo o mundo.

A palavra "chocolate" tem raízes astecas, derivada de "xocolatl". Para os antigos, isso significava uma bebida forte e amarga feita com sementes fermentadas, torradas e moídas do cacau, misturadas a outros temperos e servidas a reis e figuras importantes. Com o tempo, tornou-se uma sensação na Europa e, séculos depois, essas mesmas sementes fermentadas, torradas e moídas transformaram-se nos "nibs" de cacau que, combinados com leite, gordura e açúcar, compõem o chocolate que conhecemos hoje.

O chocolate passou por inúmeras mudanças ao longo dos séculos. De uma bebida amarga reservada à elite à guloseima que, ainda hoje, é considerada uma vilã das dietas. Contudo, esse desejo tem sua justificativa.

O cacau é rico em triptofano, um aminoácido encontrado em alimentos vegetais essencial para a síntese e regulação de serotonina, neurotransmissor responsável por promover sensação de bem-estar. Além disso, alguns estudos sugerem que os polifenóis, compostos orgânicos com propriedades antioxidantes presentes no cacau, possuem atividades anti-inflamatórias e cardioprotetoras.

Tipos de chocolate

Atualmente, existem várias variedades de chocolate. Os tipos tradicionais, como o ao leite e o branco, devem, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conter no mínimo 25% de cacau. O restante da composição é composto por concentrações maiores de açúcar e gordura. Estudos que demonstram os benefícios do chocolate sempre se referem aos tipos amargos como referência, portanto, as versões tradicionais não possuem as mesmas propriedades benéficas.

Além de terem maior teor de cacau, os chocolates amargos (com 70% de cacau ou mais) e meio-amargos (com pelo menos 35%) contêm menos gordura e açúcar, sendo opções mais saudáveis, especialmente para pessoas com diabetes.

De acordo com diversos estudos revisados pela Cochrane, uma rede global independente de pesquisadores, dentro de uma dieta equilibrada, o chocolate amargo pode reduzir o colesterol LDL (colesterol ruim), aumentar o colesterol HDL (colesterol bom), ajudar a manter o peso ideal e até mesmo melhorar o metabolismo da glicose.

Quanto aos chocolates diet, geralmente possuem menos açúcar do que os tradicionais, o que é favorável para o controle glicêmico. No entanto, possuem maior teor de gordura e, se consumidos em excesso, podem levar a picos tardios de glicose. Além disso, o chocolate diet pode ter até mais calorias do que o chocolate tradicional.

Quantidade ideal

Como em tudo na alimentação, o equilíbrio é essencial. O ideal é que o consumo diário de chocolate não ultrapasse 25 gramas, aproximadamente equivalente a um quadrado de um tablete de chocolate, e seja associado a uma refeição, como sobremesa do almoço ou jantar, por exemplo.

Embora estudos mostrem diversos benefícios, inclusive no controle de sintomas de ansiedade, o consumo excessivo pode levar a uma relação de causa e efeito prejudicial: para aliviar o estresse, consome-se chocolate. A longo prazo, isso pode prejudicar o controle glicêmico.

Sem monitoramento adequado, picos de glicemia podem resultar em hiperglicemia. Alguns sintomas que podem indicar um pico de glicose incluem fadiga, micção frequente, sede excessiva, visão turva e dores de cabeça. Esse controle é crucial para evitar complicações do diabetes, como doenças cardiovasculares, problemas circulatórios, que podem levar à amputação, além de infecções e danos aos olhos, rins e nervos.

Gerenciando o índice glicêmico com chocolate

A recomendação é simples: aproveite o chocolate sem culpa, mas com atenção! Não é necessário privar-se dele, mas é fundamental consumi-lo com responsabilidade, controlando a qualidade, a quantidade e a frequência.

Aqueles que contam carboidratos devem ajustar a dose de insulina à quantidade presente na porção. Com essa prática, também é possível observar como o chocolate afeta o organismo de cada pessoa com diabetes, monitorando os níveis de glicemia antes, duas e cinco horas após o consumo, assim como com qualquer alimento que deseje-se monitorar.

Outra sugestão para consumir chocolate sem afetar bruscamente a glicemia é priorizar, nas refeições que o antecedem, alimentos ricos em fibras, como vegetais e legumes, que ajudam a desacelerar a absorção de carboidratos e gorduras, ou combiná-lo com frutas, como morangos e uvas, que se harmonizam perfeitamente.

*Com informações de Quem vê diabetes vê coração

“A matéria apresentada neste portal tem caráter informativo e não deve ser considerada como aconselhamento médico. Para obter informações fornecidas sobre qualquer condição médica, tratamento ou preocupação de saúde, é essencial consultar um médico especializado.”

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