Covid-19: infecção pelo coronavírus aumenta risco de desenvolver pressão alta
Pesquisa publicada em revista científica da Associação Americana do Coração mostra que infectados pelo coronavírus têm 32% de chance de desenvolvimento de hipertensão, contra 20% dos diagnosticados com influenza (gripe)
Doença que faz o coração ter que exercer um esforço maior do que o normal para fazer o sangue ser distribuído corretamente no corpo, a hipertensão acomete cerca de 30% da população brasileira, com maior prevalência entre mulheres, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
O tema chama a atenção no Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, lembrado em 26 de abril. Popularmente conhecida como pressão alta, a doença provoca danos ao organismo sem apresentar sinais ou sintomas de forma precoce.
Manter uma rotina saudável, consultas e exames regulares fazem parte do combo de como evitar o desenvolvimento da doença, mas um estudo recente descobriu que há uma associação significativa do aumento da pressão arterial em pessoas infectadas pelo coronavírus.
Segundo a pesquisa, publicada pela revista Hypertension, da Associação Americana do Coração, foram analisadas mais de 45 mil pessoas com covid-19 e outras 14 mil com gripe comum. O resultado mostrou que infectados pelo coronavírus têm 32% de chance de desenvolvimento de hipertensão, contra 20% dos diagnosticados com influenza (gripe).
"Existem muitos estudos que mostram quais são as sequelas da covid-19 para o coração, como arritmia cardíaca, trombose e infarto. A hipertensão é só mais uma entre as várias que ainda continuamos descobrindo, dia após dia", explica o cardiologista e nefrologista Celso Amodeo, especializado em hipertensão arterial do Hcor, em São Paulo.
"Entretanto, o aumento da pressão arterial também pode ter relação com o estresse psicossocial, ganho de peso por falta de atividade física e alimentação pouco saudável, causados pelo isolamento."
A hipertensão atinge principalmente o coração, os rins e o cérebro, ao causar danos estruturais que culminam em doenças isquêmicas, insuficiência cardíaca e/ou renal e acidente vascular cerebral (AVC).
"Geralmente, pessoas com histórico familiar têm mais chance de desenvolver a doença. Mas, neste estudo, os indivíduos sem antecedentes foram os que mais apresentaram, junto a pessoas com comorbidades preexistentes e acima de 40 anos", relata o médico.
Ainda de acordo com Celso Amodeo, conforme os estudos vão avançando, será possível encontrar ainda mais pessoas com hipertensão arterial por covid-19 daqui alguns anos.
"O que precisamos fazer, neste momento, é um grande rastreamento de pessoas que foram infectadas e que podem desenvolver doenças cardiovasculares no futuro, aplicando o melhor método de tratamento preventivo que tivermos disponível", orienta.
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