Dia mundial de prevenção ao suicídio: pais não reconhecem sinais de comportamento suicida nos filhos

Estudos mostram que o suicídio é mais recorrente entre jovens e adolescentes, e na maioria das vezes, os pais não percebem os sinais

Publicado em 10/09/2024 às 12:08

O dia 10 de setembro marca a campanha Setembro Amarelo como o Dia Mundial de Prevenção ao suicídio. Ao longo de todo o mês, a campanha tem o objetivo de alertar a população sobre o suicídio e as formas de prevenção.

De acordo com um estudo realizado pelo Cidacs/Fiocruz Bahia, em colaboração com pesquisadores de Harvard, entre os anos de 2011 e 2022, o índice de suicídio entre jovens no Brasil cresceu 6% ao ano, enquanto as notificações de automutilação entre 10 e 24 anos aumentaram 29% ao ano.

Esse cenário chama a atenção para a saúde mental dos jovens e adolescentes, que se destacam com índices superiores aos da população geral.

Pais não percebem comportamentos suicida

Uma pesquisa realizada com 800 adolescentes em quatro países da Europa, publicada pela European Child & Adolescent Psychiatry, revela que 50% dos pais não reconhecem os sinais de comportamento suicida em seus filhos.

Segundo Danielle Admoni, psiquiatra geral e da Infância e Adolescência, pesquisadora e supervisora na residência de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM), é comum que pais de adolescentes confundam sintomas de sofrimento mental com as mudanças típicas da fase.

“Muitos pais subestimam ou não percebem sinais de que seus filhos estejam com problemas que os colocam em risco de suicídio, o que pode resultar em intervenções tardias ou inadequadas”, sinaliza a especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Comportamentos depressivos

Fique atento aos sinais transmitidos pelos jovens e adolescentes com que convive. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 97% das pessoas que cometeram suicídio tinham algum tipo de transtorno psicológico. Na maioria das vezes, não diagnosticado, não tratado ou não tratado de forma adequada.

  1. Mudanças no sono e no apetite: esteja atento à falta de sono ou ao sono excessivo durante o dia, as duas situações são sintomas comuns em transtornos mentais. Observe também alterações no apetite, comendo mais ou menos que o costume;
  2. Queda no rendimento escolar: a depressão altera a forma de raciocinar, prejudicando a pessoa adoecida em diversas áreas da vida, inclusive na escola. Esteja atento à mudança no rendimento e às causas por trás;
  3. Automutilação: segundo Danielle Admoni, em média, 70% dos jovens que se automutilam acabam fazendo pelo menos uma tentativa de suicídio. “A autolesão está relacionada à incapacidade de gerir as emoções, fazendo da dor uma maneira de manifestar o sofrimento psíquico”;
  4. Comentários negativos: frases que podem parecer brincadeira como “a vida não vale a pena”, “gostaria de morrer”, devem ser levadas a sério;
  5. Dores e alterações no organismo: a depressão, e outros transtornos mentais, além de sintomas comportamentais, causa sintomas físicos. A pessoa acometida pode sentir dor nas articulações e nos membros, dores nas costas, problemas gastrointestinais, cansaço excessivo.

Se observados esses sintomas, não exite em buscar ajuda profissional. Normalmente, o tratamento envolve psicoterapia, podendo envolver medicações, dependendo do diagnóstico médico.

“Vale lembrar que, por mais importante que seja a rede de apoio, ela não substitui o acompanhamento médico e terapêutico”, pondera Danielle Admoni.

Se você ou alguém que conhece estiver em sofrimento intenso ou crise suicida, busque um serviço de atendimento em saúde mental na região, como a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

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