Avanços na oncologia: o futuro do tratamento do câncer
Novas tecnologias, como a inteligência artificial (IA) e a biópsia líquida, auxiliam no diagnóstico e na personalização do tratamento de câncer
O tratamento do câncer está se tornando cada vez mais personalizado. Devido aos avanços tecnológicos, é possível identificar as características genéticas de cada tumor e desenvolver terapias mais eficazes e com menos efeitos colaterais.
O conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos é uma das principais preocupações no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS), através da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), estima que os casos de câncer aumentarão significativamente até 2050, com um crescimento de cerca de 77%. Ou seja, os casos globais da doença devem subir de aproximadamente 20 milhões em 2022 para mais de 35 milhões em 2050.
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que devem ser registrados 704 mil casos novos de câncer ao ano no triênio 2023-2025. “Esse aumento é impulsionado por vários fatores, incluindo o envelhecimento da população, o crescimento populacional e mudanças nos fatores de risco, como aumento do tabagismo, obesidade, má alimentação e exposição a poluentes ambientais. Além disso, a carga de câncer será desproporcionalmente maior em países de baixo e médio desenvolvimento, onde os sistemas de saúde podem ter dificuldade para lidar com esse aumento de demanda”, destaca José Fernando, oncologista do Real Hospital Português (RHP).
O oncologista destaca que a prevenção, o diagnóstico precoce e os tratamentos acessíveis são a chave para mitigar esse impacto crescente no futuro.
Diagnóstico
A pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico estão proporcionando avanços significativos no diagnóstico precoce do câncer, essencial para ampliar as chances de cura. Entre as tecnologias que se destacam, está a biópsia líquida, que permite a detecção de células tumorais ou fragmentos de DNA tumoral na corrente sanguínea.
“Além disso, o sequenciamento genético tem contribuído para a identificação de mutações específicas que podem indicar predisposição ao câncer. A inteligência artificial também está revolucionando a análise de dados, oferecendo insights que antes eram difíceis de obter”, acrescenta José.
De acordo com o oncologista, a inteligência artificial (IA) é uma das grandes apostas na área. “Principalmente na avaliação de imagens médicas, como radiografias e biópsias. Essas tecnologias são capazes de identificar padrões que podem passar despercebidos por olhos humanos, aumentando a precisão do diagnóstico”, explica José Fernando. “A IA pode analisar uma variedade de exames simultaneamente, ajudando a identificar padrões que indicam um risco aumentado de câncer”, complementa.
Desde o ano passado, o Recife está um passo à frente no diagnóstico e tratamento do câncer. Em janeiro de 2023, o Real Hospital Português se tornou o primeiro centro de saúde da América Latina a contar com a StarGuide, um equipamento que revoluciona o diagnóstico por imagem na Medicina Nuclear, oferecendo captação de imagens com velocidade e precisão incomparáveis. Ela permite exames mais rápidos e confortáveis, reduzindo a ansiedade dos pacientes, além de melhorar a experiência de diagnóstico com sua estrutura circular.
Tratamento
De acordo com o INCA, os avanços tecnológicos no campo da oncologia têm proporcionado taxas de cura que variam entre 60% e 68% para diferentes tipos de câncer, demonstrando a eficácia das novas terapias.
“O sequenciamento do genoma humano e dos tumores tem proporcionado uma nova compreensão das fragilidades do câncer, permitindo que cientistas desenvolvam estratégias inovadoras para combater a doença. Entre as novidades, destacam-se as terapias alvo, a imunoterapia e os avanços em nanotecnologia, que têm facilitado o desenvolvimento de novos quimioterápicos”, ressalta José.
A combinação de tratamentos continua sendo explorada pelos oncologistas. “A fusão da quimioterapia com terapias-alvo, por meio de anticorpos conjugados, e a edição genética, com o uso da enzima CRISPR/Cas9, também têm revolucionado o tratamento, especialmente em tumores hematológicos. Além disso, as vacinas oncológicas estão sendo cada vez mais exploradas, tanto para prevenção quanto para tratamento”, acrescenta.
O oncologista afirma que a inteligência artificial também se destaca na medicina de precisão, que busca personalizar o tratamento de acordo com as características genéticas do tumor. “A genômica permitirá diagnósticos mais precoces e monitoramento mais eficaz durante o tratamento, além de ajudar na avaliação do risco de recidiva. Outro campo promissor é o da terapia celular, que está se expandindo rapidamente e pode oferecer novas opções para diversos tipos de câncer”, complementa.
A telemedicina, que expandiu durante o período pandêmico, também deixou legado para a oncologia, segundo José Fernando. “Ela oferece uma solução prática, especialmente no sistema público, onde o acesso a especialistas em oncologia pode ser desafiador, levando a atrasos no diagnóstico. Contudo, é essencial que a telemedicina seja utilizada com cuidado. É importante garantir que os pacientes tenham acesso a informações claras e a um suporte adequado durante suas consultas virtuais.”
No Hospital Português, além das inovações tecnológicas, o diferencial está no atendimento humanizado. A personalização do tratamento vai além dos avanços técnicos, envolvendo um cuidado que se baseia na compreensão das necessidades individuais de cada paciente. “O nosso maior diferencial é o olho no olho, a capacidade de entender o que o paciente realmente precisa, além de oferecer todo o suporte médico e ambulatorial”, destaca José Fernando.
Novo andar de consultórios
O Real Hospital Português (RHP) inaugurou recentemente um novo andar de consultórios especializados em oncologia e hematologia. O espaço, com mais de 800 m², foi projetado para oferecer conforto e eficiência, incluindo consultórios para adultos e crianças, telemedicina e uma brinquedoteca, visando proporcionar um atendimento humanizado.
“Nosso objetivo é que cada visita ao hospital seja marcada pelo conforto e acolhimento. Isso é parte fundamental da nossa visão de cuidado”, afirma Islan Moisalye, superintendente ambulatorial do RHP.
O novo andar conta com 20 consultórios, incluindo dois exclusivos para atendimento pediátrico e um VIP, para maior privacidade. A integração do Real Hospital Português à Rede Einstein de Oncologia e Hematologia reforça a qualidade da assistência, permitindo o compartilhamento de boas práticas e a oferta de tratamentos modernos.
“Também estamos participando ativamente de estudos globais no Centro de Pesquisas Clínicas, o que nos permite oferecer tratamentos inovadores que ainda estão em fase de testes, mas que já estão disponíveis para nossos pacientes”, finaliza.