Hobby como terapia: a ciência desvenda o poder de cuidar da mente com as mãos

Estudo ratifica que ter um hobby está associado a menos sintomas depressivos, níveis mais altos de saúde autorrelatada e satisfação com a vida

Publicado em 23/01/2025 às 18:33 | Atualizado em 23/01/2025 às 18:50
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Uma metanálise, espécie de compilado de estudos com alto nível de evidência, mostra que ter um hobby está associado a menos sintomas depressivos, níveis mais altos de saúde autorrelatada, felicidade e satisfação com a vida

A revisão, publicada recentemente na prestigiada revista científica Nature Medicine, avaliou aspectos do bem-estar mental em 16 nações representadas em cinco estudos longitudinais, envolvendo um total de 93.263 indivíduos a partir dos 65 anos. 

Sem dúvidas, são achados que podem ser extrapolados para várias faixas etárias. No nosso dia a dia, entre as práticas que auxiliam no equilíbrio da mente, está o desenvolvimento de hobbies manuais e criativos. São atividades que ganham destaque como uma forma acessível e eficaz de reduzir o estresse e fortalecer a saúde mental.

Atividades como pintura, desenho, escrita criativa, crochê e jardinagem ajudam a aliviar a ansiedade, ao direcionar o foco para o presente e proporcionar uma pausa na rotina acelerada. 

Vale frisar que um hobby não substitui uma terapia profissional nem um acompanhamento médico, mas é uma atividade que pode ter uma ação terapêutica. Ou seja, quando nos envolvemos com alguma atividade, nosso cérebro se desconecta dos problemas cotidianos e se concentra em algo que nos traz prazer e bem-estar. É por isso que ouvimos com frequência, de quem pratica um hobby, relatos sobre redução do estresse, melhora do humor e até aumento da autoestima.

A psicóloga Francinne Strobel de Souza, especialista em psicologia social e docente de psicologia da Estácio, confirma que dedicar tempo a um hobby manual pode ser transformador.

"Atividades manuais ativam áreas do cérebro relacionadas ao prazer e à recompensa, além de ajudarem a construir uma rotina mais equilibrada e significativa. O ato de produzir algo com as próprias mãos traz uma sensação de realização e alivia tensões acumuladas no dia a dia", destaca Francinne. 

Assim, a psicóloga reforça a importância de valorizarmos pequenos momentos de autoconhecimento durante o dia. "Reservar 20 minutos para uma atividade que traga satisfação é um ato de autocuidado. Não precisa ser perfeito; apenas prazeroso. Isso ajuda a mente a se desconectar das preocupações e entrar em um estado de fluxo, onde o tempo parece passar sem peso", comenta.

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Para a psicóloga Francinne Strobel de Souza, dedicar tempo a um hobby manual pode ser transformador - DIVULGAÇÃO

Veja como praticar hobbies criativos no cotidiano: 

Incorporar hobbies na rotina pode parecer um desafio, mas a psicóloga Francinne Strobel de Souza ressalta que é possível começar com práticas simples.

Confira algumas:

Pintura e desenho: Desligue-se por alguns minutos do celular e experimente pintar ou desenhar livremente. A atividade não precisa ter um objetivo final, mas sim um foco no processo;

Lettering: A arte de desenhar letras permite expressar emoções e criar algo harmonioso, o que aumenta a sensação de realização. Os movimentos cuidadosos ao desenhar letras têm efeito relaxante e ajudar a desacelerar;

Crochê e tricô: São tendências que voltaram a crescer, especialmente entre os mais jovens. Além de relaxantes, permitem a produção de peças artesanais;

Jardinagem e cultivo de plantas: Ideal para quem busca uma conexão com a natureza, mesmo em espaços pequenos. Cuidar de plantas reduz a ansiedade e estimula o senso de responsabilidade; 

Culinária criativa: Experimentar novas receitas ou decorar pratos traz um efeito terapêutico e envolve os sentidos; 

Artesanato: Trabalhos com cerâmica, costura ou modelagem estimulam o foco e a coordenação motora, funcionando como uma forma de meditação ativa.

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