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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe

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Casos prováveis de dengue em Pernambuco aumentam 66,7% em uma semana

Segundo a SES-PE, o volume atual de casos prováveis é 173,3% maior do que o registrado no mesmo período de 2024. Ainda foram notificados 2 óbitos

Publicado em 29/01/2025 às 19:01
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Em uma semana, Pernambuco teve um aumento de 66,7% no número de casos prováveis de dengue (confirmados + em investigação), segundo boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira (29) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).

Ao todo, foram registrados 932 casos de dengue até a quarta semana epidemiológica, que terminou no último sábado (25). Até a terceira semana, o Estado tinha 559 notificações de pessoas que adoeceram com sintomas sugestivos de dengue. 

De acordo com o balanço da SES-PE, o volume atual de casos prováveis é 173,3% maior do que o registrado no mesmo período de 2024.

O informe epidemiológico ainda registra dois óbitos em investigação para arboviroses. 

A vigilância constante e a adoção de medidas preventivas são essenciais para controlar a disseminação da doença e minimizar os riscos associados aos seus diferentes sorotipos, especialmente o sorotipo 3 da dengue.

Na última semana, a SES-PE lançou o plano de enfrentamento das arboviroses no Estado para os anos de 2025 e 2026. Segundo as estratégias, em períodos de epidemia, serão ampliados leitos em hospitais para o atendimento de casos graves, com regulação centralizada pela SES-PE.

Ainda de acordo com o plano, em períodos de epidemia, a confirmação da maioria dos casos de dengue e demais arboviroses pode ser feita pelo critério clínico-epidemiológico. A coleta de amostras, no entanto, é prioritária para casos graves, óbitos, gestantes, crianças e idosos, a fim de se fazer confirmação laboratorial.

"O Plano de Enfrentamento às Arboviroses é um documento fundamental para organizar a rede e as equipes para a sazonalidade deste grupo de doenças. Ele traz, além de uma análise crítica do cenário epidemiológico, organização das fases de resposta e as respostas em si por setores", diz o diretor-geral de Vigilância Ambiental da SES-PE, Eduardo Bezerra.

"O plano está construído para os anos de 2025 e 2026. Ele pode ser atualizado ao longo que novas orientações ou novos fatos estejam em vigor."

Medidas de prevenção

Diante da circulação dos quatro sorotipos da dengue, é fundamental intensificar as medidas de prevenção, especialmente no controle ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti.

Eliminar focos de água parada, utilizar repelentes e instalar telas de proteção são algumas das ações recomendadas.

Outras medidas como usar roupas que cubram o corpo ajudam a reduzir o risco de infecção.

Em caso de suspeita de dengue, é essencial procurar atendimento em unidades de saúde para diagnóstico e tratamento adequados.

Deve-se ainda evitar a automedicação, especialmente com anti-inflamatórios, que podem agravar o quadro. Diante de qualquer sinal de mal-estar, é fundamental ir a unidade de saúde.

Dengue, muito além da febre

É importante estarmos atentos aos sintomas da dengue e procurarmos assistência médica imediata em caso de suspeita, especialmente se houver sinais de alarme, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e sangramentos.

Sintomas iniciais e evolução da doença

Após um período de incubação que varia de 2 a 10 dias, os primeiros sintomas da dengue geralmente incluem:

  • Febre alta (acima de 38,5°C);
  • Dor de cabeça intensa;
  • Dores musculares e articulares intensas;
  • Mal-estar generalizado;
  • Dor muscular/dor nas articulações;
  • Náuseas e vômitos;
  • Manchas vermelhas no corpo.

Esses sintomas podem durar de 2 a 7 dias. Em muitos casos, após esse período, o paciente começa a se recuperar gradualmente.

No entanto, é crucial estar atento aos sinais de alarme que podem indicar a progressão para uma forma mais grave da doença.

Dengue com sinais de alarme

A dengue pode evoluir para formas mais severas, com apresentação de sinais de alarme como:

  • Dor abdominal intensa e contínua;
  • Vômitos persistentes;
  • Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico);
  • Hipotensão postural (tontura ao levantar) e/ou desmaios;
  • Letargia e/ou irritabilidade;
  • Aumento do tamanho do fígado;
  • Sangramento de mucosas;
  • Aumento progressivo do hematócrito (concentração de células vermelhas no sangue).

A presença desses sinais requer atenção médica imediata, pois podem preceder a dengue grave, caracterizada por choque, hemorragias e comprometimento grave de órgãos vitais.

Comprometimento da dengue em órgãos e sistemas

A dengue pode afetar diversos órgãos e sistemas do corpo. Assim, a doença é capaz de levar a complicações como:

  • Desidratação grave: devido à febre alta e vômitos, podendo causar fraqueza, boca seca e diminuição da urina;
  • Problemas hepáticos: como hepatite e insuficiência hepática aguda, manifestando-se por dor abdominal, icterícia (pele e olhos amarelados) e aumento do fígado;
  • Complicações neurológicas: incluindo encefalite, meningite e síndrome de Guillain-Barré, com sintomas como confusão mental, convulsões e paralisias;
  • Alterações cardíacas: como miocardite (inflamação do músculo cardíaco), resultando em dor no peito, falta de ar e arritmias;
  • Problemas respiratórios: como derrame pleural (acúmulo de líquido nos pulmões), levando a dificuldade respiratória e dor torácica;
  • Comprometimento renal: insuficiência renal aguda, evidenciada por redução da produção de urina e inchaço corporal.

Por que o sorotipo 3 é o que mais preocupa?

O DENV-3 (sorotipo 3) é considerado um dos mais virulentos do vírus da dengue - ou seja, tem maior potencial de causar formas graves da doença.

Estudos indicam que, após a segunda infecção por qualquer sorotipo, há uma predisposição para quadros mais graves, independentemente da sequência dos sorotipos envolvidos.

No entanto, os sorotipos 2 e 3 são frequentemente associados a manifestações mais severas.

A introdução de um novo sorotipo em uma população previamente exposta a outros tipos pode levar a epidemias significativas.

No Brasil, por exemplo, o aumento da incidência da doença entre 2000 e 2002 foi associado à introdução do DENV-3, o que elevou o risco de epidemias de dengue, com um grande volume de casos graves da doença.  

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