TRAGÉDIA NO RECIFE

PM MATA ESPOSA: "Ele ameaçava, espancava ela", conta parente da vítima de feminicídio

Segundo familiares da mulher, policial não aceitava o fim do relacionamento, por isso cometeu o crime

Raphael Guerra
Cadastrado por
Raphael Guerra
Publicado em 20/12/2022 às 18:53 | Atualizado em 20/12/2022 às 21:41
IMAGEM AUTORIZADA PELA FAMÍLIA
Cláudia Gleice da Silva foi morta a tiros na casa da mãe, no Cabo de Santo Agostinho. Ela estava grávida de três meses do policial - FOTO: IMAGEM AUTORIZADA PELA FAMÍLIA

Uma relação bastante conturbada e marcada por ameaças, agressões e medo. Assim foi descrito, por um parente, o relacionamento entre o soldado da Polícia Militar Guilherme Barros e Cláudia Gleice da Silva, de 33 anos.

Ela, que estava grávida de três meses, foi assassinada a tiros, na casa da mãe, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, na manhã desta terça-feira (20). Em seguida, ele atirou contra colegas de farda na sede do 19º batalhão da Polícia Militar, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. Depois, o PM cometeu suicídio.

Segundo o parente da vítima ouvido pela Coluna Segurança, o casal mantinha um relacionamento há cerca de cinco meses. Por causa da gravidez, o policial e a mulher resolveram morar juntos há cerca de um mês. Mas o convívio foi ainda mais difícil. 

"Ele ameaçava, espancava ela. A família não sabia de nada, apenas duas primas. Só ontem (segunda-feira), quando ele a procurou na casa da mãe dela, é que soubemos de tudo. A família pediu para ela não vir para cá, porque sabia que ele voltaria, mas ela veio", contou o parente.

O casal estava separado há alguns dias, mas o policial não teria aceitado o fim do relacionamento. 

"Hoje (terça-feira), ele veio e conversei com ele. Pedi para ele seguir o caminho dele. Ele fez que ia embora, mas voltou. Subiu pela janela do quarto, que estava aberta, e atirou várias vezes. Foram sete tiros. Ele saiu sem falar nada."

Sobre o comportamento do policial, o parente relatou que ele sempre uma pessoa muito calada e não parecia uma pessoa agressiva. O parente relatou ainda que a vítima nunca havia procurado a polícia para prestar queixa das agressões e ameças. 

O velório e enterro do corpo de Cláudia Gleice deve acontecer na tarde desta quarta-feira (21), no Cemitério do Cabo de Santo Agostinho. 

TRAGÉDIA TAMBÉM NO BATALHÃO

Depois de matar a esposa, o soldado da PM seguiu para o 19º Batalhão, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. Quatro colegas de farda foram baleados. O tenente Wagner Souza morreu na hora. Em seguida, o soldado tirou a própria vida.

Feridos, a major Aline Maria e o cabo Paulo Rebelo foram encaminhados ao Real Hospital Português.

De acordo com a Polícia Militar, a major passou por cirurgia e foi encaminhada para a UTI. Na noite desta terça-feira, familiares confirmaram que ela faleceu. 

O cabo, ferido no ombro, encontra-se internado para avaliações médicas.

Já o sargento Maurino Uchoa, baleado de raspão na cabeça, foi levado para o Hospital da Restauração (HR), na área central do Recife. O ferimento não foi invasivo e foi feita uma sutura. Ele já recebeu alta.

"Todos os fatos ocorridos na sede do batalhão serão apurados através de Inquérito Policial Militar, enquanto a morte da esposa do soldado Guilherme será apurada pela Polícia Civil", informou, em nota, a Polícia Militar de Pernambuco.

Reprodução/TV Jornal
Policial Militar mata mulher grávida, invade batalhão e atira contra colegas de farda no Recife - Reprodução/TV Jornal

FEMINICÍDIOS EM PERNAMBUCO

No último mês de novembro, três casos de feminicídio foram registrados em Pernambuco. Foram duas mortes a menos do que no mesmo mês de 2021. No total de janeiro a novembro de 2022, foram 63 mortes violentas motivadas por questões de gênero contra mulheres. Já no mesmo período do ano passado, a polícia somou 81 registros. A queda foi de 22,2%.

COMO PEDIR AJUDA

Para denunciar violência doméstica ou obter informações sobre a rede de proteção, o número da Ouvidoria Estadual da Mulher é 0800-281-8187. Em situação de emergência policial, a orientação é ligar para o 190.

ESTATÍSTICAS

35.615 denúncias de violência doméstica de 1º de janeiro a 31 de outubro de 2022

Recife lidera, com 7.645 queixas

Jaboatão dos Guararapes aparece em segundo lugar, com 2.254 denúncias

Petrolina aparece em seguida, com 1.874 registros

Número de queixas por faixa etária:

0 a 11 anos - 528 (1,48%)

12 a 17 anos - 1.351 (3,79%)

18 a 29 anos - 11.904 (33,43%)

30 a 64 anos - 20.485 (57,52%)

65 anos ou mais - 1.136 (3,19%)

Não informado - 211 (0,59%)

 

 

Comentários

Últimas notícias