A chacina que deixou cinco pessoas mortas, entre elas uma bebê de 2 anos de idade, no município de São João, no Agreste de Pernambuco, na noite dessa quinta-feira (26), teve como motivação a disputa de território para o tráfico de drogas.
A informação foi confirmada, nesta sexta-feira (27), pela chefe da Polícia Civil, Simone Aguiar. Segundo ela, cinco suspeitos de participação na chacina já estão presos. O alvo dos criminosos era uma das vítimas que morreram durante os tiros.
"O alvo era o Lucas (Lucas Pereira Andrade, 23 anos), conhecido como Lú, que é traficante de drogas. Infelizmente, ele estava naquele local e os inocentes foram atingidos", disse Simone Aguiar.
VEJA VÍDEO DA CHACINA:
Segundo as investigações, sete homens armados se aproximaram das pessoas que estavam em um ponto de vendar de espetinho, na Avenida Coronel João Fernandes, no centro da cidade. O grupo já chegou atirando.
Além das cinco pessoas mortas, outras cinco ficaram feridas. Quatro delas foram levadas para o Hospital Dom Moura, em Garanhuns, e seguem internadas.
O quinto ferido foi transferido para o Hospital da Restauração, no Recife. Ele permanece internado em observação na Unidade de Trauma. O quadro de saúde dele é considerado estável.
Além do Lucas, apontado como o alvo dos criminosos, morreram: Vinícius Ravelly Ferreira Cavalcante, 27 anos; Valderlan Vinícius Bezerra Alves, 27; Durval Roberto Pereira Neto, 21; e Maria Sophia Gonçalves da Silva, 2.
"Esse crime não vai ficar impune. Ele foi motivado pelo tráfico de drogas. A gente não vai entrar em detalhes para que não prejudique a investigação. Já temos cinco presos, três armas foram apreendidas e há vestimentas que vão passar por perícias", afirmou a chefe da Polícia Civil.
Os nomes e idades dos suspeitos presos não foram divulgados pela polícia. O inquérito está sendo conduzido pela 22ª Delegacia de Polícia de Homicídios – Garanhuns.
Imagens de câmeras de segurança já estão sendo analisadas pela polícia.
"Determinei à polícia a investigação rigorosa do crime bárbaro em São João, para que os responsáveis sejam identificados e levados à Justiça. Minha solidariedade às famílias, em especial a da pequena Maria Sophia. Vamos enfrentar pra valer a violência em Pernambuco", declarou, no Twitter.
SÓ 2 PMS FAZIAM SEGURANÇA NA CIDADE NO MOMENTO DA CHACINA
A Coluna Segurança teve acesso à escala de plantão da PM. Nela, constam os nomes de um sargento e de um soldado para o plantão finalizado às 8h desta sexta-feira (27).
O documento é uma prova do que há muito vem sendo denunciado pela população, principalmente quem vive nas cidades do interior: falta policiamento nas ruas para garantir a segurança.
Segundo a Polícia Militar de Pernambuco, faltam 10.950 profissionais na corporação. Deveriam ter 27.672 PMs na ativa, mas só há 16.722. Os dados foram atualizados em julho de 2022.
A coluna solicitou resposta da PM sobre a falta de policiamento na cidade de São João e ainda aguarda retorno.
GUERRA DO TRÁFICO DE DROGAS NO AGRESTE
A chacina no município de São João é uma tragédia anunciada. O crescimento dos assassinatos na região vem sendo observado pela polícia desde o final de 2021. E a guerra entre grupos rivais pelo domínio do tráfico de drogas é a principal motivação para tantos crimes.
São João tem cerca de 23 mil habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só no ano passado, oito assassinatos foram somados pela polícia. Desse total, quatro foram no último mês de dezembro - o que já chama a atenção para a tendência de avanço da criminalidade e necessidade de mais reforço de policiamento.
O município de Garanhuns, vizinho a São João, também apresentou crescimento de homicídios. Foram 65 assassinatos em 2022. Ao longo de todo o ano de 2021, foram 46 mortes. Lá, como a polícia mesmo já confirmou, o problema está na disputa por território para venda de drogas.
Na região do Agreste de Pernambuco, 841 homicídios foram registrados no ano passado. Já em 2021, foram 771. Operações de repressão qualificada foram realizadas pela polícia ao longo de 2022, mas, como se vê, não foram suficientes para diminuir a violência e evitar a chacina ocorrida nessa quinta-feira. Resta saber quais novas medidas o governo do Estado vai adotar para trazer de volta a tranquilidade da população que vive no interior.