SEGURANÇA PÚBLICA

Sem concurso e com déficit de policiais civis, governo de PE estica contratos com aposentados em delegacias

Desde 2016, aposentados são usados para atendimento ao público, na entrada das delegacias, para que os policiais da ativa se dediquem mais às investigações de crimes

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 16/05/2023 às 11:59 | Atualizado em 16/05/2023 às 12:42
ASCOM - PCPE
Delegacias de Pernambuco contam com policiais civis aposentados trabalhando em serviços administrativos desde 2016 - FOTO: ASCOM - PCPE

Sem previsão de concurso público para a Polícia Civil de Pernambuco e com um déficit histórico de profissionais, a gestão da governadora Raquel Lyra decidiu esticar os contratos de policiais aposentados que fazem serviços administrativos, como o atendimento ao público nas delegacias.

Os contratos de cerca de 130 aposentados deveriam ter sido finalizados na semana passada. Com risco de interrupção de serviços nas unidades policiais, o governo estadual manteve as contratações até o final do mês. 

Agora, a gestão corre contra o tempo para aprovar um novo projeto de lei, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), para prorrogar o prazo das contratações até 31 de dezembro de 2023. Caso isso não ocorra, policiais civis da ativa precisarão ser deslocados para os serviços administrativos e investigações em andamento poderão até interrompidas. 

Policiais civis aposentados são contratados desde 2016, graças à Lei Complementar Estadual n° 340/2016, criada pelo governo Paulo Câmara, com o objetivo de aumentar o número de profissionais disponíveis para atendimento nas delegacias. Mesmo assim, o número de unidades policiais abertas nos fins de semana e à noite continua bem abaixo do ideal

Na semana passada, a deputada estadual Gleide Ângelo, integrante da Comissão de Segurança Pública da Alepe, usou as redes sociais para demonstrar preocupação com o possível encerramento dos contratos com policiais aposentados.

"Isso faz com que os policiais que estão em investigação tenham que ficar nas permanências", destacou.

Gleide cobrou ainda que a Polícia Civil realize um concurso público, com urgência, para o recompletamento do efetivo. "Já fiz um pedido de informação (ao governo de Pernambuco) sobre o concurso e aguardo resposta", declarou. 

Em nota, a assessoria da Polícia Civil de Pernambuco afirmou que a prorrogação dos contratos até o final de 2023 é necessária para "assegurar a continuidade do serviço à população nas delegacias". 

A corporação disse ainda que, nos próximos meses, será criado um novo projeto de lei "que irá substituir a norma que atualmente rege a atividade dos policiais civis inativos, de modo a proporcionar uma maior adesão, bem como uma melhoria significativa na efetividade dos serviços".

O número total de policiais aposentados que estão com contrato vigente no Estado não foi informado. 

ATRASO NO ANÚNCIO DE CONCURSOS PÚBLICOS

Previsto para o mês de abril, o anúncio de concursos públicos para a área da segurança pública de Pernambuco não tem mais prazo para acontecer. E, conforme informado pela secretária de Defesa Social, Carla Patrícia Cunha, a prioridade será para o preenchimento de vagas na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros. 

No segundo semestre do ano passado, o então governador Paulo Câmara anunciou, durante as eleições, a autorização para os concursos públicos para todas as áreas da segurança - incluindo 2,4 mil vagas para a Polícia Militar e 1,2 mil para agentes da Polícia Civil. Mas a gestão chegou ao fim sem avançar no processo. 

A necessidade de concursos é urgente e reconhecida pela própria Secretaria de Defesa Social, que declarou, no início do ano, que a PM tem o maior déficit da história. Problema semelhante vive a Polícia Civil, que acumula milhares de inquéritos porque falta efetivo para concluí-los. 

 

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