DENÚNCIA

Aparelho de tomografia, que custou R$ 1,5 milhão, está parado em depósito da SDS, no Recife

Equipamento deveria estar sendo usado em exames de corpos de vítimas de violência, mas não há estrutura física no Instituto de Medicina Legal (IML) e nem rede elétrica para suportá-lo

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 30/05/2023 às 9:37 | Atualizado em 30/05/2023 às 17:24
CORTESIA
Tomógrafo está guardado em um depósito de almoxarifado, no bairro de Santo Amaro, desde o ano passado - FOTO: CORTESIA

Um aparelho de tomografia, que custou cerca de R$ 1,5 milhão, está parado em um galpão da Secretaria de Defesa Social (SDS), no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife, desde o ano passado.

O equipamento, que deveria estar sendo usado por profissionais do Instituto de Medicina Legal (IML), tem a função de realizar exames de raio-x computadorizado, com imagens de melhor qualidade, para identificar os projéteis de bala nos corpos de pessoas vítimas de violência.  

No entanto, o aparelho adquirido no Amazonas pela gestão do então governador Paulo Câmara ainda não saiu nem da embalagem, como mostram imagens recebidas pela coluna Segurança

"Ele se encontra em um galpão porque o IML não tem estrutura física para suportar, muito menos rede elétrica adequada. Era para primeiro ter sido feito um investimento na estrutura com condições dignas de trabalho para depois o aparelho ser comprado", pontuou um profissional da Polícia Científica de Pernambuco, que preferiu não se identificar. 

CORTESIA

Tomógrafo está guardado em depósito da SDS desde o ano passado - CORTESIA

"Toda a fiação precisa ser trocada porque há risco de ligar o aparelho e ter queda de energia no bairro e ainda queimar o equipamento", completou. 

O profissional ainda diz que faltam técnicos em radiologia suficientes para manusear o aparelho de tomografia computadorizada. "Ele requer uma especialização diferente do raio-x."

O QUE DIZ A SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL?

Procurada pela coluna, a assessoria de comunicação da SDS confirmou a denúncia. Mas disse que as obras da sala necessária ao tomógrafo estão em fase final.

"O tomógrafo foi adquirido na gestão passada, mas para sua operacionalização requer uma sala específica que não foi entregue. Ao identificar o problema, a atual gestão, providenciou as obras necessárias para o funcionamento do equipamento que está em fase final, com previsão de entrega até o final de junho", afirmou a nota. 

Em relação à falta de profissionais especializados, a assessoria da SDS alegou que o "IML Recife conta em seu quadro profissional, com médicos especialistas na área de radiologia, todos devidamente capacitados e treinados para o uso do novo equipamento". 

No final da tarde desta terça-feira, a gestão anterior da SDS procurou a coluna e declarou, por meio de nota, que as obras de reforma do IML no Recife começaram ainda no ano passado.

"A referida reforma para o prédio do Instituto foi licitada em abril de 2022 e a ordem de serviço assinada em agosto do ano passado. Portanto, não procede a informação (divulgada pela atual gestão da SDS) de que a reforma estrutural realizada para, entre outras medidas, receber a sala de tomografia, foi feita em 2023", disse o texto. 

NOVO INSTITUTO DE GENÉTICA FORENSE AINDA VAZIO

RAPHAEL GUERRA/JC

Prédio, que é anexo à sede da Secretaria de Defesa Social, promete dar melhores condições de trabalho para os profissionais da Polícia Científica de Pernambuco - RAPHAEL GUERRA/JC

O novo prédio do Instituto de Genética Forense Eduardo Campos, anexo à sede da SDS, em Santo Amaro, também foi entregue no final de dezembro de 2022, mas ainda não está ocupado por equipamentos e profissionais da Polícia Científica. 

Os equipamentos que serão utilizados no novo prédio são os mesmos que estão no laboratório de DNA que fica no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes. Ainda falta transportá-los. 

Com 966 m² de extensão, a construção teve início em dezembro de 2012, ainda no governo Eduardo Campos, e deveria ter sido sido entregue em 2013.

Em abril de 2014, a empresa responsável, Milão e Empreendimentos LTDA, desmobilizou as atividades. O impasse entre o Estado e a empresa foi parar na Justiça.

Nesse período, foi executado 52% do serviço previsto. A empresa recebeu metade do valor licitado para a construção pronta, que foi de R$ 1,9 milhão.

Houve uma promessa de que as obras recomeçariam, com outra construtora, em 2018, mas isso não ocorreu. Somente no começo de 2022, a construção foi retomada. O custo do remanescente da obra, conforme licitação, foi de R$ 1.830.660.

 

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