Mesmo sem o anúncio oficial do governo federal, o prefeito do Recife, João Campos, declarou que unidades do Centro Comunitário da Paz (Compaz) serão construídas pelo País. O pronunciamento foi feito, na manhã desta quarta-feira (7), durante o evento de relançamento do programa Farmácia Popular, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo João Campos, o projeto de nacionalização do Compaz - equipamento criado no Recife - já foi apresentado ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e ao secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar (aliado político do prefeito), com o objetivo de firmar uma parceria entre o Ministério e a Guarda Municipal do município.

“O Compaz é um exemplo de política pública que mostra que é possível transformar vidas e construir sonhos através das boas escolhas de um gestor ou gestora que está à frente das decisões. Esse equipamento foi premiado pela ONU como o espaço que apresenta a maior capacidade de redução das desigualdades sociais. E hoje temos a grande alegria de estar conversando com o ministro Flávio Dino, que pretende junto com o presidente Lula, construir equipamentos desta magnitude no Brasil inteiro”, declarou Campos.

O QUE É O COMPAZ?

Com inspiração nos equipamentos voltados à cultura de paz em Bogotá, na Colômbia, o Compaz conta com quadras poliesportivas, atividades culturais, cursos de profissionalização, bibliotecas e prestação de serviços básicos - como mediação de conflitos e atendimento psicológico. 

As unidades do Compaz começaram a ser construídas na gestão do então prefeito Geraldo Julio. Foram prometidos cinco equipamentos, na campanha de 2012. Passados oito anos, no entanto, quatro foram inaugurados. O número continua o mesmo. 

Todos estão localizados em áreas periféricas e que com altos índices de violência. O Compaz Governador Eduardo Campos, no Alto Santa Terezinha foi o primeiro entregue, em março de 2016. O Compaz Escritor Ariano Suassuna, no bairro do Cordeiro, foi inaugurado em de março de 2017. Em dezembro de 2019 foi a vez do Compaz Governador Miguel Arraes, na Caxangá. Em dezembro de 2020, o Compaz Dom Hélder Câmara, na comunidade do Coque, em Joana Bezerra, foi entregue.

Segundo a gestão municipal, as quatro unidades juntas atendem uma média de 200 mil pessoas por ano.

Duas novas unidades do Compaz estão sendo construídas. Uma no bairro do Ibura, com previsão de inauguração em dezembro, e outra no Parque Aeroclube (Pina), que deve ser entregue em fevereiro de 2024. 

A prefeitura promete, ainda, iniciar as obras para construção de um Compaz no bairro da Várzea e outro na Avenida Liberdade, no Totó. Este último será em uma área de 30 mil metros e com investimento estimado em R$ 60 milhões.  

COMPAZ COM RECONHECIMENTO DA ONU

Em 2022, a rede Compaz ganhou o Prêmio de Serviço Público das Nações Unidas (ONU) que melhor contempla os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e excelência no serviço público. Os equipamentos municipais foram avaliados por critérios da ONU como iniciativa de relevância e qualidade, servindo de referência internacional no atendimento à população.

O reconhecimento ocorreu pela redução das taxas de criminalidade nas áreas próximas aos centros, que correspondem a 30,3% da população do Recife. Em 2019, o equipamento também recebeu o Prêmio Cidades Sustentáveis e o Oxfam Brasil, sendo reconhecido como o melhor projeto de redução de desigualdade social do País.

PROMESSAS SEMELHANTES PARA COMPAZ NÃO SAÍRAM DO PAPEL

Não é a primeira vez que se especula a ampliação do Compaz. Na inauguração da primeira unidade, em 2016, o então governador Paulo Câmara chegou a anunciar que, de tão importante, outras seriam construídas pelo Estado. Mas o discurso, que já havia sido feito na própria campanha, não saiu do papel.

Em 2022, o Ministério Público, preocupado com a situação de vulnerabilidade dos moradores de Peixinhos, bairro limítrofe entre Recife e Olinda, sugeriu um termo de cooperação entre as duas prefeituras para a construção de um Compaz Metropolitano. As negociações até avançaram, mas o acordo acabou não sendo celebrado.