SISTEMA PRISIONAL

Sem resposta de Raquel Lyra, policiais penais que concluíram curso cobram nomeação em Pernambuco

Ao todo, 1.354 profissionais concluíram o curso de formação, mas não sabem quando serão convocados para a segurança nos presídios de Pernambuco

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 27/06/2023 às 15:04 | Atualizado em 27/06/2023 às 15:45
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Policiais penais seguem fazendo ações nas ruas e nas redes sociais para chamar a atenção do governo do estado - FOTO: DIVULGAÇÃO

Os policiais penais que concluíram o curso de formação e aguardam apenas a nomeação para começarem a atuar no sistema prisional de Pernambuco permanecem sem respostas, apesar das cobranças diárias nas redes sociais e em ofícios enviados ao governo estadual. 

Durante o Roda Viva, da TV Cultura, na noite dessa segunda-feira (26), o grupo composto por 1.354 policiais penais inundou de mensagens o chat do Youtube, onde o programa também é transmitido. A apresentadora Vera Magalhães perguntou à governadora Raquel Lyra sobre o prazo para a nomeação dos policiais que encerraram o curso, mas ela não deu uma data.

"Ainda durante a transição (do governo) eu já fui procurada porque havia em Pernambuco uma condenação da Corte Interamericana de Direitos Humanos por violação aos direitos humanos. O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) fez um relatório dizendo que Pernambuco é o pior sistema penitenciário do Brasil. Uma política de segurança que, muitas vezes, privilegiou o encarceramento, mas não conseguiu fazer a contrapartida de prevenção e nem de ressocialização", afirmou Raquel.

"A gente tem a necessidade de um investimento forte. Aos policiais penais, um pouquinho mais de paciência, está chegando a vez de vocês", disse a governadora.

VEJA O VÍDEO:

Uma primeira turma, com 350 profissionais, se formou desde março e ainda não foi convocada para trabalhar. Nos meses seguintes, outros grupos concluíram o curso. Apesar disso, nenhum dos 1.354 novos policiais penais sabem quando vão começar a trabalhar.

DÉFICIT DE POLICIAIS PENAIS EM PERNAMBUCO

O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária recomenda que haja um policial penal para cada cinco detentos. Mas a realidade em Pernambuco não chega nem perto disso.

De acordo com o Sindicato dos Policiais Penais do Estado, há 31.230 pessoas privadas de liberdade. Desta forma, o governo deveria contar com 6.024 profissionais para garantir a segurança do sistema prisional.

Atualmente o Estado só tem 1.459 policiais penais, sendo que apenas 999 exercem a atividade fim de custódia. 

Desta forma, mesmo com a nomeação dos 1.354 novos profissionais, o Estado não chegará nem à metade do número ideal. 

SISTEMA PRISIONAL DE PERNAMBUCO SEGUE CHEIO DE PROBLEMAS

G DETTMAR

Situação de degradação dos presos no Complexo Prisional do Curado, no Recife, chocou membros do Conselho Nacional de Justiça em visita realizada em agosto do ano passado - G DETTMAR

De fato, como pontuou a governadora Raquel Lyra, o sistema prisional de Pernambuco não recebeu atenção na última década. Presídios continuam superlotados, com espaços que parecem verdadeiras favelas, com detentos ditando regras e se comunicando com facilidade com quem está fora das grades para seguir praticando crimes.

E justamente por isso que a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado brasileiro. 

O Complexo Prisional do Curado, no Recife, que é formado por três presídios, segue sem estrutura física adequada e com presos comandando pavilhões. Mortes, inclusive com armas de fogo, foram registradas nos últimos anos - sem que o Estado apresentasse explicações sobre como os presos têm acesso aos revólveres.

Em agosto de 2022, uma comitiva do CNJ visitou o Complexo Prisional do Curado e ficou estarrecida com a situação. No Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, que faz parte do Curado, foram encontrados problemas estruturais e falta de higiene por toda a parte. Sem quartos, detentos improvisaram buracos para dormir. Para ter acesso, eles têm que rastejar.

Os presos também são forçados a dormir no chão por falta de celas, abrigados da chuva por pedaços de lona. Além disso, o CNJ citou que o Complexo tem estrutura de "favelização" e conta com "mercado paralelo" comandado por presos, com venda de bebidas e comidas - o que é proibido.

O CNJ determinou que, em até oito meses, o Tribunal de Justiça de Pernambuco retirasse 70% dos detentos do Complexo. O prazo chegou ao fim, mas só 49,7% da meta foi atingida

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