INVESTIGAÇÃO

Juiz foi morto com tiro na cabeça a 300 metros de casa, afirma polícia

Delegados revelaram novos detalhes sobre as investigações do assassinato do juiz no bairro de Candeias, em em Jaboatão dos Guararapes,

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Raphael Guerra

Publicado em 20/10/2023 às 12:52 | Atualizado em 20/10/2023 às 14:39
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juiz Paulo Torres Pereira da Silva, titular da 21ª Vara Cível da Capital, foi morto com um tiro na cabeça a apenas 300 metros de casa dele, no bairro de Candeias, Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. A informação foi revelada pela Polícia Civil de Pernambuco, durante coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (20).

Os delegados envolvidos no inquéritos afirmaram que nenhuma hipótese em relação ao crime, ocorrido na noite de quinta-feira, está descartada. E que, até o momento, nenhum suspeito foi detido. 

De acordo com delegada Euricélia Nogueira, familiares do magistrado contaram que ele costumava caminhar à noite na Praia do Paiva. E que, possivelmente, ele estaria voltando para casa no momento em que teve o carro interceptado por criminosos, na Rua Maria Digna Gameiro. 

"Verificamos no local do crime que ele foi atingido com um tiro na cabeça. Mas não significa que não teve outros disparos. O exame do IML (Instituto de Medicina Legal) vai dizer. Também não verificamos disparos no carro dele", afirmou.

Após ser atingido pelo tiro, o magistrado bateu com o carro no muro. Testemunhas contaram que ao menos três criminosos teriam descido do veículo e se aproximado do automóvel do juiz. Eles estariam usando máscaras cirúrgicas. 

A delegada reforçou que bens do juiz não teriam sido levados. Os documentos da vítima não estavam no carro, mas parentes contaram à polícia que ele não usava quando saia para caminhar. E que no celular dele havia a carteira de habilitação digital. 

SEVERINO SOARES/JC IMAGEM
Carro do juiz morto em Jaboatão dos Guararapes passa por perícia na manhã desta sexta-feira (20) - SEVERINO SOARES/JC IMAGEM

Outro detalhe é que os vidros do carro do juiz estavam abertos. Mas parentes relataram que era comum. 

Imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas pela polícia para descobrir se a vítima estava sendo perseguida e qual roteiro, de fato, foi feito até o local onde o crime aconteceu. 

"Vamos fazer a intimação de testemunhas, de familiares, analisar os laudos e imagens para esclarecer o crime. O que podemos dizer é que nenhuma hipótese está descartada", declarou o delegado Roberto Ferreira, responsável pelo inquérito. 

Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o juiz não recebia ameaças e não contava com escolta. 

CNJ VAI ACOMPANHAR INVESTIGAÇÃO DA POLÍCIA

Por meio de nota oficial, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, prestou solidariedade à família e aos amigos da vítima.

"Conversei com o presidente do Tribunal de Justiça do estado, que está em contato com as autoridades locais para apuração célere do episódio e a devida punição dos envolvidos. O CNJ acompanhará os desdobramentos para garantir que a Justiça seja feita. Em nome do Poder Judiciário, presto solidariedade à família e aos amigos", disse, em nota.

"EPISÓDIO INACEITÁVEL", DECLAROU RAQUEL LYRA

"Expresso meu mais profundo pesar pela morte do juiz Paulo Torres Pereira da Silva e me solidarizo com sua família e amigos. A Polícia Civil já trabalha no caso e não medirá esforços para esclarecer, o quanto antes, esse episódio inaceitável de violência em nosso Estado", declarou a governadora Raquel Lyra, por meio da rede social X (antigo Twitter).

 

QUEM ERA O JUIZ MORTO?

Paulo Torres Pereira da Silva estava na magistratura há mais de três décadas. 

"Conhecido como Paulão, o magistrado era muito querido por todos que fazem o Judiciário pernambucano. Tinha 69 anos e era juiz há quase 34 anos. Em várias oportunidades, atuou como desembargador substituto", disse o TJPE. 

O velório do magistrado está previsto para as 14h desta sexta-feira, no cemitério Memorial Guararapes, em Jaboatão. O corpo será cremado.

Paulo Torres tomou posse na magistratura pernambucana no dia 25 de abril de 1989. Através do Ato 130/1989, publicado no dia 19 de abril do referido ano, no Diário Oficial da Justiça, ele foi nomeado magistrado, em virtude de aprovação em concurso público de provas e títulos para exercer o cargo de juiz de direito, na Comarca de Verdejante, iniciando o exercício de sua função no dia 26 de abril de 1989.

Em 1991, Paulo Torres assumiu a 2ª Vara da Comarca de Salgueiro. A partir do referido ano, ele também atuou como juiz das Comarcas de Serrita, São José do Belmonte, Parnamirim, Belém de São Francisco e Escada. Em 1993, o magistrado atuou na Comarca de Jaboatão dos Guararapes. Em seguida, atuou na Comarca do Cabo de Santo Agostinho.

A chegada à Comarca da Capital aconteceu em 1994. No Recife, foi juiz na 8ª Vara Cível, na 1ª Vara da Fazenda Municipal e no I Juizado Especial de Pequenas Causas do bairro do Rosarinho. Atuou também nas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 10ª, 13ª, 16ª, 17ª e 18ª Varas Cíveis da Capital.

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